O recente agravamento dos preços de alimentos e mercadorias no mercado internacional poderá comprometer a segurança alimentar em Moçambique, para cuja garantia o país precisa importar, anualmente, 470 mil toneladas de trigo, 320 mil toneladas de arroz e 100 mil toneladas de milho. Estas quantidades representam entre 75 e 100 por cento da procura interna daqueles produtos, mais consumidos nas zonas urbanas, onde o impacto da crise se faz sentir com maior acuidade.
5 agosto 2009/Notícias
Segundo projecções do Programa Nacional de Prioridades da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), a médio prazo, a expectativa é que os aumentos de preços dos produtos mais consumidos nas áreas rurais venham a quedar-se em níveis relativamente menores, mas suficientemente atractivos para estimular a produção e incrementar a oferta durante as próximas campanhas.
Apesar de ser nas zonas rurais onde se concentra a produção agrícola, assume-se que as famílias locais também são compradoras de bens alimentares em períodos específicos do ano, razão por que a FAO alerta para o facto de que o rápido aumento dos preços dos alimentos vai afectar, negativamente, tanto os agregados urbanos pobres como os rurais.
Segundo a FAO, nas áreas rurais o impacto do aumento global de preços poderá funcionar como um incentivo económico para que os agricultores aumentem a produção e melhorem o abastecimento do mercado, desde que o acesso à informação, insumos e mercados não distorçam a distribuição dos benefícios económicos.
Em Moçambique a agricultura continua a ser a principal actividade geradora de rendimentos, com cerca de 3,2 milhões de camponeses do sector familiar a produzir 95 por cento da produção agrícola nacional, maior parte da qual se destina ao autoconsumo.
A FAO prevê ajudar Moçambique nos próximos cinco a dez anos, a reduzir a insegurança alimentar e a pobreza rural, assegurar a existência de um quadro regulador que propicie condições para a produção e conservação de alimentos, mercados e comércio, agricultura, pescas e florestas, áreas cobertas no plano nacional de prioridades aprovado para o período 2008 – 2012.
O esforço, segundo o documento da FAO, será igualmente direccionado para a melhoria da disponibilidade de insumos agrícolas e alimentos, conservação e reforço da base de recursos naturais e aplicação e geração de conhecimentos sobre alimentação, agricultura, pescas e florestas.
No quadro da sua estratégia de apoio a Moçambique, a FAO prioriza a prestação de apoio imparcial e técnico ao Governo, com vista a dar respostas atempadas às agendas de desenvolvimento nacional. Entre os vários serviços prestados pela FAO constam a capacitação, aplicação e disseminação de conhecimentos através de actividades-piloto, redes de desenvolvimento e capacitação nacional, assistência a políticas diversas e apoio a campanhas de informação e advocacia, assistência em situação de emergência e reabilitação e o estabelecimento de parcerias com instituições doadoras nacionais e internacionais.
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