segunda-feira, 3 de agosto de 2009

China apoia projecto de 1,2 mil milhões de dólares para renascimento da agricultura de Angola até 2012

Luanda, Angola, 3 agosto 2009 – Angola vai investir 1,2 mil milhões de dólares ao longo dos próximos quatro anos no “renascimento” da agricultura e promoção da segurança alimentar, graças ao financiamento de uma linha de crédito do Banco de Desenvolvimento da China.

Segundo nota oficial do governo publicada em Julho em Luanda, o plano visa tirar partido dos recursos naturais de Angola, que antes da independência estava entre os líderes mundiais na produção de bens como café, sisal, cana-de-açúcar ou algodão, permitindo ao mesmo tempo estimular a criação de emprego em zonas rurais e carenciadas.

“O projecto pretende também garantir o abastecimento alimentar, fornecer o mercado interno e tirar partido de oportunidades locais, regionais e internacionais”, refere o documento divulgado em Luanda.

O investimento será financiado por uma linha de crédito do Banco de Desenvolvimento da China, investimento privado e outros empréstimos, adianta a nota, que não especifica os montantes de cada um destes componentes.

O Banco de Desenvolvimento chinês, através do seu presidente Chen Yuan, havia já garantido em Março estar disponível para abrir uma linha de crédito de mais de mil milhões de dólares para o país Angola, vocacionada para a agricultura, e mesmo para prolongá-la no futuro.

“Estamos prontos para conceder a linha de crédito avaliada em mais de mil milhões de dólares, mas pensamos que o montante é insuficiente e que poderá ser aumentado para atender às necessidades concretas de Angola nos domínios da agricultura, produção de cereais e processamento de produtos agrícolas”, sublinhou o banqueiro chinês após uma audiência com o Presidente da República.

Yuan adiantou que os primeiros financiamentos de projectos concretos angolanos aconteceriam provavelmente já em 2009.

Dado o provável envolvimento de empresas industriais e comerciais no de “renascimento” agrícola do país, este projecto vem também responder ao objectivo estratégico chinês de produção e exportação de bens alimentares a partir de países africanos, sublinhado num recente estudo do investigador Loro Horta.

Angola, refere o investigador em “África: A Nova Taça de Arroz da China”, oferece “grandes oportunidades à China”, tendo uma área superior a 1,24 milhões de quilómetros quadrados para uma população de apenas 16 milhões de pessoas.

Estas oportunidades, adianta, incluem a produção de carne, mas também bens alimentares de luxo em voga na China, como café, especiarias e frutos tropicais.

A nova linha de crédito, que vem somar-se às do Eximbank avaliadas em torno de 5.000 milhões de dólares, torna realidade o objectivo de diversificação da economia angolana, para além do petróleo, e de reanimação da actividade empresarial, numa altura em que o país ainda sente os efeitos do forte abrandamento do preço do barril nos mercados internacionais.

De acordo com dados do Banco Mundial, o contributo da agricultura para o PIB angolano cresceu de 7,3 para 8,2 por cento, entre 2006 e 2008.

Para este ano, estima-se uma produção total de culturas alimentares de 18,8 milhões de toneladas, acrescidas de 67 mil toneladas de produção pecuária, valores considerados insuficientes para cobrir as necessidades alimentares do país.
A estimativa de produção de cereais para 2009 é de 1,8 milhões de toneladas, cerca de 700 mil toneladas abaixo do consumo no país.

O Governo aposta no aumento em quatro milhões de hectares de área de cultivo e na produção de mais de 15 milhões de toneladas de cereais, o que abre as portas à exportação.

“Este é um desafio do Governo e de todas as forças vivas de Angola. O objectivo passa ainda por apoiar mais de um milhão de famílias do meio rural e levar a um crescimento superior às 500 cooperativas e associações em todo o país”, afirmou recentemente o primeiro-ministro angolano, Paulo Kassoma.

Kassoma apontou como meta o envolvimento de mais de dois milhões de pessoas neste esforço nacional de desenvolver o sector agrícola e agro-pecuário, deixando de ter como base a subsistência para um modelo generalizado de obtenção de lucro. (macauub)

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