sábado, 14 de março de 2009

Paraguay/Lugo defende “rosto humano” ao Mercosul

Organizado conjuntamente pelo Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI), o primeiro dos seis Diálogos Sociais do Mercosul reúne diferentes denominações religiosas do continente.

12 março 2009/Brasil de Fato http://www.brasildefato.com.br

Daniel Cassol, correspondente em Assunção (Paraguai)

Presidente temporário do Mercosul, o dirigente paraguaio Fernando Lugo deu início nesta quarta-feira (11), em Assunção, a uma série de encontros com organizações sociais dos países integrantes do bloco econômico com o objetivo de “dar um rosto humano” ao Mercosul, conforme o lema de sua gestão.
“Ainda em minha vida de cidadão, não comprometido com a questão presidencial, me perguntava se o Mercosul, que tem uma fachada de um edifício economicista e aduaneiro, poderia consolidar-se como uma associação de culturas de diferentes povos”, afirmou o presidente paraguaio na abertura do encontro, que termina nesta quinta.
Organizado conjuntamente pelo Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI), o primeiro dos seis Diálogos Sociais do Mercosul reúne diferentes denominações religiosas do continente. A abertura do evento contou com a participação do frade dominicano Frei Betto e do teólogo Leonardo Boff. Os quatro eixos do encontro discutem a relação com o Estado, a cidadania religiosa, a defesa do meio-ambiente e a redução da pobreza na América Latina.
“Vivemos num continente onde a religiosidade exerce um papel cultural hegemônico em toda a população e há uma diversidade religiosa muito grande. É preciso valorizar este perfil e criar condições de diálogo para que as denominações religiosas possam cooperar com a sociedade política, com os projetos de políticas públicas e com a melhoria das condições de vida do povo”, disse Frei Betto.
De acordo com o reverendo Juan Gatinoni, diretor da CLAI, é a primeira vez que a entidade protagoniza um diálogo no âmbito oficial do Mercosul. Ele acredita que a presença de governos progressistas no continente permite maior participação da sociedade civil nos rumos do bloco. “Estes governos progressistas podem receber a maior quantidade de opiniões para implementar medidas políticas que possam ajudar a reduzir as diferenças entre ricos e pobres e proteger o meio-ambiente”, afirmou.
Outros três encontros entre as denominações religiosas acontecem no Uruguai, em abril, e no Brasil e na Argentina, em maio. Até o mês de julho, quando Fernando Lugo entregará a presidência temporária do Mercosul para seu colega uruguaio Tabaré Vasquez, o CLAI pretende formalizar propostas a serem remetidas aos presidentes do bloco.
Além das expressões religiosas, os demais diálogos sociais promovidos por Lugo reunirão jovens, trabalhadores, parlamentares e sociedade do Mercosul. O tema da energia, caro ao presidente paraguaio devido às negociações com Brasil e Argentina, também terá um encontro especial. De acordo com Lugo, mais de 80 organizações sociais estão participando na organização dos diferentes diálogos.
“O Mercosul não deve ser simplesmente uma publicação quadriculada, com taxas e tarifas, se não deve ser o horizonte de melhores dias para seus únicos destinatários, os homens e mulheres que habitam nossos países”, finalizou o presidente.

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