Presidente de Guiné-Bissau é morto por soldados
2 março 2009/BBC Brasil
Fonte: Pátria Latina http://www.patrialatina.com.br
O presidente de Guiné-Bissau, João Bernardo Vieira (foto), foi morto por soldados nesta segunda-feira, horas depois de o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas do país, o general Tagme Na Waie, ter sido assassinado em um ataque a bomba, no domingo.
Segundo um porta-voz do Exército, Vieira, de 69 anos, teria sido morto a tiros quando tentava fugir de sua casa, que estava sendo atacada. Há relatos de que a residência tenha sido saqueada pelos soldados.
O Exército responsabiliza o presidente pela morte de Tagme Na Waie.
"Ele era um dos principais responsáveis pela morte de Tagmeh", afirmou o chefe militar de Relações Exteriores, Zamura Induta. "Agora, o país vai avançar. Este homem bloqueava tudo neste pequeno país", completou o oficial.
João Bernardo Vieira, conhecido como "Nino", controlou Guiné-Bissau por quase 23 anos. Ele havia sido reeleito para a Presidência do país do Oeste africano em 2005, após passar nove anos fora do poder. Ele havia sido deposto durante uma guerra civil que durou 11 meses.
Em 23 de novembro, um grupo militar já havia atacado a residência de Vieira, em uma ação que matou dois seguranças.
Guiné-Bissau tem um histórico de golpes e motins desde que se tornou independente de Portugal, em 1974.
Nos últimos anos, o país se tornou uma rota do tráfico de drogas da América Latina para a Europa, o que, na opinião dos analistas, contribui ainda mais para abalar as já fragilizadas instituições estatais.
O governo de Portugal divulgou um comunicado dizendo que iria convocar uma reunião de emergência da Comunidade Portuguesa de Língua Portuguesa (CPLP) para debater os acontecimentos em Guiné-Bissau.
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ONU anuncia reunião para debater situação na Guiné-Bissau
Lisboa, 2 março 2009 (Lusa) - A ONU está acompanhando “com preocupação” a situação na Guiné-Bissau, na sequência do assassinato do presidente “Nino” Vieira, segundo o porta-voz da organização em Bissau, que anunciou para terça-feira uma reunião da comunidade internacional para debater o assunto.
Vladimiro Monteiro disse que a reunião com o ministério das Relações Exteriores "é a única decisão que foi tomada" numa reunião de representantes da comunidade internacional, que aconteceu nesta manhã.
Segundo a mesma fonte, o encontro com o Executivo guineense servirá para “abordar e esclarecer a situação" que levou ao assassinato, nas últimas horas, do presidente da República, “Nino” Vieira, e, no domingo, do Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, Tagmé Na Waié.
No encontro das últimas horas participaram representantes diplomáticos de Angola, Portugal, França, Nigéria, Espanha, Cuba, Guiné-Conacri, Nigéria, Gâmbia, Brasil, Comissão Europeia, Nações Unidas, Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
"Estamos a acompanhar (a situação) com atenção e preocupação. Apelamos a que as instituições republicanas sejam respeitadas", afirmou o responsável das Nações Unidas.
Questionado sobre a possibilidade de o assassinato de Vieira ter sido uma represália após a morte de Tagmé Na Waié, na noite de domingo, o porta-voz da ONU recusou-se a comentar.
"Não podemos comentar nada disso (...) ainda não tivemos os contatos com as autoridades", disse Monteiro.
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Angola/Luanda condena veementemente assassinato de Nino Vieira
Luanda, 2 março 2009 (Lusa) - O Governo de Angola condena “veementemente” a violência que levou à morte o presidente da Guiné-Bissau, “Nino” Vieira, disse nesta segunda-feira à Agência Lusa o chefe de gabinete do ministro angolano das Relações Exteriores.
Abreu de Barganha já hoje tinha condenado com a mesma expressão a morte do Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas guineenses, general Tagmé Na Waié.
Sobre o assassinato de João Bernardo “Nino” Vieira, o chefe de Gabinete do ministro Assunção dos Anjos, adiantou que o Governo acolheu a notícia da morte do presidente guineense com “muita tristeza”.
“Lamentamos e condenamos veementemente” a forma como ocorreu a morte de “Nino” Vieira, disse.
Abreu de Barganha remeteu uma posição mais detalhada do executivo de Luanda para um comunicado oficial que será divulgado nas próximas horas.
O presidente da Guiné-Bissau, "Nino" Vieira, morreu esta madrugada na sequência de um ataque contra a sua residência.
A casa do chefe de Estado guineense foi atacada na madrugada de hoje por militares das Forças Armadas, poucas horas após o Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, general Tagmé Na Waié, ter morrido num atentado à bomba.
Sobre as informações não oficiais que apontam a Embaixada de Angola em Bissau como local de refúgio da mulher de "Nino" Vieira, o porta-voz do ministério não comentou.
O Governo angolano tem estado na linha da frente das iniciativas diplomáticas para normalizar a agitação político-militar na Guiné-Bissau, incluindo apoio financeiro para a estabilização do país.
Na recente visita que o primeiro-ministro guineense, Carlos Gomes Júnior, realizou a Angola, Luanda disponibilizou uma linha de crédito estimada, embora com detalhes ainda por definir, em cerca de US$ 30 milhões.
Na ocasião, Gomes Júnior considerou este apoio financeiro de Luanda como “essencial para a estabilização política e social” da Guiné-Bissau.
No campo diplomático, Luanda tem igualmente mantido um esforço continuado para a estabilização da Guiné-Bissau, sendo disso exemplo as visitas que Tagmé Na Waié e o presidente João Bernardo "Nino" Vieira fizeram a Angola em 2008.
Nas legislativas de novembro, na Guiné-Bissau, a equipe de observadores eleitorais da CPLP foi chefiada por Norberto dos Santos "Kwata Kanawa", deputado do MPLA, partido no poder em Luanda.
Além da diplomacia, Luanda mantém fortes interesses econômicos na Guiné-Bissau, sobretudo nas áreas da exploração de minerais e no petróleo.
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