quarta-feira, 18 de março de 2009

FMLN INICIA NOVA ERA PARA O POVO SALVADORENHO

Brasil/LULA SERÁ PRIMEIRO LÍDER VISITADO POR PRESIDENTE ELEITO DE EL SALVADOR

18 março 2009/O outro lado da Notícia
http://outroladodanoticia.wordpress.com

O presidente eleito de El Salvador, Mauricio Funes, viajará quinta-feira para o Brasil, onde se reunirá com Luiz Inácio Lula da Silva em sua primeira viagem ao exterior desde sua vitória nas eleições de domingo.

Funes viajará acompanhado da mulher, a brasileira Vanda Pignato, líder e representante do PT para a América Central, disse o porta-voz do presidente eleito, David Rivas.

O assessor disse que o encontro de Furnes com Lula pode acontecer na segunda-feira.

Mas nada é certo, já que ainda “estão sendo feitos ajustes” na agenda do presidente salvadorenho recém-eleito.

“Lula foi o primeiro que, no domingo, entrou em contato com Funes para parabenizá-lo por sua vitória”, disse Rivas, segundo quem o presidente brasileiro confirmou sua intenção de aumentar a cooperação do Brasil com El Salvador.

Funes, da ex-guerrilheira Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional (FMLN), visitará primeiro a cidade de São Paulo, onde se reunirá com familiares de sua mulher.

Depois, seguirá para Brasília, disse seu porta-voz.

Além do encontro com Lula, Funes deverá se reunir com dirigentes do PT e ministros do governo. (Com agências)

http://outroladodanoticia.wordpress.com/2009/03/18/lula-sera-primeiro-lider-visitado-por-presidente-eleito-de-el-salvador/

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El Salvador/FUNES QUER ESTREITAR LAÇOS COM EUA E BRASIL

O presidente eleito de El Salvador, Mauricio Funes, declarou que aspira estreitar relações com os Estados Unidos, para garantir a estabilidade dos cidadãos
salvadorenhos que vivem no país norte-americano. Funes reecebeu os cumprimentos do governo dos EUA pela vitória. E disse que pretende se inspirar no presidente do
Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT
)

17 março 2009/Vermelho http://vermelho.org.br

"Eu aspiraria estreitar as relações com o presidente (Barack) Obama, para garantir a estabilidade migratória dos quase 2,5 milhões de salvadorenhos que vivem e trabalham nos Estados Unidos", manifestou Funes.
Com o triunfo da FMLN, que obteve 51,27% dos votos, o país encerrou 20 anos de governo da direitista Aliança Republicana Nacionalista (Arena), forte aliado dos Estados Unidos que, inclusive, chegou a enviar tropas para apoiar a ocupação do Iraque.

Entrevistado pela agência Reuters, o candidato ganhador da Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional (FMLN) assinalou que quer se inspirar no presidente Lula, como exemplo de como manejar a crise econômica que está atingindo a nação da América Central devido a uma queda nas remessas familiares.

Segundo Funes, a admiração se deve, sobretudo, pelo fato de o governo Lula manter a estabilidade macroeconômica do país em meio à crise e por seus programas para
combater a pobreza. "Eu vejo com especial atenção a construção de relações mais estreitas com o governo Lula", expressou o presidente eleito.

EUA "ansiosos" para trabalhar com Funes

O governo dos Estados Unidos cumprimentou, segunda-feira, o presidente eleito de El Salvador e ressaltou que o resultado das urnas representa "a decisão do povo salvadorenho e deve ser respeitado".

"Quero felicitar o povo de El Salvador por eleições muito livres, justas e democráticas", disse Robert Wood, um dos porta-vozes do Departamento de Estado norte-americano.

O candidato derrotado da Aliança Republicana Nacionalista (Arena), Rodrigo Ávila, também foi saudado pela Casa Branca por "participar das eleições e respeitar seu resultado".

Wood indicou ainda que os Estados Unidos estão "ansiosos" para trabalhar com o novo governo de El Salvador e definir a agenda bilateral.

O porta-voz descartou a possibilidade de que as boas relações entre Washington e a direita salvadorenha, da qual a Arena faz parte, poderiam comprometer a aproximação com o presidente eleito. "Este é um governo democraticamente eleito. O povo de El Salvador tomou uma decisão e essa vontade deve ser respeitada", considerou.

Boa parte da economia do país centro-americano está condicionada a remessas enviadas por emigrantes que vivem nos Estados Unidos. Durante a campanha, congressistas do Partido Republicano ameaçaram impor sanções a este dinheiro caso a FMLN chegasse ao poder. E muitas foram as tentativas de passar à população que, caso Funes vencesse, as relações com os EUA estariam ameaçadas.

O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, também parabenizou Funes nesta segunda-feira e destacou o clima de "normalidade" em que ocorreram as eleições, sem o registro de episódios de violência.
Insulza enfatizou que a população "demonstrou seu apego à democracia e exerceu em paz seu direito a votar, deixando para trás uma história de brutal enfrentamento que trouxe apenas dor" ao país.

Entre 1980 e 1992, El Salvador viveu uma intensa guerra civil. O partido FMLN tem origem em uma guerrilha de esquerda que atuou neste período.

Ao se referir ao candidato derrotado, o secretário da OEA indicou que o respeito de Ávila pelo resultado representa "uma atitude importante para impor tranquilidade e preservar a harmonia entre os atores políticos que deram uma grande lição de civismo".

Transição

O atual presidente de El Salvador, Antonio Saca, anunciou , ontem, que já se comunicou com o seu sucessor, Maurício Funes, para iniciar o processo de transição do governo. Saca disse que espera que esse trabalho seja "tranqüilo" e que colocará sua administração à disposição para fornecer dados à nova gestão. (Fontes: Ansa e ABN)

http://vermelho.org.br/base.asp?texto=52542

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EL SALVADOR E OS CRIMES DE RONALD REAGAN

A eleição presidencial vencida esta semana em El Salvador pelo jornalista Mauricio Funes, candidato dos ex-guerrilheiros da Frente Farabundo Marti de Libertação
Nacional (FMLN), pode representar, simbolicamente, o fim há muito esperado de um pesadelo. A tragédia desse país e da América Central agravou-se em 1981-89, com o
apoio do presidente Ronald Reagan a ditaduras sanguinárias.

Argemiro Ferreira

18 março 2009/Vermelho http://vermelho.org.br
Fonte: Blog do Argemiro Ferreira

O alegre ex-ator que chegou à Casa Branca graças à crise dos reféns do Irã é festejado hoje pelo Partido Republicano como herói e santo padroeiro. Mas sua escalada na ingerência dos EUA na guerra civil salvadorenha, com injeção de bilhões de dólares em ajuda militar, elevou a 80 mil as mortes em 12 anos de guerra civil - 95% do total, segundo estimativa da ONU, vítimas do próprio governo.

É preciso levar em conta, para avaliar melhor o significado desses dados, que El Salvador é o menor país da América Central (21 mil km2, menor do que o estado de Sergipe) e o único sem saída para o mar do Caribe. Mas tem população de 7 milhões de habitantes e fica espremido entre três muito maiores - Guatemala, Honduras e Nicarágua, na costa ocidental centro-americana, no Pacífico.

Os ideólogos conservadores do presidente Reagan, alguns dos quais (como Jeane Kirkpatrick e Eliott Abrams) seriam mais tarde englobados pela direita americana no neologismo neocon, concluiram na época que haveria naquele país uma espécie da batalha do Armagedon - as forças do bem (o Ocidente cristão e democrático) contra o império do mal (o comunismo ateu).

O entusiasmo do embaixador White

Como também acontecera logo no início da campanha de propaganda de John Kennedy e Lyndon Johnson para vender a guerra do Vietnã, Ronald Reagan publicou o que chamou de white paper, para justificar o envolvimento em El Salvador. No texto, deixava de lado a realidade social do país e definia a situação como “um caso didático de agressão armada indireta por potências comunistas através de Cuba”.

Pouco mais de um ano antes da eleição de Reagan, a ditadura da família Somoza, sustentada pelos EUA desde a década de 1930, ruíra na vizinha Nicarágua. E em outubro de 1979, em El Salvador, o general-presidente Carlos Humberto Romero, beneficiário de uma eleição fraudada em 1977, foi deposto num golpe que instalou uma Junta moderada, com quatro civis e um militar, e prometeu eleições.

A queda de Romero alimentava esperança. Estava na Casa Branca o presidente Jimmy Carter, que dava ênfase aos direitos humanos na política externa. Ele restabeleceu a ajuda militar “não letal” (suspensa em 1977) a El Salvador, enviou um pequeno grupo de assessores militares e nomeou um embaixador inquieto e dinâmico, talvez demais, Robert White.

Liberal bem intencionado, com idéias próprias e experiência razoável na América Latina, White apostou em José Napoleón Duarte, politico democrata-cristão que fora vítima da repressão militar e aceitou integrar a Junta e depois ser presidente. Via nele a receita certa contra a esquerda. Mas do lado militar destacava-se o chefe da espionagem Roberto D’Aubuisson, major treinado na School of the Americas - a “escola de ditadores” do Exército dos EUA.

Um assassino patológico em ação

A relevância do papel de D’Aubuisson, que o embaixador White chamaria depois de “assassino patológico”, seria melhor avaliada a partir da execução em março de 1980, em plena missa, do arcebispo Oscar Romero, crítico da repressão militar. O major era o principal suspeito mas só anos depois seria comprovado que a matança na catedral fora perpetrado por um dos esquadrões da morte e grupos paramilitares criados por ele.

Fora do serviço militar ativo, D’Aubuisson manteve dupla atuação - a ostensiva, legal; e a oculta, ilegal. Em 1981 fundou seu partido de ultradireita, a Arena (Aliança Republicana Nacionalista), que acabaria por controlar o poder até a derrota de 2009. D’Aubuisson, que também parecia anti-semita e simpático a Hitler, dizia abertamente - como registrou o Washington Post em agosto de 1981 - que “só matando umas 300 mil pessoas haverá paz em El Salvador”.

Além de ver comunistas debaixo da cama, costumava vê-los até na residência do embaixador dos EUA. Preso por poucos dias em 1980, acusado de conspirar para derrubar o governo com um golpe, mandou seguidores protestarem em frente à casa de Robert White, gritando insultos e exibindo cartazes que exigiam a saída do embaixador: “White comunista! Fora de El Salvador! Vá para Cuba!”

Nos EUA, Reagan pode ter acreditado. Dez dias depois de sua posse, em janeiro de 1981, o novo presidente anunciou sua primeira decisão de política externa: a demissão sumária do embaixador White. Sequer houve surpresa: a campanha de Reagan parecia enviar a cada dia um novo alento à direita militar em diferentes pontos do continente – especialmente a de El Salvador, onde a violência aumentava com fatos assustadores.

Haig e as freiras que não rezavam

No fim de junho, soldados invadiram a Universidade Nacional (depois fechada) e mataram mais de 50 pessoas. Eleito Reagan em novembro, cinco dirigentes da FDR, aliada da FMLN, foram torturados e mortos. Em dezembro, soldados estupraram, mataram e enterraram quatro religiosas americanas que faziam trabalho social. “Rezando elas não estavam”, diria depois o leviano Alexander Haig, secretário de Estado de Reagan.

Ainda como presidente-eleito, Reagan e assessores como Kirkpatrick receberam homens de negócios de El Salvador, aos quais ele garantiu que ia aumentar a ajuda militar dos EUA. Pralelamente, Kirkpatrick e Vernon Walters viajariam a vários países, inclusive a Argentina dos generais (e dos "desaparecidos") e o Chile de Pinochet, para assegurar que direitos humanos já não frequentavam a pauta da política externa dos EUA.

O efeito da mudança de governo foi dramático. Um ano depois da posse de Reagan o New York Times e o Washington Post revelaram mais massacres de camponeses, atribuídos aos militares. No maior, de El Mozote, mais de 100 foram mortos e enterrados. E em reportagem de capa, Newsweek devassaria no início de novembro de 1982 a guerra secreta dos EUA contra a Nicarágua na fronteira de Honduras.

O pesadelo de El Salvador devia ter terminado em 1992. Nesse ano D’Aubuisson morreu de câncer e foram assinados os Acordos de Paz mediados pela ONU, que instalou a Comissão da Verdade para investigar massacres, assassinatos e tortura. Mas faltava derrotar o partido do criador de esquadrões da morte. Até porque o sonho de D’Aubuisson era matar pelo menos mais 300 mil salvadorenhos.

http://vermelho.org.br/base.asp?texto=52638

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