Lisboa, 27 fevereiro 2009 (Lusa) - O diretor de infectologia do Hospital de Santa Maria, Francisco Antunes, classificou Moçambique como "um bom exemplo" na África no acesso aos tratamentos das pessoas infectadas com o vírus do Aids.
"Moçambique é um bom exemplo do acesso à terapia anti-retrovírica", disse Antunes, à margem do seminário "Investigação de uma Vacina para o HIV - O Papel de Portugal e dos seus Parceiros Lusófonos".
O médico afirmou também que 3% da população moçambicana está infectada, frisando que Moçambique tem "um programa de acesso à terapêutica anti-retrovírica que envolve praticamente o país de norte a sul, quer nas cidades quer em zonas rurais, e com um impacto muito grande na transmissão mãe-filho".
"O acesso ao tratamento das mulheres grávidas para evitar a transmissão da infecção da mãe para o filho é praticamente universal", disse.
"Considerando que existe uma porcentagem acentuada da população (africana) que tem necessidade de acesso imediato a esses medicamentos, lamenta-se profundamente que isto ainda não venha a acontecer na África, que é a região que tem a maior ocorrência da Aids”, afirmou.
Antunes defendeu que a prevenção tem de ser "um dos pontos fortes" na África, uma vez que o acesso aos remédios está limitado, mas admitiu que a "modificação do comportamento das populações, particularmente no que diz respeito aos preservativos, demora algum tempo".
Para o especialista, a vacina para a Aids "seria essencial", mas só deverá estar disponível dentro de muitos anos.
"As vacinas é que têm levado à erradicação das doenças infecciosas, como se passou com a varíola, mas ainda estamos muito longe de a alcançar", afirmou.
Excelência
Representando o Brasil, que está investigando uma vacina para o HIV, a médica Cristina Possas afirmou que surgem, por ano, entre os brasileiros, 32 mil novos casos da doença.
Ela disse que o Brasil foi "o primeiro país em desenvolvimento a lançar um Plano de Vacinas anti-HIV no início da década de 1990, mas lamentou que o financiamento das pesquisas seja "pequeno".
"O ministério da Saúde comprometeu-se com um aumento significativo dos recursos para a pesquisa da vacina", disse, afirmando que serão cerca de R$ 25 milhões acrescentados ao investimento previsto para os próximos quatro anos.
Também presente no seminário, o embaixador da Boa-Vontade da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) para a Saúde, Jorge Sampaio, pediu a coordenação de esforços entre as organizações da sociedade civil, os governos e a CPLP "para acelerar e intensificar a investigação e o desenvolvimento das vacinas contra o HIV".
"Só em estreita colaboração com a Organização Mundial de Saúde e a ONUSIDA se poderá desenvolver um trabalho útil no seio da CPLP nesta matéria", afirmou o ex-presidente português.
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