Por Peter Bonaventur
Dos desacreditados não rezará a história
11 março 2009/Timorlorosaenacao
Na Guiné-Bissau todos sabemos como a culpa morre solteira de há anos e anos a esta data. Culminou na actualidade com os duplos assassínios, extremamente violentos, de dois homens que agora detinham o poder ou julgavam deter o Poder. A promiscuidade, os conluios, os banditismos destes personagens, agora cadáveres, e de outros assassinados anteriormente, já despojados da carne e esquecidos em campas rasas, foi o que conduziu a Guiné-Bissau ao Estado Criminoso em que se transformou.
Após a revelação de cada crise e assassinatos, golpes de Estado, etc., julgamos nós que a Guiné-Bissau vai enveredar pelo bom caminho, pela paz, pela honestidade dos representantes eleitos, mas há décadas que isso não acontece. Creio mesmo que nunca aconteceu, após a independência. A convulsão é permanente e a paz é podre. As manobras políticas atentatórias da transparência, da justiça e da democracia tem sido o fermento para o Estado Falhado e Criminoso da Guiné-Bissau. Criminoso por tudo e principalmente pela má vida que proporciona aos seus cidadãos. São os podres e interesses de uns poucos a prejudicar a maioria.
Aceite-se ou não, a realidade é que existe alguma analogia entre a Guiné-Bissau e Timor-Leste. Nunca a Guiné-Bissau usufruiu de ajudas internacionais, desde o princípio, como Timor-Leste, nem teve lá uma ONU.
Essa é a grande diferença entre um e outro país. Mas os caminhos cruzam-se quando olhamos para a falta de transparência que desde 2005 ficou patente na figura do Chefe de Estado de então e em 2006 tudo foi muito mais notório. Ainda hoje Xanana Gusmão e os seus aliados não assumem o golpe de Estado de 2006.
Golpe de Estado que em crescendo resultou naquilo que todos sabemos: as manobras políticas, a desonestidade, a violência aterradora e intimidatória que depois ficou incontrolável e que saiu muito cara para que houvesse paz, como foi declarado pelo MNE Zacarias da Costa há somente alguns meses. Como sabiam a quem tinham de pagar? Era conveniente que tudo fosse devidamente explicado e se assumissem como autores morais das dezenas de mortes e destruições em 2006, principalmente, se for o caso.
As sementes do mal, das manipulações políticas, da opacidade, dos crimes por interesses, foram lançadas, tal qual como na Guiné-Bissau, que a insistência e a falta de transparência fermentam. Em Timor-Leste parece que é isso que estão a fermentar e para que não vejam a luz do sol vão ter de eternamente sendo sustentadas com “negócios” próprios de um estado bandido, corrupto, aliado a criminosos e que dele tomarão posse sempre que lhes desagrade alguma medida que não seja a seu contento e dos seus interesses. Foi, é, aquilo que vai acontecendo na Guiné-Bissau. Timor-Leste pode estar no princípio desse processo.
Angie Pires, “criminosa” por catálogo
O descrédito de Xanana Gusmão e de Longuinhos Monteiro é internacionalmente reconhecido. Os países mais próximos e maiores doadores, Portugal e Austrália, nem o têm recebido com o mesmo ênfase e interesse de anteriormente. Isso é visível. Os povos desses países sabem intuitivamente aquilo que Xanana Gusmão já não vale. Os timorenses denotam por Longuinhos Monteiro desprezo e repugnância, como me foi dito e dado a perceber na última viagem que fiz a Timor-Leste.
Estranhamente, aliado a estes dois “cavaleiros da triste figura”, surge José Ramos Horta. O trio aponta o dedo e a lança da sua justiça para uma mulher cujo crime foi aliar-se sentimentalmente a Alfredo Reinado, um ex-aliado dos que após o golpe de Estado foram trepando para o Poder e que declarou Xanana Gusmão responsável maior pelo acontecido em 2006, prometendo complementar as suas declarações oportunamente. Só por isso não convinha que continuasse a viver.
Foi tornado público pela PGR, por Longuinhos Monteiro, as conclusões sobre a trapalhada do 11 de Fevereiro de 2008, em que é reclamado atentados às vidas do PR Ramos Horta e do PM Xanana Gusmão.
Sobressai das conclusões apresentadas a figura de Angie Pires como a mais terrível das conspiradoras. As conclusões de agora até nem são novidade que sejam assim apresentadas. Ramos Horta, ainda no hospital, em Darwin, mal tinha saído do coma e já estava a acusar Angie Pires. Pelos vistos, até parece que durante este ano de “instrução do processo” (por catálogo?) o tempo foi aproveitado para temperar devidamente o “cozinhado”.
Agora até se fala de cigarros estranhos que fizeram com que os “guerreiros” descessem a Díli para matar tudo e todos. Mas que “palhaçada”. Também foi referido em tempos, por volta de Abril de 2008, que havia uma conta bancária com um milhão ou mais de dólares em nome de Angie. Onde está esse dinheiro e essa conta? Esquece-se Ramos Horta daquilo que diz? Esquece-se Ramos Horta que declarou que afinal não fora Marcelo Caetano quem disparara contra si? E agora, já é? Esquece-se Ramos Horta que se apressou a pretender desmentir as conclusões forenses do relatório que foi por todos nós lido? Esse relatório declarava que Reinado e Longuinhos foram executados no jardim do Presidente. Qual era a pressa e que argumentos válidos tinha ele para desmentir os peritos forenses se na altura não estava no local e quando esteve passou ao estado de moribundo? Quem pode acreditar em Ramos Horta? Na melhor das hipóteses podemos acreditar tanto nele quanto em Angie Pires. O que faz o PR Ramos Horta atirar-se como lobo a esta senhora? Evidência não será por certo, pelo menos à luz de todas estas dúvidas impostas por tão fortes argumentos que estão por esclarecer.
Por outro lado, Xanana Gusmão, depois do acontecido, nem fala sobre o assunto. Nem ele, nem a agradecida senhora ex-primeira-dama, Kirsty Sword Gusmão, após terem-se deparado com incongruências das suas declarações à comunicação social e que aqui foram postas em causa, assim como na imprensa portuguesa e australiana.
De Longuinhos Monteiro o que se espera é obediência aos donos do sistema. Nada a declarar de novo. Falta realmente saber é quem são os donos do sistema. Sabe-se que na Guiné-Bissau são os barões da droga, e em Timor-Leste?
Perante estas controvérsias, suspeições, inexactidões, dúvidas, opacidades, rumores de corrupções, benesses e agradecimentos públicos prestados a marginais como Hércules, etc., vimos com tristeza que o descrédito cresce relativamente a Ramos Horta e a Xanana Gusmão, de Longuinhos nada a declarar de novo. O puzzle, aparentemente, está incompleto, bolorento pelo tempo passado, crê-se que faltam peças. Peças que a não aparecerem vão ser prejudiciais à justiça que ficará por fazer, à democracia por cumprir, a Timor-Leste, aos timorenses. Esse é o fermento que cresceu na Guiné-Bissau por responsabilidade de poucos mas em prejuízo de muitos. Que Timor seja livre disso e que impere o bom senso. Dos desacreditados, mais tarde, não rezará a história, nunca. Nem um chefe de Estado foi ao funeral de Nino Vieira.
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