Pequim, China, 16 março 2009 – Apesar da crise que tem vindo a reduzir o investimento em todo o mundo, as empresas chinesas continuam a assegurar a entrada de investimento estrangeiro em países de língua portuguesa, defende a consultora International Relations and Security Network (ISN).
Num estudo da responsabilidade do investigador Matthew Hulbert, a ISN refere que “os líderes da China e os presidentes executivos das empresas chinesas têm-se ocupado” a identificar oportunidades em todo o mundo, em especial em busca dos “recursos naturais vitais para sustentar o desenvolvimento a longo prazo da China”.
“Esta é uma estratégia inteligente por diversas razões”, refere Matthew Hulbert, até porque, adianta, citando a opinião da maioria dos analistas, os preços das matérias-primas vão voltar a subir assim que a economia recupere, “ou dê simplesmente sinais de recuperação”, porque a falta de investimento durante os tempos actuais de quebra económica vai provocar a redução na oferta.
Com as empresas dos países desenvolvidos a enfrentar a falta de crédito para investir, refere o estudo, a China ganha agora uma vantagem comparativa, mercê dos cerca de dois mil milhões de dólares que o país tem em reservas em moeda estrangeira.
“A China tem sido capaz de assegurar capital político, aproveitando as reservas para aplicar capitais cruciais para os produtores de petróleo e gás (...) em troca de acordos de fornecimento de longo prazo”, diz Hulbert, dando como exemplo os acordos entre a China e o Brasil.
Segundo Hulbert, foi a aposta da liderança chinesa nas relações com o Brasil, incluindo viagens de alto nível, que permitiu a assinatura de um memorando de entendimento com a petrolífera brasileira Petrobras para a atribuição de um empréstimo de dez mil milhões de dólares, que ajudará a empresa a financiar o plano estratégico a cinco anos, um investimento de 174,4 mil milhões de dólares.
“O que chama a atenção é o nível à disposição das empresas chinesas para fusões e aquisições e compras de recursos pela China - não só em termos de grandes empresas nacionais – mas também através de veículos de investimento como a China Investment Corporation. Isto porque Pequim (...) está interessado em investir nos seus interesses de longo prazo”, considera Matthew Hulbert.
“A China está cada vez mais a ganhar importância nos mais importantes países e empresas produtores de matérias-primas, posição que, dependendo da longevidade da quebra económica, dará a Pequim uma vantagem estratégica”, acrescenta.
Também no sector financeiro, as empresas chinesas aparecem como um investidor cada vez mais importante e cada vez mais global, utilizando a sua crescente influência em empresas privadas para fazer negócios sem relação com o poder político em Pequim, beneficiando também os mercados lusófonos.
Quando em Outubro de 2007 o Industrial and Commercial Bank of China (ICBC) comprou uma participação de 20 por cento no Standard Bank, o mais importante banco da África do Sul em termos de resultados e de activos, a estratégia declarada do banco chinês era colocar o banco africano ao serviço da expansão das empresas da China em África, uma ideia que está já a dar frutos.
“Como muitos dos nossos maiores clientes querem investir em África, a procura de serviços financeiros entre diversos países está a crescer. O Standard Bank (...) com uma presenca verdadeiramente pan-africana, é a melhor organização com a qual o ICBC poderia fazer um parceria”, disse então Jiang Jianging, presidente do banco chinês, o maior do país.
Em Fevereiro, o Standard Bank mudou a sede da suas operação nas Américas de Nova Iorque para São Paulo, por considerar o Brasil como o mercado mais promissor na região. (macauhub)
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