segunda-feira, 7 de julho de 2008

Angola/China deverá ultrapassar Portugal como o maior fornecedor angolano em 2008

Luanda, Angola, 7 julho 2008 - Angola já tem na China o principal destino das suas exportações, sobretudo petróleo e, de acordo com as estatísticas disponíveis, este ano a China deverá passar também a ser o maior fornecedor angolano, ultrapassando Portugal.

As estatísticas oficiais chinesas indicam que entre Janeiro e Abril as exportações para Angola aumentaram 138 por cento para 742,5 milhões de dólares, enquanto as portuguesas se ficaram por 453,7 milhões de euros (712,1 milhões de dólares) no primeiro trimestre.

O muito mais lento ritmo de crescimento das exportações portuguesas - 25 por cento, em abrandamento face ao registado no ano passado - fazem prever que a antiga potência colonial venha a perder em 2007 a posição de principal fornecedor angolano.

Entre Janeiro e Abril deste ano, as exportações angolanas para a China cresceram 128,6 por cento atingindo 7,48 mil milhões de dólares; sendo constituídas sobretudo por petróleo, Angola afirmou-se como o maior fornecedor petrolífero chinês, ultrapassando a Arábia Saudita.

As trocas comerciais entre os dois países têm vindo a crescer de forma imparável, graças à trajectória de reanimação da economia angolana e também aos acordos bilaterais existentes, nomeadamente as linhas de crédito do Eximbank aplicadas em projectos de construção de infra-estruturas no país e reembolsadas através de exportações de petróleo angolano para a China.

Em 2006, o comércio entre Angola e a China atingiu 11 mil milhões de dólares e no ano passado manteve a mesma trajectória, para 14,11 mil milhões de dólares.

As trocas com Angola e Brasil são as que mais têm vindo a contribuir para o crescimento do comércio entre a China e os países de língua oficial portuguesa, que deverá ultrapassar já em 2008 a meta de 50.000 milhões de dólares traçada pelas autoridades para 2009.

O financiamento chinês aos projectos de infra-estruturas em Angola também tem vindo a crescer e poderá situa-se já próximo dos 11 mil milhões de dólares, de acordo com agências internacionais.

Os mais recentes acordos de financiamento, assinados na semana passada, prevêem a recuperação e expansão da rede eléctrica das cidades do Dundo (Lunda Norte) e Saurimo (Lunda Sul), a recuperação da estação de tratamento de águas residuais em Quifangondo (Luanda), construção de um centro de distribuição no município luandense de Cacuaco, e execução de novas canalizações em edifícios, e ainda a reconstrução dos arruamentos das cidades de Caxito (Bengo), do Uíge e Negage (na província do Uíge) - no total, estes projectos deverão custar perto de 135 milhões de dólares.

Dados do Ministério do Comércio Exterior do Brasil indicam também a continuação de um forte crescimento das exportações para Angola: 66,9 por cento nos cinco primeiros meses do ano.

O total de 606 milhões de dólares coloca o Brasil também à frente das exportações portuguesas, ainda que com mais meses contabilizados.

Tradicionalmente, os principais produtos de exportação do Brasil para Angola são açúcar de cana, beterraba e sacarose, gasolina e ainda tubos de ferro e aço para oleodutos e gasodutos.

Em 2006 e 2007 as importações angolanas do Brasil aumentaram 61 e 45 por cento, respectivamente.

Também em forte alta estão as exportações sul-africanas - 152,9 por cento em Janeiro, para 592,7 milhões de randes (76,7 milhões de dólares).

Nas trocas comerciais angolanas, "Portugal assume claramente a posição cimeira, mas é visível a aproximação com alguma rapidez quer da China quer do Brasil", refere o banco português BPI num dos seus mais recentes relatórios sobre a economia angolana.

O relatório refere igualmente que também a África do Sul "poderá aumentar rapidamente num futuro próximo a sua posição, assim que for possível efectuar o transporte por via terrestre, sobretudo atendendo às dificuldades logísticas decorrentes do esgotamento da capacidade do Porto de Luanda",

Em sentido inverso, no ano passado, as compras angolanas aos Estados Unidos recuaram 17 por cento, para cerca de 1,2 mil milhões de dólares, nível em que se situam agora também as importações chinesas e brasileiras.
(macauhub)

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