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Continente
reúne muitos dos fatores que levaram a Ásia ao sucesso econômico: mão de obra
barata, recursos naturais em abundância e uma demanda potencialmente grande por
bens de consumo.
A Ásia é universalmente considerada
como motor do crescimento econômico global. No entanto, embora os mercados de
China e Índia pareçam imensos, suas economias não conseguirão manter sempre
altas as taxas de crescimento econômico.
Em dez ou vinte anos, a demanda
começará a diminuir e os investidores precisarão de novas fontes. Nessas
circunstâncias, um dos motores do novo crescimento global está na África,
continente que reúne muitos dos fatores que levaram a Ásia ao sucesso
econômico: mão de obra barata, recursos naturais em abundância e uma demanda
potencialmente grande por bens de consumo.
"É óbvio que a África tem um
grande potencial para o desenvolvimento. Sua indústria extrativa e mão de obra
barata podem vir a constituir uma nova base para o crescimento econômico
global. A redução contínua da atratividade de investimentos dos países
europeus, atingidos por uma longa recessão, e o esperado ‘declínio da Europa’
obrigam os investidores, inclusive os mais prudentes, a buscar novos
mercados", disse à Gazeta Russa o vice-reitor da Academia Russa de
Economia e Administração Pública junto ao presidente da Federação Russa, Ivan
Fedotov.
Por enquanto, o continente africano
só está acumulando potencial para um salto. Desde o início dos anos 1990, o PIB
total da África cresceu apenas 40%, enquanto o comércio e o investimento
privado no continente cresceram de forma muito mais dinâmica. O intercâmbio comercial
dos países africanos quadruplicou, enquanto o volume total dos investimentos
privados dobrou.
Isso pode ter um efeito cumulativo
já em um futuro próximo, e os investimentos dos países do Brics (Brasil,
Rússia, Índia, China, África do Sul) serão um excelente impulso para o
crescimento econômico do continente africano. Atualmente, os países do bloco
não têm grande influência na política financeira global, nem ocupam
posições-chave em instituições financeiras do mundo.
Os Brics possuem, entretanto, uma
rica experiência de trabalho na África. A Rússia, por exemplo, como sucessora
legal da União Soviética, tem experiência de cooperação com países africanos.
Como resultado, toda uma série de empresas russas operam com êxito no
continente.
Além disso, no início de 2009, a
Rússia perdoou mais de US$ 20 bilhões de dívida de vários países africanos e
criou o cargo de representante especial da presidência para os assuntos
africanos, cujo titular é o presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros do
Conselho da Federação (senado russo), Mikhail Marguelov.
"A África tem instituições
fortes, a União Africana superou a crise do período pós-Kaddafi e o continente
africano registra um crescimento econômico maior do que alguns países da
Ásia", disse o senador em recente entrevista à emissora de rádio “Eco de
Moscou”.
Muitas empresas russas já operam no
Congo, cuja economia cresce a uma taxa de 6% ao ano. No ano passado, o
presidente da República do Congo convidou empresários russos a participar da
construção de rodovias, oleodutos e infraestrutura do setor energético do país.
O empresariado russo é ativo também em Moçambique e Zimbábue e tem os planos de
construção de um oleoduto que ligue os dois países e se estenda à Zâmbia e
Malauí.
Segundo Marguelov, o "período
de dominação chinesa na economia africana chegou ao fim. Os líderes africanos
estão conscientes de que precisam de um sistema de freios e contrapesos. Nesse
sentido, a Rússia é um parceiro muito confortável", disse Marguelov.
Para promover seus interesses na África,
a Rússia utiliza a experiência acumulada pela União Soviética e novos
instrumentos, entre os quais a assistência ao continente africano no âmbito do
G8, adiantou Marguelov.
"Hoje, no continente africano,
não há nenhum país que não deseje cooperar com a Rússia em matéria de política
e econômica", disse o senador aos repórteres pouco antes da cúpula dos
Brics, em Durban.
A África apresenta um grande
interesse para aqueles que estão dispostos a investir em projetos a longo
prazo, acredita Fedotov.
"Essa política vem sendo
seguida pela China. Liderada pelo Partido Comunista, a China se tornou mais
capitalista do que os EUA", completa.
O cientista não duvida que, em um
futuro próximo, a China fará recuar os financistas norte-americanos e europeus
nos mercados financeiros.
"A reputação da Rússia, que
mantém relações de longa data com a maioria dos governos africanos, pode ajudar
a China e os demais países do Brics a promover seus projetos no continente
africano. Assim, o estreitamento das relações entre os governos da Rússia e da
China permitirá reforçar as posições de todos os países do Brics na
África", disse o cientista.
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