Maputo, Moçambique, 25 janeiro 2009 – A China, beneficiando de um acolhimento “entusiástico”, é já o segundo maior investidor em Moçambique e os seus empresários poderão beneficiar da dinamização do investimento estrangeiro em curso, afirma o Centro de Estudos Chineses da Universidade de Stellenbosch.
“A construção de edifícios governamentais de prestígio (como o do Ministério dos Negócios Estrangeiros) e outras instalações públicas transmite orgulho à população, bem como o respeito dos funcionários de chefia do Estado e do governo”, afirmam as investigadoras Johanna Jansson and Carine Kiala no estudo “Padrões do Investimento, Ajuda e Comércio chineses em Moçambique”, publicado no final de 2009.
A construção de infra-estruturas e a ajuda externa, apesar de contenciosos envolvendo empresários chineses a nível laboral e de extracção de recursos naturais, são razões apontadas pela equipa do instituto universitário sul-africano para uma sociedade civil “de modo geral entusiasta” quanto às relações bilaterais, encontrada nas pesquisas efectuadas no terreno.
Embora o projecto de construção do novo Estádio Nacional tenha sido alvo de críticas por alegadamente não ajudar ao desenvolvimento do país, os próprios moçambicanos consideram-no uma infra-estrutura necessária para consolidar a imagem do país como destino turístico internacional, numa altura em que a vizinha África do Sul se prepara para acolher o primeiro mundial de futebol no continente africano, sublinham as investigadoras.
Sinal dessa aproximação é o crescente interesse na aprendizagem do mandarim, que pode “estabelecer as bases para abreviar diferenças culturais”, de acordo com o estudo citado pela agência macauhub
Algumas dificuldades e equívocos foram sentidas nas primeiras abordagens, mas as empresas chinesas mostraram “aprender rapidamente”, algo que foi evidente nas relações laborais, particularmente depois de Moçambique ter publicado em 2007 a versão em mandarim do Código Laboral.
Mas ainda subsistem desafios às relações bilaterais nas pescas e, sobretudo, no sector florestal, que tem vindo a sofrer com as actividades ilegais de madeireiros nas províncias da Zambézia, Cabo Delgado, Nampula e Niassa, alertam as investigadoras.
O comércio sino-moçambicano tem crescido “aceleradamente” na última década, atingindo 442,7 milhões de dólares em 2008, mais 48 por cento do que no ano anterior.
O aumento é atribuído ao aumento das importações chinesas de sementes oleaginosas, madeira e minério de crómio.
As importações moçambicanas são compostas essencialmente por produtos manufacturados, veículos e peças, equipamentos eléctricos e artigos em ferro e aço.
Ao nível do investimento, a subida tem sido contínua, fazendo com que em 2009 a China se tornasse no segundo maior investidor no país (76,8 milhões de dólares), suplantada apenas pela África do Sul (136 milhões de dólares).
O Centro de Promoção de Investimentos (CPI) tinha no final de 2009 cerca de 20 propostas de investimento com origem na China, depois de dois seminários terem juntado no segundo semestre do ano empresas dos dois países.
“Os esforços da Comissão Conjunta para as Actividades Técnicas, Económicas e de Investimento e o trabalho do CPI junto do Centro de Promoção de Investimento Desenvolvimento e Comércio China (CPIDCC) facilitam o comércio e encorajam o investimento entre os dois países”, refere o relatório.
Paralelamente, Moçambique está a criar um Instituto da Pequena e Média Empresa e a estabelecer novos parques industriais (Dondo e Nacala) que irão “criar um ambiente de incubação para os investidores, particularmente dos sectores têxtil e de vestuário”, mas também no gráfico, de metais, químico e agro-industrial.
As investigadoras sublinham ainda o facto de Moçambique se ter candidatado ao estabelecimento de uma das zonas de cooperação económica e técnica da China, tendo em vista “impulsionar o investimento chinês ao nível das PME”.
“Com uma nova ênfase na promoção de parcerias, Moçambique espera captar os recursos humanos e de capital chineses para desenvolver novas áreas de desenvolvimento industrial”, adianta o relatório. (macauhub)
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