Luanda, 10 janeiro 2010 (AngolaPress) – Pelo menos 15 mil toneladas de café foram colhidas na campanha de colheita do “bago vermelho” em 2009, ultrapassando as cinco mil obtidas na safra transacta, num feito que abre perspectivas animadoras para o sector, a médio prazo, com meta de alcançar 50 mil toneladas/ano de café comercial.
Concorreu para esta considerável produção o Programa de Fomento do Café e do Palmar, inscrito no Plano Nacional, e o Programa-Executivo do Sector Agrário, que está dividido em várias componentes como "projectos de reabilitação de fazendas abandonadas e de comercialização do café".
No dizer do director-geral do Instituto Nacional do Café (INCA), João Ferreira da Costa Neto, com estes programas o sector registou, nos últimos dois anos, a duplicação da produção do café, saindo de três mil para seis mil toneladas, obtendo em 2009 15 mil toneladas.
Ainda no ano findo, o INCA permitiu que cafeicultores do país vendessem 15 mil toneladas do seu produto, contra as nove mil toneladas comercializadas em 2008, no âmbito do Programa de Emergência de Comercialização do Café da Produção Camponesa, criado em 2007.
Coordenador do referido programa, João Ferreira Neto declarou que a quantidade estava armazenada há muitos anos por falta de compradores e foi adquirida nas áreas cafeícolas mais recônditas das províncias do Uíge, Kwanza Sul, Kwanza Norte e Bengo.
Em 2009, o sector cafeícola registou igualmente o alargamento das áreas de cultivo de 30 para 50 mil hectares, perspectivando atingir-se a longo prazo 100 mil hectares, mesmo assim, uma extensão aquém da cultivada no período colonial, calculada em 500 mil hectares e com uma produção de 200 mil toneladas de café comercial/ano.
No domínio empresarial, em 2009 cafeicultores empresariais do Kwanza Sul investiram, no município do Libolo, três milhões e 500 mil de dólares norte-americanos para a produção de café por irrigação, na perspectiva do aumento da qualidade do produto.
A preferência pela região, segundo investidores nacionais, deve-se ao facto da área possuir condições climáticas favoráveis para a produção do café arábica, onde estão a ser utilizadas as variedades "wakawa arábica", "mundo novo", "catuai" e "topaze".
Por outro lado, o ano transacto ficou marcado pela solicitação da direcção da Empresa de Abastecimento ao Sector Cafeícola “Procafé” de um apoio do Governo de dois milhões de dólares norte-americanos anuais para garantir a compra de 10 mil toneladas de café.
O valor, que também foi solicitado a título de crédito a instituições financeiras privadas e públicas, serviria ainda para a construção de um complexo industrial de torrefacção, empacotamento e comercialização de café, no município do Negage, província do Uíge”.
Romualdo Abel Traça, director-geral da Procafé, defende, em declarações à Angop, a necessidade deste financiamento para dotar a empresa de mais recursos materiais e humanos, capazes de permitir a comercialização à áreas de cultivo de café de difícil acesso, nas quais estão concentradas consideráveis quantidades do produto.
Por incapacidade financeira, por parte da empresa, 10 mil toneladas de café ficaram por se comprar em 2009, agravando a resolução da problemática do escoamento e venda da maior parte da produção familiar, frisou o responsável.
A Procafé comprou dos cafeicultores, nos últimos dois anos, 765 toneladas de café, nas províncias do Uíge, Kwanza Norte, Kwanza Sul e Bengo, contra 12 mil toneladas previstas, por insuficiência financeira, uma situação que se prevê solucionar nos próximos tempos. (Por: António da Silva)
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