Luanda, 14 janeiro 2010 (Angop) - O Chefe de Estado angolano, José Eduardo dos Santos, disse hoje, em Luanda, ter esperança de que 2010 represente para o continente africano não só a retomada dos seus ritmos de crescimento económico, mas também uma nova etapa na resolução dos conflitos ainda existentes.
José Eduardo dos Santos discursava por ocasião da apresentação de cumprimentos do corpo diplomático, numa cerimónia realizada no Salão Nobre do Palácio Presidencial à "Cidade Alta".
"A nossa experiência mostra que só a paz e o Estado de Direito democrático poderão garantir a estabilidade necessária e imprescindível ao desenvolvimento sustentável dos países africanos", asseverou.
Segundo o presidente, "esperamos também que as partes em conflito no Médio Oriente não radicalizem de forma irredutível as suas posições e que consigam encontrar uma plataforma que permita aos povos de Israel e da Palestina encontrar um ‘modus vivendi’ pacífico e colaborante, que respeite a autodeterminação dos respectivos povos e a construção dos respectivos estados soberanos".
"Consideramos o diálogo e a negociação como sendo também as vias indispensáveis para se ultrapassar o diferendo sobre a questão nuclear como a do Irão e da Coreia do Norte e para se harmonizarem posições na luta contra o terrorismo, o narcotráfico e as grandes endemias, e por outras causas de dimensão mundial", referiu o Chefe de Estado angolano.
Nas sub-regiões em que Angola está inserida , disse ainda o Presidente da República, "continuaremos a dar o nosso contributo activo à Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), à Comissão Económica dos Estados da África Central (CEEAC) e à Comissão do Golfo da Guiné, por serem instrumentos de grande valia, não só para o fortalecimento da economia dos países membros, mas também para uma melhor inserção de todos na economia continental e mundial".
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DISCURSO DO PR NA CERIMÓNIA DE CUMPRIMENTOS AO CORPO DIPLOMÁTICO
Excelentíssimos membros do Corpo Diplomático, ilustres convidados, minhas senhoras e meus senhores:
Nos últimos três anos o mundo foi atingido por uma crise económica e financeira que teve consequências muito graves para todos os países.
Espero que os sinais de recuperação que as economias mais desenvolvidas apresentaram no segundo semestre de 2009 se consolidem e ampliem em 2010, para que todos os povos possam encarar o futuro com mais confiança.
Uma importante lição a retirar desta crise foi o sentido de entreajuda e colaboração que se registou na forma de atacar os problemas pela raiz, com vista a reconquistar a confiança das pessoas no sistema bancário, em particular, e no financeiro em geral.
Isso permitiu também alcançar uma melhoria significativa nas relações multilaterais de cooperação no plano internacional.
Deu-se início a uma nova era em que se reforçou a consciência de que o mundo está cada vez mais globalizado e todos os países mais interligados e interdependentes, reduzindo-se assim o espaço de manobra dos que defendiam o unilateralismo.
Está claro que nenhum país hoje pode progredir e desenvolver-se de forma unilateral, isolando-se da comunidade das nações e alheando-se dos problemas comuns que afectam a humanidade no seu todo.
Por essa razão, o cumprimento dos compromissos assumidos no que diz respeito aos vários temas globais deve constituir uma prioridade, não só porque assim se corresponde às expectativas geradas, mas também porque deste modo se dá um importante sinal de que a cooperação é possível e vantajosa entre todos e para todos.
A recente Cimeira de Copenhaga foi, infelizmente, uma ocasião, senão perdida pelo menos adiada, para se dar mais um passo em frente no sentido de se fazer face às causas das alterações climáticas e se chegar a um consenso sobre a forma de conciliarmos o necessário desenvolvimento com a preservação do nosso planeta para as futuras gerações.
Os resultados desse grande encontro ficaram efectivamente muito aquém das expectativas criadas e continuaram sem dar resposta às preocupações manifestadas pelos países em vias de desenvolvimento, que são os que menos poluem o ambiente e mais sofrem na sua vida económica e social os efeitos negativos desse fenómeno global.
A questão do ambiente deve, pois, manter-se como uma prioridade nas agendas nacionais e internacionais, por ser a de maior interesse para o equilíbrio e a segurança internacionais.
SENHORES EMBAIXADORES,
MINHAS SENHORAS E MEUS SENHORES,
Todas essas situações só vieram demonstrar uma vez mais a importância do diálogo e da concertação de ideias como a via mais adequada para se resolverem os litígios, qualquer que seja a sua natureza.
Angola continua a acreditar nessa via e por isso, ainda que nalguns casos tenha havido progressos evidentes, temos vindo a seguir com preocupação os vários conflitos que continuam sem solução em muitas regiões do mundo.
No caso particular do continente em que nos encontramos, constatamos avanços na resolução de alguns problemas, mas vemos que continuam num impasse os conflitos no Sul do Sudão, em Darfur, na Somália e no Sahara Ocidental e mais recentemente na Guiné-Conakry.
Temos esperança de que 2010 represente para o continente africano não só a retoma dos seus ritmos de crescimento económico, mas também uma nova etapa na resolução dos conflitos ainda existentes.
A nossa experiência mostra que só a paz e o Estado de Direito democrático poderão garantir a estabilidade necessária e imprescindível ao desenvolvimento sustentável dos países africanos.
Esperamos também que as partes em confronto no Médio Oriente não radicalizem de forma irredutível as suas posições e que consigam encontrar uma plataforma que permita aos povos de Israel e da Palestina encontrar um 'modus vivendi' pacífico e colaborante, que respeite a autodeterminação dos respectivos povos e a construção dos respectivos Estados soberanos.
Consideramos o diálogo e a negociação como sendo também as vias indispensáveis para se ultrapassar o diferendo sobre a questão nuclear com o Irão e a Coreia do Norte e para se harmonizarem posições na luta contra o terrorismo, o narcotráfico e as grandes endemias e por outras causas de dimensão mundial.
Nas sub-regiões em que o nosso país está inserido, continuaremos a dar o nosso contributo activo à SADC, à CEEAC e à Comissão do Golfo da Guiné, por serem instrumentos de grande valia não só para o fortalecimento da economia dos países membros, mas também para uma melhor inserção de todos na economia continental e mundial.
A cooperação mutuamente vantajosa e a promoção da paz e da amizade continuarão a ser os vectores principais da política externa angolana, alicerçada na observância dos princípios do respeito pela soberania e integridade territorial, da igualdade e da não ingerência nos assuntos internos de cada país.
Com grande prazer recebi os cumprimentos dos Senhores Embaixadores acreditados em Angola e dos seus digníssimos cônjuges.
Espero que transmitam aos vossos respectivos governos a disponibilidade de Angola para reforçar os laços já existentes e para juntos construirmos um futuro melhor para os nossos povos e para as gerações vindouras.
UM FELIZ ANO NOVO PARA TODOS!
Luanda, 14 de Janeiro de 2010
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