terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Timor-Leste/HERA, A CENTRAL ELÉCTRICA QUE NÃO QUEREMOS

24 janeiro 2010/Timor Lorosae Nação http://timorlorosaenacao.blogspot.com

Fátima Robalo - TIMOR HAU NIAN DOBEN

Comportamento de devassa dos interesses do país e das populações

Timor Leste prepara-se para o descalabro ambiental sob o pretexto do desenvolvimento e as mentes dos que se supõem iluminados e dirigem o país insistem em prosseguir nos erros cometidos por outras nações que erraram. Não faço ideia se o fazem por ignorância ou por negócios menos transparentes de onde tiram proveitos próprios, pouco se importando com os que são agora crianças e jovens ou com os vindouros. Nota-se o desprezo, a inconsciência e a imbecilidade como decidem o que devia ser objecto de discussão pública. Mas não, nada disso vimos. Prevalece o quero, posso e mando. Tiques ditatoriais. Tiques que estão patentes em imensas decisões e atitudes tomadas pelo governo desta AMP que tem demonstrado que nos desgoverna. Tiques que não esbarram na sabedoria que julgávamos que o Dr. Ramos Horta, nosso Presidente da República teria. Em vez da esperada sabedoria ele tem demonstrado inadmissíveis ignorâncias. Assim acontece com a anunciada Central Eléctrica de Hera. Uma central muitíssimo poluidora que vai destruir por completo um local paradisíaco de Timor Leste.

Foi nesta semana a findar que o senhor Presidente da República procedeu à cerimónia da colocação da primeira pedra de construção da dita central eléctrica. Julgava que os procedimentos das “primeiras pedras” já estavam em desuso, mas não, em Timor não. Compreendeu-se que sempre foi mais um motivo para publicitar o governo de Xanana Gusmão e também o Presidente. Grande investimento, pretendem demonstrar à população. O arauto afirma que “vem aí o progresso”, que por isso e graças às suas sabedorias vai haver electricidade para dar e vender. Desonestidade. Desinformação. Queremos e precisamos de electricidade e conforto mas não a qualquer preço. É possível aliar o útil ao agradável. Basta sabedoria e honestidade.

Acaso foi ponderada a utilização destas centrais a óleo pesado que se vão construir com base em sucata que vão comprar por milhões de dólares? Foi feito algum estudo de impacto ambiental? As populações foram esclarecidas sobre os inconvenientes do uso de centrais eléctricas deste jaez que estão a ser desmanteladas por todo o mundo? Sabem acaso que tais centrais concorrem para uma alta escala da deterioração do ambiente e que quem vive nas proximidades incorre em adquirir doenças já nos próximos anos após o inicio do seu funcionamento? Acaso sabem os timorenses a factura que vão pagar a curto, médio e longo prazo devido à instalação de centrais como a que vai ser instalada em Hera?

Não, não sabem. O que sabem é que vão poder usufruir do produto final que será gerado por tal central, a electricidade. Ignoram qual o contributo para a destruição ambiental e consequentes problemas de sua saúde, também gerados juntamente com a electricidade.

A ignorância do senhor Primeiro-Ministro Xanana Gusmão é assim tanta? E a do senhor Presidente da República também? Ignorância tão medonha não acredito que seja. Demonstram, isso sim, desprezo pelo ambiente e pela saúde dos seus concidadãos, que afinal os elegeram, alguns. Demonstram absolutismo e soberba. Demonstram uma terrível falta de respeito e de consideração pelos governados, mal governados, já se vê.

Não faço ideia daquilo que a oposição partidária poderá fazer no Parlamento Nacional para contrariar o absolutismo criminoso dos que decidiram contra o interesse das populações e do ambiente. Talvez que no Parlamento nada possa ser feito, mas existem outras vias. Uma delas é fazer sessões de esclarecimento entre as comunidades, de suco em suco, com comprovativos documentais, com imagens, sobre as inconveniências deste tipo de centrais e quais as alternativas mais amigas do ambiente. Os timorenses, estando esclarecidos, não vão querer a central eléctrica de óleo pesado em Hera, nem ali nem em parte alguma do país.

A democracia funciona assim e o esclarecimento devia de ser prestado pelo governo. Isso devia de ser exigido pelo Presidente da República, suposto defensor de TODOS OS TIMORENSES. Mas não, aquilo que vimos é o senhor Presidente Ramos Horta colar-se imediatamente às iniciativas do Governo (boas ou más) e também lhes chamar suas. Comportamento inadmissível, quero vincar para possível correcção. Comportamento de devassa dos interesses do país e das populações. Inconsciências para que não votámos, nem nos foram propostas durante as campanhas eleitorais. Deslealdade.

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