Os líderes políticos malgaxes estão desde ontem reunidos em Maputo, para negociar a solução da crise despoletada pela destituição do presidente democraticamente eleito Marc Ravolamana, num encontro que decorre sob mediação internacional coordenada pelo antigo presidente de Moçambique, Joaquim Chissano, designado pela SADC em Junho para aproximar as partes desavindas daquele país insular do Índico, em nome da região.
6 agosto 2009/Notícias
A equipa de mediação internacional inclui representantes da União Africana (UA), Nações Unidas e da Organização Internacional da Francofonia (OIF) que tem a missão de ajudar os malgaxes a ultrapassar as suas divergências em negociações que deverão terminar no fim-de-semana.
A SADC decidiu que o diálogo intermalgaxe, cuja primeira tentativa teve lugar em Addis-Abeba, Etiópia, deveria ter lugar no espaço da SADC, tendo Moçambique colhido consenso dos líderes políticos malgaxes que escolheram Maputo para servir de palco do diálogo para a reconciliação.
Sob o lema “Viva o diálogo para a paz e reconciliação em Madagáscar”, a sessão de Maputo é a primeira que junta, pela primeira vez, todos os quatro líderes políticos malgaxes relevantes para a saída da crise, nomeadamente o presidente da Alta Autoridade de Transição, Andry Rajoelina, o presidente deposto Marc Ravalomanana, e os antigos chefes de Estado Didier Ratsiraka e Albert Zafy.
A sessão negocial iniciou ao princípio da noite, com um apelo do antigo presidente moçambicano, Joaquim Chissano, para que os líderes malgaxes coloquem os interesses do povo acima dos individuais.
Joaquim Chissano, reconhecido pela sua capacidade negocial, contou aos malgaxes os duros momentos por que Moçambique passou, exortando-os para se inspirarem dessa experiência para a solução do seu problema.
O antigo estadista moçambicano disse que depois de muitas coisas que aconteceram parecia impossível os moçambicanos voltarem a falar uns com os outros, mas que a razão indicou que o único meio eficaz de acabar com o sofrimento do povo era o diálogo paciente que exige a superação do ódio e do espírito de vingança.
Falando momentos antes do início das negociações à porta fechada, Didier Ratsiraka disse esperar avanços em Maputo e que os malgaxes aproveitarão a experiência da reconciliação em Moçambique.
Também Marc Ravalomanana disse esperar que ele e os seus compatriotas encontrem soluções para a crise, cujas negociações decorrem até sábado.
Marc Ravalomanana, abandonado pelo exército e diante da pior crise que conheceu desde a ascensão ao poder em 2002, demitiu-se em 17 de Março e entregou os seus poderes a uma comissão militar. Esta transferiu de imediato o poder para Andry Rajoelina, então presidente da Câmara Municipal de Antananarivo.
A destituição de Ravalomanana foi considerada pela SADC como um golpe de Estado e a organização regional exigiu a reposição da ordem constitucional, tendo o país sido suspenso da comunidade e da União Africana.
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