quarta-feira, 12 de agosto de 2009

CARTA ABERTA DA ALIANÇA SOCIAL CONTINENTAL AOS PRESIDENTES DA UNASUL

[ADITAL] Agência de Informação Frei Tito para a América Latina
11 agosto 2009/ http://www.adital.com.br

Tradução: ADITAL

ASC *

[Carta entregue pela ASC aos presidentes de UNASUL, acerca das bases militares dos Estados Unidos na Colômbia].

LUIZ INACIO LULA DA SILVA
Presidente da República do Brasil
RAFAEL CORREA
Presidente da República do Equador
HUGO RAFAEL CHAVEZ FRIAS
Presidente da República Bolivariana da Venezuela
MICHEL BACHELET
Presidenta da República de Chile
CRISTINA KIRCHNER
Presidenta da República de Argentina
EVO MORALES
Presidente da República de Bolívia
TABARE VASQUEZ
Presidente da República de Uruguai
FERNANDO LUGO
Presidente da República de Paraguai
ALAN GARCIA
Presidente da República de Peru
BHARRAT JAGDEO
República da Guiana
RONALD VENETIAAN
República de Suriname

Nos dirigimos aos senhores para manifestar-lhes nossas inquietações sobre os acontecimentos recentes que em nossa opinião afetam a estabilidade do continente e as perspectivas de integração materializadas em processos como o da UNASUL.

O governo de Álvaro Uribe Vélez, da Colômbia, anunciou recentemente a decisão de outorgar às tropas dos Estados Unidos a permissão de operação sobre 7 bases militares no território nacional, em um acordo que permitiria qualquer tipo de operações no interior e exterior do país. Isso significa, juntamente com o deslocamento da IV Frota, o incremento da presença militar dos Estados Unidos na região estratégica a partir da qual podem lançar operações sobretudo no continente. A Colômbia, ao assinar esse acordo, dará imunidade aos militares e contratistas estadunidenses, com o qual têm garantia de impunidade e os coloca fora do alcance e controle judiciais nacionais e internacionais. Ao mesmo tempo, o uso das bases significa uma intervenção nos assuntos internos da Colômbia e uma ameaça contra os processos democráticos em toda a região. Por exemplo, a presença da base militar Soto Cano em Honduras tem sido utilizada pelos golpistas desse país para demonstrar o apoio estadunidense ao golpe militar.

Essa utilização, que dá amplas facilidades ao exército estadunidense, se constitui em uma interferência aos processos de integração, um estímulo às correntes que querem desestabilizar os processos democráticos e uma fonte de conflitos em uma região que tem avançado na conquista de sua autonomia e na busca de caminhos próprios para seu desenvolvimento. As declarações no Brasil do assessor de segurança da Casa Branca de que "nossa missão é ajudar no treinamento de suas forças de fronteira" e sobre que o governo da Venezuela não fez muito para combater a presença das FARC em dito país, demonstram o propósito dos Estados Unidos de interpor-se nas diferenças e contradições entre os países da região.

A presença dessas bases tem sido justificada com o pretexto de luta contra o terrorismo e o narcotráfico; porém, na realidade, representam uma peça do dispositivo militar global dos Estados Unidos e patrocinam um enfoque militar e unilateral desses problemas, impedindo o tratamento social, político, autônomo e multilateral de tais problemas. Enfoques que, com o Plano Colômbia e com a Iniciativa Mérida, têm demonstrado sua ineficácia e seu alto potencial de desestabilização regional e cuja aplicação na Colômbia e nas zonas fronteiriças tem contribuído para agravar a crise humanitária, ambiental e social de vastas regiões.

Essas bases, juntamente com os Tratados de Livre Comércio, constituem-se em novos obstáculos para o avanço da integração sulamericana tão almejada pelos povos da região.

A postura do governo de Uribe sobre que a UNASUL não tem competência para analisar esse problema não é mais do que outra iniciativa desse governo para sabotar qualquer esforço de Integração Latinoamericana e facilitar a interferência dos EUA nos processos da região.

Pelo contrário, consideramos que a próxima reunião da UNASUL deve pronunciar-se a respeito, rechaçar a instalação dessas e de qualquer outra base militar na América do Sul, condenar a interferência nos assuntos da integração regional e avançar na busca de soluções políticas através do diálogo dos diferentes assuntos em controvérsia entre os países dentro do espírito de convivência pacífica, ajuda mútua e respeito à soberania, a qual se vulnera ao entregar o território colombiano às operações militares estadunidenses e não com a discussão fraternal no seio da UNASUL.

Solicitamos-lhes também que recebam uma delegação dos movimentos sociais do continente para expressar-lhes essas inquietações e permitir que o processo de constituição da UNASUL conte com a opinião dos mesmos.

Aliança Social Continental
Enrique Daza
Secretaria

* Secretaria Operativa: Campanha; Aliança Social Continental

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