Cidade da Praia, Cabo Verde, 5 janeiro 2008 - A empresa portuária de Cabo Verde (Enapor) está a procurar investidores, em particular chineses, para a expansão do Porto Grande do Mindelo, na ilha de S.Vicente, projecto de 324 milhões de dólares que visa sextuplicar, até 2030, a movimentação de cargas da infra-estrutura, maior do género no arquipélago.
O objectivo do projecto "Porto Grande do Mindelo: Plataforma Internacional no Atlântico Central", segundo informação recentemente disponibilizada pela Enapor a potenciais investidores na China, é que 100 por cento do capital seja de origem privada, embora se admita um modelo de investimento misto.
O modelo de operação pode passar por uma parceria público-privada (PPP), por um contrato de concessão das infra-estruturas ou por um acordo do género B.O.T. (Build, Operate, Transfer), em que no final de um período determinado, que serve para o investidor recuperar o seu
investimento, as infra-estruturas revertem para o domínio público.
Em Cabo Verde, um passo inicial para o projecto já foi dado, com o lançamento do concurso público para elaboração do estudo de viabilidade económico-financeira do Acesso Norte e da solidez financeira da Administração do Porto Grande, promotor do projecto.
A Enapor recebe as propostas até ao dia 14 de Janeiro, segundo informação divulgada pela empresa pública.
O projecto prevê um investimento total de 324,55 milhões de dólares, repartido por três fases, a mais importante das quais é a primeira, com um investimento avaliado em 150,76 milhões de dólares.
Nesta primeira fase, prevê-se uma movimentação anual de cerca de 150 mil TEU, dos quais 130 mil em transbordo e o resto repartido por operações de importação e exportação.
A movimentação de cargas deverá crescer para 390 mil TEU na segunda fase e para 1.000 mil TEU na última, de acordo com as estimativas apresentadas pela Enapor.
Dotado das melhores infra-estruturas portuárias do país, o Porto Grande dispõe de um cais de pesca, armazéns frigoríficos com capacidade de 6.000 toneladas, além de um terminal de cabotagem, para carga de mercadorias e de passageiros, com 230 metros de perímetro de acostagem e uma rampa "roll-on/roll off".
Aos investidores, a Enapor "acena" com a capacidade logística e tarifas competitivas, além da localização geográfica e condições naturais, que tornam São Vicente capaz de transformar-se numa "plataforma marítima" para os transportadores e pescas.
Os portos do arquipélago "têm sido uma plataforma ideal para muitos tipos de navios que procuram apoio logístico: abastecimento, transbordo de pescas, troca de tripulações e reparações navais", e o tráfego tem vindo a aumentar, em particular para a África Ocidental, refere a Enapor.
Até ao primeiro semestre de 2008, o total de mercadorias movimentadas nos portos cabo-verdianos cresceu 16,6 por cento (158.569 toneladas), para 1,089 milhões de toneladas.
O número de navios a escalar ao arquipélago cresceu 6 por cento, e o tráfego de passageiros subiu 5,1 por cento, para 316.518.
Paralelamente, continuam contactos entre as autoridades cabo-verdianas e a chinesas, tendo em vista o processo de privatização e de recuperação dos Estaleiros navais de Cabo Verde, que poderão vir a ser usados como base de reparação para 300 barcos Chineses que operam na região,
fazendo da ilha de São Vicente uma base de processamento de pescado.
No passado dia 24 de Dezembro, segundo a agência Inforpress, uma delegação da CNFC, grupo chinês de promoção da pesca, agricultura, comércio e indústria, visitou a Cabnave, que está em processo
de avaliação, e foi recebida ainda pela presidente da Câmara Municipal de São Vicente, Isaura Gomes.
Para o presidente da CNFC, Liu Shen Li, tratou-se de uma "visita de estudo profundo das condições das instalações da Cabnave, para favorecer a nossa cooperação".
O presidente da Cabo Verde Investimentos (CVI), Alexandre Fortes, salientou tratar-se da "primeira vez que vem a Cabo Verde o presidente do grupo, que é o maior grupo agrícola, de pesca e veterinária da china com 40 barcos de pesca", o que constitui "um passo a mais na concretização do processo da reestruturação da Cabnave", anotou.
Segundo o jornal local Expresso das Ilhas, com o presidente da CNFC viajou Wu Xiang Feng, vice-presidenteda China Agricultural Development Group Corporation (CADGC), que engloba um grupo de empresas responsáveis pela promoção e desenvolvimento da agricultura, indústria, comércio e pesca do governo chinês, tendo ambos sido acompanhados pelo embaixador da China em Cabo Verde, Wu Yuan Shan, e pelo presidente da CVI.(macauhub)
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