Rio de Janeiro, 15 janeiro 2009 (Lusa) - O ministro são-tomense das Relações Exteriores, Carlos Tiny, disse nesta quinta-feira que estão previstos para 2010 os primeiros furos na zona de exploração petrolífera conjunta com a Nigéria, ressalvando que não há garantias em relação à quantidade existente.
“Nesta zona o processo está mais avançado, os blocos estão delimitados e leiloados. Até agora não está demonstrado que tenha petróleo em quantidades comerciais, mas se houver, em 2010 já terão feito os furos nos blocos dois e três”, disse o ministro, em entrevista à Agência Lusa, no Rio de Janeiro, na visita de nove dias que está fazendo ao Brasil.
O acordo na zona conjunta estabelece 60% das receitas para a Nigéria e 40% para São Tomé.
Já foram feitas perfurações no Bloco 1, em 2006, pela empresa norte-americana Chevron-Texaco, que concluiu serem necessários mais estudos para avaliar se o petróleo e gás existem em quantidades viáveis comercialmente.
Em relação à zona econômica exclusiva, Tiny disse que “o processo está ligeiramente mais atrasado”, acrescentando que prevê para os próximos dois anos avanços nos leilões.
Preço
No entanto, ele considerou que a queda do preço do barril de petróleo nos mercados internacionais, que atualmente ronda os US$ 40 por barril, pode influenciar o desenvolvimento da indústria petrolífera no país.
“Sim o preço pode influenciar, mas a produção de petróleo é algo que deve raciocinar-se em termos de 20 ou 30 anos. Nós pensamos que o preço vai estabilizar nos próximos anos a um nível aceitável e justo que viabilize o desenvolvimento”, afirmou.
Durante a visita oficial ao Brasil, o ministro são-tomense vai iniciar conversações com representantes da Petrobras.
O governo de São Tomé e Príncipe já manifestou a intenção de criar um consórcio, que integraria, além da Petrobras, a portuguesa Galp e a angolana Sonangol, para a exploração na zona exclusiva.
Tiny afirmou que São Tomé conta com a parceria do Brasil, especialmente no âmbito do petróleo no Golfo da Guiné.
“A indústria petrolífera é pujante nessa região. Nós temos o petróleo em águas profundas e pensamos que o Brasil tem tecnologia, know-how e vontade política para colaborar”, disse o diplomata.
Neste sentido, ele considerou que o Brasil é “um parceiro estratégico” no ciclo de desenvolvimento em que São Tomé está se empenhando para os próximos anos.
“No quadro das perspectivas de São Tomé e Príncipe, há um novo paradigma que temos desenhado. O país será uma plataforma de serviços e negócios para toda a região do Golfo da Guiné e gostaríamos que o Brasil fosse um parceiro estratégico”, disse Tiny.
Segundo o ministro são-tomense, “há uma vontade política do governo de São Tomé e Príncipe de incrementar, melhorar e aprofundar as relações de cooperação com o Brasil”.
O ministro são-tomense já esteve em Salvador e está agora no Rio de Janeiro e desloca-se ainda a Brasília, com o objetivo de preparar a visita ao Brasil do primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe, Rafael Branco, prevista para o primeiro trimestre deste ano.
Na ocasião, deverão ser assinados acordos de cooperação e formalizadas iniciativas em diversas áreas: no setor industrial, petrolífero, de desenvolvimento rural, de segurança alimentar e educação.
Durante a viagem, Tiny ainda vai se reunir com diretores das Federações das Indústrias para apresentar aos empresários brasileiros o projeto de criação de zonas francas em São Tomé.
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