Coimbra, 9 janeiro 2009 (Lusa) - A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) frustrou as expectativas que levaram à sua criação, em 1996, facto que constitui "uma realidade muito dolorosa", considerou hoje em Coimbra o sociólogo Boaventura Sousa Santos.
"A expectativa era alta por não haver um país central", frisou, salientando que nenhum dos países que integram a CPLP (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste) está no grupo dos 20 que registam o nível mais elevado de desenvolvimento humano.
No entendimento do sociólogo, que intervinha numa conferência promovida pelo Centro de Estudos Sociais, da Universidade de Coimbra, o facto de não haver um país que se destacasse poderia ser uma vantagem, por não ter capacidade de mandar nos outros.
Mas o que se viu "foram mais as fraquezas que as forças, com a reprodução de neocolonialismos, não só de Portugal, mas do Brasil", criticou.
Por outro lado, referiu que a CPLP não teve capacidade para intervir em momentos decisivos, como foram as cheias em Moçambique, e "foi notada essa ausência".
"É a comunidade mais pequena, mas mais diversa do mundo. Não houve até agora vontade política para a projectar, mas está no bom caminho", acrescentou Boaventura de Sousa Santos.
Na conferência, o director-geral da CPLP, Hélder Vaz, defendeu que a unificação da grafia da língua portuguesa vai resultar na afirmação do português como língua de trabalho nas organizações internacionais.
"Pretendemos uma grafia unificada. Vamos ter de harmonizar, e depois de unificarmos, vamos melhorar", afirmou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário