Brasília, 16 abril 2008 (Lusa) – O Timor Leste vai pedir ajuda ao Brasil para formar pilotos da futura componente aérea das suas Forças de Defesa, disse nesta quarta-feira à Lusa, em Brasília, o chefe do Estado-Maior do Exército timorense.
Segundo o coronel Lere Anan, o pedido será feito durante a 10ª Reunião dos Chefes de Estado-Maior-General das Forças Armadas da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que acontece em Brasília até sexta-feira, e na qual participa uma representação do Timor Leste.
"O Brasil e Portugal sempre contribuíram de forma significativa no âmbito da defesa e segurança, mas agora há uma diferença em relação ao passado. Antes estávamos submetidos às ofertas, mas agora queremos que as ofertas sejam feitas mediante as necessidades", destacou.
O coronel Lere Anan lembrou que Timor Leste tem um plano delineado para o desenvolvimento das suas forças de defesa, conhecido como 20/20, e que os pedidos a serem feitos a Portugal e ao Brasil devem seguir as estratégias a serem adotadas até 2020.
Além do Exército, as Falintil-Forças de Defesa de Timor Leste já integram uma componente naval, dotada de duas lanchas oferecidas por Portugal.
O plano 20/20 prevê a existência de uma componente aérea das F-FDTL.
Questionado pela Lusa sobre a reivindicação timorense de formação para a componente aérea, o Almirante-de-Esquadra brasileiro Marcos Torres, chefe do Estado-Maior de Defesa, disse que o pedido terá que ser analisado.
"Nós vamos precisar estudar [o pedido do Timor Leste]. Somos sensíveis às reivindicações timorenses, mas isso tem o seu custo. É uma situação muito difícil, passa pelo apoio logístico ao Timor Leste, que é bastante longe do Brasil, e nós temos sérios problemas de orçamento", destacou o oficial brasileiro.
Em relação à crise do Timor Leste, que culminou com os atentados contra o presidente da República, José Ramos-Horta, e o primeiro-ministro, Xanana Gusmão, em 11 de fevereiro, o coronel Lere Anan disse que é a "dor do crescimento".
"Qualquer processo tem altos e baixos e eu tenho toda a garantia que Timor caminhará no sentido de uma nação estável, um país democrático dentro da região", salientou.
De acordo com o coronel Lere, a crise iniciada com os peticionários fez com que os efetivos das F-FDTL ficassem reduzidos a metade, para 700 homens.
"O nosso problema é que, muitas vezes, se politiza tudo. Nesse caso concreto, o problema deveria ser resolvido militarmente e os políticos não teriam que politizar a situação", defendeu.
O chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas de Portugal, general Valença Pinto, disse, por sua vez, esperar que Timor Leste encontre o seu caminho.
"Desejamos que o processo de consolidação da paz e da segurança interna seja bem sucedido e chegue a bom porto. Portugal estará sempre na primeira linha daqueles que estão muito empenhados nisso", destacou.
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