Maputo, 22 abril 2008 (Lusa) - O presidente moçambicano, Armando Guebuza, culpou nesta terça-feira a "crise imposta de fora", provocada pelo aumento dos preços dos cereais e dos combustíveis, pelo agravamento da pobreza no país.
Guebuza mencionou o impacto "das dificuldades de fora" na luta contra a pobreza na capital moçambicana, Maputo, por onde começou um tour por Moçambique nesta terça-feira.
Depois de saudar a capacidade dos habitantes locais e de seus dirigentes em "manter a cidade de Maputo de pé, apesar dos enormes sacrifícios", Armando Guebuza alertou que o país se defronta com novos desafios vindos do exterior.
"O arroz custa hoje mais caro do que antes, o trigo também custa hoje mais caro do que antes, e os combustíveis também. Tudo isso são novas situações que se juntam à herança da pobreza", destacou Armando Guebuza.
"Não admira que, até hoje, continuemos com problemas mais sérios de miséria no seio da nossa população", disse o presidente moçambicano.
Segundo Armando Guebuza, o fato de Moçambique não ser auto-suficiente em petróleo e cereais faz com que o país pague "uma conta bem alta" pelo agravamento dos preços no mercado internacional.
Para o líder, os governantes da capital moçambicana e sua população terão de ser "mais criativos", aproveitando os escassos recursos de que Maputo dispõe, como seu potencial hídrico.
"As soluções para os problemas que enfrentamos só podem vir se tivermos auto-estima. Não é só ver o que está errado, mas encarar o que está errado como desafios", frisou.
Além de reuniões com os dirigentes de Maputo, Armando Guebuza vai se encontrar com populares e visitar vários empreendimentos socioeconômicos durante os quatro dias de visita à capital.
O município de Maputo possui mais de um milhão de habitantes e é governado pela Frelimo, partido no poder em Moçambique.
Presidência aberta
Nesta terça-feira, o governo de Moçambique deu início a um projeto de "presidência aberta", no qual visitará todas as províncias do país.
Na quarta, o presidente moçambicano visitará a ilha de Inhaca, na costa de Maputo, e os arredores da capital moçambicana.
A visita presidencial ruma depois ao norte do país, à província de Nampula, onde Armando Guebuza estará entre 26 de abril e 1º de maio.
O chefe de Estado moçambicano voltará à estrada duas semanas depois, com visitas às províncias de Cabo Delgado (norte), de 16 a 19 de maio, e Sofala (centro), de 20 a 23 de maio.
Depois de nova pausa, a presidência aberta rumará a sul, para as províncias de Gaza e Inhambane, onde Armando Guebuza estará de 7 a 10 de junho e de 11 a 14 de junho, respectivamente.
De 23 a 26 de junho, será a vez da província de Manica, e, entre 1º e 7 de julho, Tete, ambas no centro do país.
Até o final do ano, o governante moçambicano tem ainda visitas programadas às províncias de Zambézia, no interior norte, e Niassa, uma das províncias mais inóspitas do país.
Combate à pobreza
No ano passado, o presidente moçambicano realizou uma viagem semelhante por todo o país para avaliação do combate à pobreza absoluta - prioridade do atual governo -, que afeta mais da metade da população moçambicana, estimada em 29 milhões de pessoas.
Ao longo do roteiro de quase dois meses, que começou em 12 de abril de 2007, Armando Guebuza foi distribuindo críticas e aplausos em função do desempenho de cada uma das 11 províncias no combate à pobreza absoluta.
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