Ana Luiza Zenker, enviada especial/Agência Brasil/http://www.agenciabrasil.gov.br
Assunção (Paraguai), 21 abril 2008 - Diminuir a corrupção no aparelho estatal, melhorar a cobertura dos serviços básicos oferecidos pelo Estado, promover uma política agrária que valorize os pequenos e médios produtores e dar sustentabilidade ao crescimento da economia.
Na opinião do economista e pesquisador do Centro de Análise e Difusão da Economia Paraguaia (Cadep), Fernando Masi, esses são os desafios não só do governo eleito ontem (20) no Paraguai, mas das próximas administrações do país.
Ele explica que hoje a economia paraguaia é basicamente agrícola e comercial e se apóia na exportação de commodities agrícolas, na reexportação de produtos eletrônicos e de informática e na venda de energia elétrica.
De acordo com Masi, a exportação de commodities agrícolas, como a soja e a carne, geram cerca de US$ 3,4 bilhões por ano.
Outro importante setor da economia paraguaia é o de reexportação de eletrônicos, informática e outros produtos de luxo, “que tem tanto valor quanto a exportação total do Paraguai”. Nesse caso, o principal destino é o Brasil e Cidade do Leste, na fronteira com Foz do Iguaçu, no Paraná, representa de 10% a 15% desse comércio.
“Esse comércio tem outras formas de entrar no Brasil, além da Ponte da Amizade”, afirma o economista, em referência ao transporte direto até o Porto de Paranaguá, no Paraná, e ao aéreo, em pequenos aviões.
A venda de energia elétrica das usinas de Itaipu e Yaciretá, assinala Masi, também é essencial para a economia paraguaia. “Se o Estado deixa de receber os ingressos das hidrelétricas, deixa de ganhar de 20 a 25% dos seus ingressos totais”, diz. Além disso, o superávit de 1% nas contas públicas se tornaria um déficit de 2,8%.
“Esse tripé pode garantir um crescimento seja sustentável? A resposta é não”, afirma. Isso porque nos três setores o Paraguai depende de alguns fatores, seja do preço das commodities e do clima, seja da demanda do comércio brasileiro ou mesmo da capacidade que o Brasil tem de comprar energia.
Como saída para dar sustentabilidade ao crescimento da economia, que em 2007 foi de 6%, com um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 11,798 bilhões, Masi diz que é necessário industrializar o país, especialmente por meio da agroindústria, com investimentos do Estado. Outras possibilidades de indústrias são as eletrointensivas, como às destinadas à produção de comportas para usinas hidrelétricas, desenvolvidas no país depois da construção de Itaipu.
Além disso, Masi defende uma política agrária diferente, que valorize os pequenos e médios produtores e dê possibilidades para que eles sejam competitivos no mercado. Isso evitaria a expulsão de pessoas que vivem no campo, que hoje são 43% da população, para as cidades, onde não encontram emprego.
Não menos importante para o próximo presidente, avalia Masi, são os desafios de combater a corrupção e melhorar a cobertura de serviços públicos básicos, como saúde, educação e acesso à água potável e a estradas asfaltadas, num país cuja carga tributária está em 12%.
“Se alguém vê esses indicadores, pode se assustar. Se comparar com um país pequeno como o Uruguai, é um abismo”, afirma o economista. Como exemplo, lembra que cerca de 40% da população não tem água potável e somente 11% das estradas são asfaltadas.
http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2008/04/21/materia.2008-04-21.5114710589/view
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