sábado, 19 de abril de 2008

Paraguaios elegem novo presidente no próximo domingo

18 abril 2008 / Adital / http://www.adital.com.br
Agência de Informação Frei Tito para a América Latina

Mais de 2,8 milhões de paraguaios têm o direito a ir às urnas, no próximo domingo (20), para eleger o futuro presidente do país e, depois de 61 anos, eles podem fazer história: dar a vitória a um candidato que não é postulante ao cargo pelo Partido Colorado, e sim pela Aliança Patriótica. É o ex-bispo Fernando Lugo, que está na frente em todas as pesquisas de intenção de voto.
Lugo chega à reta final de campanha com a preferência popular, sustentado por um discurso em favor do povo. Em inúmeras ocasiões, ele defendeu a reforma agrária e a soberania paraguaia nas decisões sobre a hidrelétrica de Itaipu - compartilhada com o Brasil. Ontem, ao fazer sua fala de encerramento de campanha, para mais de 60 mil pessoas, ele disse que a eleição será o dia da ressurreição do povo paraguaio.
Durante o discurso ele dirigiu-se a segmentos sociais específicos. Assim, aos emigrantes, Lugo disse que esses voltarão ao Paraguai com seus filhos e famílias. Além disso, o candidato apontou os indígenas como os primeiros donos dos recursos naturais do país, mas que agora não tem acesso a eles.
As eleições paraguaias, de turno único, têm ainda, entre os quatro candidatos mais bem colocados nas pesquisas, a ex-ministra da educação do atual governo, Blanca Ovelar, do Partido Colorado; o ex-general Lino Oviedo, da União Nacional de Cidadãos Éticos (Unace); e Pedro Fadul, do Partido Pátria Querida.
Segundo especialistas em política paraguaia, pelo menos 1,5 milhão dos eleitores do país são filiados ao Partido Colorado. No domingo, muitos devem mudar de lado, pois as classes mais pobres - que tradicionalmente votam nos colorados - devem dividir os votos entre a representante do partido e Lugo. O ex-bispo também é visto como o preferido pela classe universitária.
Apesar de seu aberto apoio a reivindicações populares, Lugo tem como vice o liberal Frederico Franco e, apesar de se colocar a favor da reforma agrária, deu garantias a agro-exportadores, ao se rodear de assessores moderados. O jornal La Hora revelou em sua última pesquisa que Lugo tem 34% das intenções de voto da população, enquanto Oviedo tem 29%, praticamente empatado com a candidata oficial, Blanca Ovelar, que tem 28,5%.
No domingo, os paraguaios escolherão também seus próximos governadores, legisladores nacionais, regionais e representantes para o Parlamento do Mercosul. Segundo a chefe da missão de observadores da Organização de Estados Americanos (OEA), Maria Emma Mejía, não há ameaça de "agitadores", para atrapalhar o pleito.
"Garanto a vocês que não há colombianos, equatorianos, venezuelanos ou uruguaios que queiram atentar ou perturbar estas eleições ou a democracia no Paraguai". A explicação da chefe foi para desmentir o atual presidente, Nicanor Duarte, que quis perturbar o cenário eleitoral, divulgando que agitadores estrangeiros iriam atrapalhar o processo eleitoral de domingo.
Os supostos agitadores - nove colombianos presos pela polícia - estavam no país para acompanhar o time de futebol Nacional de Medellín, pela Copa Libertadores da América. Mejía convidou a população a ir às urnas, pois as eleições são muito importantes "para a democracia na América Latina".

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