Rio de Janeiro, 18 abril 2008 – O II Congresso da CPLP encerrou quinta-feira, no Rio de Janeiro, Brasil, após fortes debates sobre a situação do Vih/Sida em Angola, Brasil, Portugal, Cabo-Verde, Guine Bissau, Moçambique e São Tome, e a necessidade de se fortalecer os laços de cooperação para o combate a essa doença, na comunidade.
Dos 33 milhões de pessoas infectadas no mundo, 22.5 estão em África, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
A situação é especialmente grave entre as mulheres jovens, pois elas chegam a ser três vezes mais vulneráveis ao Sida do que os homens, facto que se deve ao acesso limitado a educação e ao trabalho que gera dependência econômica, o sexo tratado como tabu no seio de muitas famílias, a poligamia e a pouca capacidade de exigir o uso de preservativo.
No entanto, segundo a OMS, algumas melhorias foram observadas: a freqüência da infecção por Vih em grávidas tem sido reduzida e houve um aumento significativo no número de pessoas em tratamento: enquanto em 2003 eram 1,3 milhão, em 2007 o número subiu para 2,1 milhões.
A directora nacional do Instituto de Luta contra a Sida, Dulcelina Serrano, ao falar de Angola, adiantou que a prevalência da doença e de 2.1, uma taxa privilegiada com relação aos demais países da região.
No entanto, existe preocupação com um possível alastramento da doença devido a circulação de pessoas de e para países vizinhos com índices elevados.
Para Cabo Verde, as experiências positivas estão no aumento do uso de preservativos pela população em geral, verificada nos últimos anos, na melhoria do diagnóstico precoce e nos 78 por cento de cobertura pré-natal alcançados pelos sistemas de saúde.
Segundo a diretora geral de saúde do Ministério da Saúde, Jaqueline Pereira, uma das principais necessidades é investir no reforço das ações de prevenção entre jovens, por meio de programas que envolvam as escolas.
Já na Guine-Bissau, a educação também é actividade estratégica, onde o conhecimento da população sobre Sida ainda é muito restrito.
“Em uma pesquisa com jovens de 15 a 25 anos, cerca de 73 por cento responderam acreditar que a doença é transmitida por meio de picada de mosquito”, de acordo com Tomé Sá, representante do Ministério da Saúde daquele país.
O director cientifico do Instituto Nacional de Saúde de Moçambique, Ricardo Thompson, destacou o controle dos casos e o sistema de sentinela, em sua dissertação, embora a ocorrência da infecção tenha começado a se estabilizar em nível no país como um todo, algumas regiões ainda apresentam crescimento.
Para compreender melhor esta dinâmica, o governo iniciará ainda em 2008 um inquérito nacional sobre comportamento e prevalência do Vih.
O representante do Programa de Luta contra a Sida em São Tomé e Príncipe, Alzira Segundo, apresentou o plano estratégico que o país tem executado para o enfrentamento da doença, cuja meta e reduzir o risco de infecção, a vulnerabilidade e o impacto da epidemia, que, além de ter crescido entre os jovens, as mulheres e os mais pobres, já não está restrita às grandes cidades. Durante o encontro, foi igualmente espelhado os progressos e os desafios em relação ao desenvolvimento de uma vacina contra o Vih.
Alberto Duarte, da Universidade de São Paulo, lembrou que desenvolver uma vacina não é tarefa simples e pode levar de nove a 18 anos ou até mais.
Segundo o mesmo, apesar das dificuldades – que incluem a diversidade do vírus e das populações acometidas pela Sida, o custo elevado das pesquisas e o recrutamento de voluntários para os ensaios clínicos –, pode-se acreditar numa futura vacina contra o Vih, dado os conhecimentos já acumulados sobre o vírus e a resposta imunológica dos pacientes, bem como informações sobre pessoas expostas e não infectadas.
O primeiro Congresso da agremiação teve lugar em Angola, onde os participantes assumiram compromissos que constam da denominada carta de Luanda.
Neste segundo encontro também os presentes subscreveram outro documento chamado carta do Brasil.
Estiveram presentes no encontro de quatro dias, perto de 300 pessoas, das quais especialistas, pesquisadores, estudantes, representantes de ONG, deputados, representantes de vários sectores sociais e altos funcionários da Organização Mundial da Saúde (OMS). (AngolaPress)
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