terça-feira, 25 de outubro de 2016

Angola/CAPITAL DA DIPLOMACIA

25 outubro 2016, Jornal de Angola http://jornaldeangola.sapo.ao (Angola)

Nas próximas horas, Luanda transforma-se na capital da diplomacia sub-regional com o início, hoje, da reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros que integram o Mecanismo Regional de Supervisão do Quadro de Paz, Segurança e Cooperação para a República Democrática do Congo (RDC).

Trata-se de um encontro preparatório para a Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo, marcada para amanhã, que foi precedida de intensa actividade diplomática que contribuiu para que os actores políticos no Mecanismo Regional de Supervisão do Quadro de Paz, Segurança e Cooperação para a República Democrática do Congo convergissem numa plataforma de entendimento.

O acordo alcançado entre os representantes do Presidente Joseph Kabila e delegados da oposição foi
um grande passo porque, além de trazer juntos o Governo e a oposição,  permite gerir uma fase delicada do processo político e institucional que o país vai passar a viver. Como variadas vezes tem sido defendido pelo Presidente da República, José Eduardo dos Santos, igualmente nas vestes de presidente da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL), é fundamental que os actores políticos saibam privilegiar o diálogo inclusivo e a concertação. E a História recente dos povos africanos prova que sempre que  um processo para solucionar crises políticas ou militares abranja o maior de número de representantes de todas as sensibilidades, minimizam-se bastante as margens de derrapagem.

Na RDC, independentemente do caminho longo ainda por percorrer na materialização do acordo recente, não há dúvidas de que se deu um passo fundamental para a gestão do período que se segue. Mais do que isolar as forças que, por vontade própria, se mantêm à margem do processo, como táctica para diluir os entendimentos alcançados, deve-se manter a porta aberta para que estas reconsiderem o lado errado em que estão.

Além da situação do Mecanismo Regional de Supervisão do Quadro de Paz, Segurança e Cooperação para a República Democrática do Congo, que constitui parte fundamental das preocupações das diplomacias e lideranças da sub-região, os últimos acontecimentos na República Centro Africana (RCA), no Burundi e no Sudão do Sul constam  da agenda.

A União Africana e a CIRGL, em particular, deverão prestar muita atenção aos desenvolvimentos no Sudão do Sul, onde crescem as ameaças de desintegração do país por razões étnicas e por causa de conflitos cíclicos. Tal como foi possível o acordo que envolveu representantes do Presidente Salva Kiir e do então Vice-Presidente, Riek Machar, é preciso que as diplomacias e lideranças da sub-região sejam capazes de levar os sul-sudaneses a encararem com seriedade a situação por que passa o país. Os actores políticos naquele país devem olhar para os números que colocam o país à beira da catástrofe, atendendo que a paz precária  desde 2011, ano da independência, não serviu para um reassentamento condigno das populações, para a implementação de um programa de combate à má nutrição que afecta a maioria das crianças do Sudão do Sul.
  
O sucesso do processo, ainda que precário, de transição e democratização na República Centro Africana deve continuar a ser encorajado, numa altura em que o Governo do Presidente Faustin Touaderá privilegia três pontos essenciais da sua promessa eleitoral, a paz, a reconciliação e a coesão social. O tecido social da República Centro Africana sofreu gravemente com a instabilidade e conflito militar, que dividiu a sociedade em linhas étnicas, religiosas e regionais. É fundamental que aos esforços do actual Governo daquele país se juntem iniciativas encorajadoras dos seus parceiros para que a paz, a concertação interna entre todas as sensibilidades, a estabilidade e a democratização sejam irreversíveis.

No Burundi, é expectativa da União Africana e da CIRGL que as autoridades continuem a envidar esforços no sentido de uma correcta gestão dos principais desafios políticos e sociais daquele país. As preocupações sobre a situação por que passa o Burundi devem ser levadas em linha de conta pelas autoridades locais para que a tensão política não leve à ruptura dos fundamentos em que assenta  a construção do Estado de Direito.

As instituições continentais e sub-regionais devem fazer o acompanhamento devido para que, à semelhança de iniciativas que servem como paradigmas na resolução de conflitos, continuem a ser exemplo em África.

Em todo o caso, esperamos  que na capital angolana venha a ser arquitectado um conjunto de estratégias e plano de acção que, dirigidos para os vários Estados individualmente, sirvam a todos os países da sub-região. Os povos de toda a sub-região esperam por isso porque sabem que só com paz e estabilidade é possível o desenvolvimento. Atendendo ao nível de concertação e coordenação entre as lideranças regionais, temos esperança de que os Chefes de Estado e de Governo são capazes de fazer jus às aspirações dos povos da região, nomeadamente viver em paz, estabilidade e com os olhos virados para o progresso. É maior ainda a expectativa de todos os  angolanos por os  problemas e desafios que os países da sub-região enfrentam  estejam a ser discutidos em Luanda, nesta altura a capital da diplomacia regional.


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Angola/José Eduardo dos Santos culpa Estados Unidos pela instabilidade em África
19 outubro 2015, Pátria Latina http://www.patrialatina.com.br (Brasil)

O Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, responsabilizou hoje a política externa dos últimos presidentes dos Estados Unidos pela instabilidade em África e no Médio Oriente, pedindo uma “neutralidade mais ativa” às Nações Unidas.

O chefe de Estado discursava na Assembleia Nacional, em Luanda, sobre o Estado da Nação, durante a sessão solene de abertura da quinta sessão legislativa da III legislatura, a última antes das eleições gerais de 2017, tendo responsabilizado diretamente as administrações de George W. Bush e de Barack Obama.

“Cada um com a sua especificidade e com o beneplácito dos seus aliados”, disse.

Angola, o maior produtor de petróleo em África, é um tradicional aliado da Rússia, Cuba e mais recentemente da China, sendo atualmente membro não permanente do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

“Utilizando a força, os Estados Unidos levaram a cabo intervenções em várias partes do mundo para impor os seus valores políticos, com resultados adversos. Acabaram assim por gerar mais instabilidade no Médio Oriente, na Ásia e em África, onde não conseguiram nem impor a paz, nem desencorajar os movimentos terroristas”, afirmou José Eduardo dos Santos.

“Que rumo agora seguirá a política externa americana, com o novo Presidente a ser eleito em novembro? Qual será a reação da Rússia e de outras potências de desenvolvimento médio? Um mundo mais seguro só pode ser arquitetado na base do diálogo e do entendimento desses dois grupos, e de uma neutralidade mais ativa da parte das Nações Unidas”, concluiu.
O Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, enviou na sexta-feira uma mensagem de felicitações a António Guterres, pela sua eleição como secretário-geral das Nações Unidas, prevendo uma liderança “firme e esclarecida”.

De acordo com uma nota da Casa Civil do Presidente da República, José Eduardo dos Santos transmitiu na sua mensagem que António Guterres “poderá contar com o apoio da República de Angola na consecução dos fins, princípios e valores consagrados na Carta das Nações Unidas em prol da paz e segurança internacionais”.
Na mesma mensagem, o chefe de Estado angolano ressaltava que as “qualidades pessoais” do antigo primeiro-ministro português “constituem uma garantia inequívoca de que aquela organização internacional poderá contar com uma liderança firme e esclarecida”, para dessa forma “superar os inúmeros desafios que se colocam no complexo mundo atual”.
António Guterres vai assumir a liderança das Nações Unidas por um mandato de cinco anos, até
31 de dezembro de 2021.
Pars Today

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