8
janeiro 2015, Conselho Indigenista Missionário http://www.cimi.org.br (Brasil)
Fonte da notícia: Articulação dos Povos Indígenas do Brasil – APIB
A
Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) manifesta publicamente a sua
preocupação e repúdio às declarações dadas ao jornal Folha de S. Paulo, no
último dia 5 do presente, pela senhora Kátia Abreu, latifundiária, presidente
licenciada da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e ministra
de Agricultura do governo Dilma. É inadmissível, o preconceito e a
discriminação explicitados por esta representante do poder econômico
agroexportador, inclusive contra outras organizações e movimentos sociais, que
não esconde seus propósitos de restringir ou suprimir os direitos indígenas em
favor do império do setor que ela representa sobre as terras e os territórios
indígenas.
O
discurso neocolonizador, autoritário e etnocêntrico da senhora Kátia Abreu que
tenta justificar a inversão de direitos, a invasão, espoliação e esbulho das
terras indígenas, dizendo que foram os índios que “saíram da floresta e
passaram a descer nas áreas de produção”, preocupa, não só por
explicitar a sua posição em favor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215 que visa o fim da demarcação das terras indígenas, mas porque disse ter recebido da presidente Dilma a missão de “revolucionar”, na sua área, questões relacionadas com “logística, PAC 2, PAC 3”, entre outras questões.
explicitar a sua posição em favor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215 que visa o fim da demarcação das terras indígenas, mas porque disse ter recebido da presidente Dilma a missão de “revolucionar”, na sua área, questões relacionadas com “logística, PAC 2, PAC 3”, entre outras questões.
O
contexto do discurso parece mostrar a continuação da lógica que predominou no
primeiro mandato do governo Dilma, quando houve a determinação política de
paralisar a demarcação das terras indígenas, de tentar impor mudanças nos
procedimentos de demarcação dessas terras, de instalar mesas de diálogo em
áreas de conflito que em condições desiguais serviram apenas para empoderar os
invasores e acirrar a criminalização, a prisão arbitrária e o assassinato de
lideranças indígenas.
Diante
desses precedentes e do aparente poder arguido pela ministra da Agricultura, a
Apib quer saber se a visão defendida por esta senhora será mesmo o norte e a
marca do governo Dilma com relação aos direitos indígenas durante esses
próximos quatro anos do “futuro do Brasil”, em favor do latifúndio e do
agronegócio. Ou a presidente da República vai mesmo fazer acontecer o que
apregoou no seu discurso de posse, quando disse defender direitos conquistados:
“Nenhum direito a menos, nenhum passo atrás, só mais direitos e só o caminho à
frente. Esse é meu compromisso sagrado perante vocês. Esse é o juramento que
faço nessa praça”.
Na
perspectiva de “uma nova etapa nesse processo histórico de mudanças
sociais”, a inserção soberana do Brasil na política internacional não pode
estar marcada, entre outros valores, pela defesa da democracia e defesa dos
Direitos Humanos, enquanto internamente permite a perpetuação de políticas e
práticas etnocidas e genocidas que há mais de 514 anos vitimam os povos
indígenas.
Brasília
– DF, 7 de janeiro de 2015
Articulação
dos Povos Indígenas do Brasil – Apib
Mobilização
Nacional Indígena
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