21
janeiro 2015, Pátria Latina http://www.patrialatina.com.br
(Brasil)
Luisa María González*
Quito (Prensa
Latina) -- Destinada historicamente a desempenhar um papel periférico no
cenário internacional, a região Ásia-Pacífico se ergue como uma das mais
prometedoras, em face ao desenvolvimento futuro do planeta.
Nisso
coincidiram representantes de 17 países dessa região que se reuniram no Equador
no 23 Fórum Parlamentar Ásia-Pacífico (APPF, por suas siglas em inglês), para
trocar pontos de vista e buscar um consenso com o fim de dinamizar o avanço
destas populações.
O
chanceler do país anfitrião, Ricardo Patiño, disse em uma conferência magistral
que "o Pacífico, entendido e construído como essa região de encontro e de
fortalecimento comum, será a zona econômica mais importante do mundo, em termos
econômicos e comerciais, na próxima década".
Acrescentou
que os países limítrofes com o Grande Oceano têm aproximadamente metade da
população e 57% do comércio mundiais, números que
apontam para um crescimento
nos anos e décadas vindouras.
Depois
de quatro dias de sessões na sede da Assembleia Nacional do Equador, os
participantes expressaram seu acordo em torno de questões como fortalecer o
multilateralismo frente as pretensões hegemônicas de algumas potências do
planeta.
Também
defenderam buscar a preservação da paz como pré-condição para impulsionar e
consolidar o desenvolvimento da região, bem como fortalecer a cooperação para
promover o surgimento de uma nova ordem mundial.
A
presidenta do Parlamento equatoriano e da 23 edição do APPF, Gabriela
Rivadeneira, fez um chamado para fortalecer o diálogo entre os entes
legislativos da região e para construir uma nova ordem no planeta para se
chegar a maiores níveis de equidade.
Por
sua vez, a presidenta do Senado russo, Valentina Matvienko, disse que a
cooperação bilateral e multilateral é a via para enfrentar as atuais ameaças à
paz e à segurança mundiais.
A
líder apontou que as relações internacionais atravessam momentos complexos
devido às agressões aos princípios democráticos consagrados na Carta das Nações
Unidas.
Daí
a necessidade de se consolidar um mundo novo, polissêmico e mais sustentável,
acrescentou, onde as relações se erijan sobre o respeito mútuo, o equilíbrio de
interesses, sem hegemonia ou exclusividade.
Mudar a ONU e o Conselho de Segurança
Uma
questão abordada com recorrência foi a necessidade de se promover uma
transformação nos órgãos das Nações Unidas e particularmente em seu Conselho de
Segurança, com o propósito de garantir uma maior representatividade de todos os
países do planeta.
Sobre
o tema, Rivadeneira afirmou que "o Equador apoia a necessidade da
realização de uma reforma integral nos órgãos das Nações Unidas que aponte para
a democratização do Conselho de Segurança".
Enquanto
isso, o chanceler Patiño considerou que o Conselho de Segurança, atualmente
integrado por cinco membros permanentes com direito a veto (Estados Unidos,
Reino Unido, França, Rússia e China), continua funcionando de forma fechada,
imperfeita e viciada.
Ambos
os porta-vozes se pronunciaram a favor de que a entidade esteja conformada por
blocos que garantam uma verdadeira representatividade das diferentes regiões, o
que seria conseguido com a presença da União Europeia, da União Africana, da
Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), Ásia, e América
do Norte.
Tráfico humano e mudança climática
A
preocupação pelos efeitos da mudança climática esteve entre os encontros do
Fórum, bem como a busca de uma coordenação regional para enfrentar este
fenômeno.
Sobre
o assunto, o assembleista Carlos Viteri disse que "os prejuízos produzidos
pelo aquecimento global são sofridos pelos cidadãos e principalmente pelos
setores mais vulneráveis, como as comunidades ancestrais; por isso, a partir de
este espaço pedimos que os parlamentos adotem medidas contundentes para frear
esse processo".
Em
declarações à Prensa Latina, o deputado pôs o exemplo da Micronésia, uma região
insular da Oceania onde o aumento do nível do mar está reduzindo parte do
território, o que faz com que os esforços contra a mudança climática sejam
"uma luta pela vida".
Por
outro lado, o parlamentar e chefe da delegação do Canadá, Michael Wallace,
apontou que seu país considera o assunto do tráfico humano prioritário.
Manifestou
que "infelizmente muito do tráfico humano provem da região Ásia
Pacífico", daí a importância de que o problema seja abordado no Fórum
parlamentar para lutar contra esse mal a partir da mesma formulação das normas.
Segundo
disse à Prensa Latina, o Canadá incentiva que os diferentes países reconheçam a
necessidade de se lutar contra o tráfico de pessoas como o início de um
processo para prevenir o fenômeno, e que é vital julgar aqueles que estão
envolvidos nesse negócio e obtêm dele benefícios econômicos.
Ao
finalizar o evento, foram aprovadas 18 resoluções que reúnem estas e outras
preocupações dos parlamentares, cujo cumprimento será verificado na próxima
edição do APPF, prevista para o próximo ano na cidade canadense de Vancouver.
* Correspondente da Prensa Latina
no Equador.
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