domingo, 25 de janeiro de 2015

Ucrânia: GUERRA EM KIEV E P’RÁ LÁ DE KIEV?

23 janeiro 2014, Redecastorphoto http://redecastorphoto.blogspot.com.br (Brasil)
22/1/2015, Moon of Alabama* Ukraine: War In Kiev And Beyond?

Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Hoje, finalmente, o governo ucraniano admitiu, três dias depois de ter acontecido, que perdeu posições e o controle sobre o aeroporto de Donetsk. Aquelas posições no aeroporto davam cobertura às posições controladas pela artilharia ucraniana no noroeste de Donetsk. Aquelas posições de artilharia estavam  bombardeando a cidade, que os federalistas controlam; e os federalistas atacaram o aeroporto, para deslocá-las de lá.

Segundo estatísticas fornecidas a VICE News pelo necrotério, registraram-se 157 mortos em Donetsk desde o início de janeiro, 119 das quais nas duas últimas semanas.

Zakharchenko tuitou a destruição das baterias 
"ukies" que bombardeavam áreas civis em Donetsk

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Demorou para que os federalistas finalmente conseguissem ocupar todo o aeroporto. Vários contra-ataques pelo exército ucraniano foram repelidos, e as forças contra-atacantes foram destruídas.

Partes do aeroporto foram controlados durante meses pelos radicais “voluntários” do Partido Setor Direita (Pravy Sektor), que agora formam a “Guarda Nacional” da Ucrânia. O 3º nome na lista eleitoral do Partido foi capturado pelos federalistas, e o líder
daqueles radicais, Dmytro Yarosh, foi ferido quando inspecionava a posição dos neonazistas no aeroporto.

Tem havido combates não decisivos mais ao sul, perto de Mariupol, e luta no nordeste, perto de Lugansk, com os federalistas obtendo alguns pequenos avanços. Mas o mapa geral não mudou muito nos últimos meses.

O exército ucraniano continua a recrutar e, com a ajuda de alguns membros da OTAN, está reunindo maiores forças. Duvido muito que tenham a motivação, o treinamento, equipamento ou comando indispensáveis para serem bem sucedidos em combate. Vovó não vai dar certo. Os soldados do lado oposto já se comprovaram melhores, em vários aspectos. Apesar de repetidas “declarações” do governo ucraniano, segundo as quais mil, 2 mil ou 9 mil soldados regulares e centenas de tanques russos estariam combatendo ao lado dos federalistas, nenhum desses foi jamais documentado.

O exército ucraniano não pode vencer uma guerra contra os federalistas apoiados pela Rússia. O governo ucraniano está quebrado, e não acha quem o “resgate”. Por que tanto insiste em tentar fazer guerra?

Minha impressão é que os EUA continuam a empurrar o governo ucraniano para que mantenha seus inúteis esforços, para invalidar e tornar nulo qualquer acordo de cessar-fogo, liderado pela Europa, com a Rússia, e, assim, manter vigentes as sanções contra a Rússia. Guerra Fria 2.0 com ‘procuradores’ em guerra na Ucrânia é o plano dos EUA para impedir que a Rússia desafie a posição global de ‘eu-só-eu-e-mais-eu’, dos EUA.

Todo o conflito parece basear-se em planos de mais longo prazo:

Soldados norte-americanos serão deslocados para a Ucrânia nessa primavera, para começar a treinar quatro companhias da Guarda Nacional Ucraniana, disse o comandante do Exército dos EUA na Europa, tenente-general Ben Hodges, durante visita a Kiev na 4ª-feira (21/1/2015).

Mas o número de soldados que será deslocado para a Área de treinamento de Yavoriv, próxima da cidade de L'viv — a cerca de 100 km da fronteira da Polônia – ainda não foi fixado.

Hmmmm. A Guarda Nacional Ucraniana é constituída principalmente de unidades fascistas, responsáveis pelas matanças na Praça Maidan, que levaram ao golpe contra o governo eleito na Ucrânia. É a capital ucraniana ocidental dos fascistas ucranianos. Por que militares dos EUA treinariam aquelas unidades perto de Lviv, quando o exército ucraniano regular está tão óbvia e visivelmente carecendo de treinamento?! Por que treiná-los na próxima primavera se o conflito, com um pouco de boa vontade dos dois lados, pode estar resolvido em um, dois meses?

Zakharchenko tuitou a destruição das baterias 
"ukies" que bombardeavam áreas civis em Donetsk

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A experiência ensina que sempre que os EUA anunciam oficialmente que iniciarão treinamento em tal mês e em tal lugar, já está em andamento algum treinamento completamente não oficial e muitas vezes clandestino.

Tenho zero dúvidas de que forças especiais dos EUA, provavelmente disfarçadas como “empresários fornecedores [de qualquer coisa] contratados”, já estão treinando unidades ucranianas semi-irregulares. Uma vez que a guerra convencional não parece ajudar a causa do governo ucraniano, aquelas unidades provavelmente estarão sendo preparadas para guerra ainda mais suja.

Há, de fato, sinais de que já há ação de comandos locais de “guerrilha” [orig. partisan warfare] contra os federalistas. Hoje, foram disparados morteiros em áreas civis de Donetsk, que atingiram um ônibus e mataram 13 pessoas. Diferentes dos morteiros da artilharia regular, esses morteiros são armas de curto alcance. Os que os dispararam estavam dentro de área predominantemente federalista, mas não fortemente controlada. Escrevendo de Donestk, Alec Luhn, do The Guardian, tuitou hoje:

Comandos locais de guerrilha? Batalhão Dnipro-1 diz que comandos locais na região de Lugansk explodiram um trem carregado de carvão para a Rússia.

Se estiver acontecendo o que desconfio que esteja, e essas unidades semirregulares do governo ucraniano estiverem fazendo guerra-de-guerrilhas em regiões controladas pelos federalistas, então a resposta óbvia dos federalistas será despachar unidades semelhantes para áreas controladas pelo governo ucraniano. Significa guerra em Kiev e p’rá lá de Kiev.

*“Moon of Alabama” é título popular de “Alabama Song” (também conhecida como“Whisky Bar ou “Moon over Alabama”) dentre outras formas. Essa canção aparece na peça Hauspostille (1927) de Bertolt Brecht, com música de Kurt Weil; e foi novamente usada pelos dois autores, em 1930, na ópera A Ascensão e a Queda da Cidade de Mahoganny. Nessa utilização, aparece cantada pela personagem Jenny e suas colegas putas no primeiro ato. Apesar de a ópera ter sido escrita em alemão, essa canção sempre aparece cantada em inglês. Foi regravada por vários grandes artistas, dentre os quais David Bowie (1978) e The Doors (1967). A seguir podemos ver/ouvir versão em performance de David Johansen com legendas em português. 


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