sábado, 6 de dezembro de 2014

BRICS, БРИКС/DESGOSTOSA E DECEPCIONADA, RÚSSIA DESISTE OFICIALMENTE DE TODOS OS ESFORÇOS DE “DIÁLOGO” COM O IMPÉRIO ANGLO-SIONISTA

5 dezembro 2014, Redecastorphoto http://redecastorphoto.blogspot.com.br (Brasil)

The SakerThe Vineyard of the Saker
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

 
A Alemanha não conseguiu colonizar a Russia na IIa Guerra Patriótica

Amigos,

A íntegra do discurso do presidente Putin à Assembleia Federal da Rússia já está disponível online [aqui, em espanhol e outras línguas] e, como é texto muito longo, não o reproduzirei. Proponho-me aqui a chamar a atenção de todos para quatro trechos, reproduzidos verbatim daquele discurso, com algumas passagens chaves assinaladas em negrito.

A maior parte do discurso tratou de questões econômicas e internas, mas me parece que esses quatro pontos, especialmente as expressões que Putin escolheu, realmente “contam a história” da posição do Kremlin, hoje, vis-à-vis o ocidente. Vejam com os próprios olhos:

1) Crimeia é russa para sempre:

Foi evento de especial significação para o país e o povo, porque a Crimeia é onde vive nosso povo e a península tem importância estratégica para a Rússia como fonte espiritual do desenvolvimento de uma nação russa multifacetada mas sólida e de um estado russo centralizado. Na Crimeia, na cidade ancestral de Chersonesus ou Korsun, como se lê nos antigos cronistas russos, que o Grande Príncipe Vladimir foi batizado, antes de trazer o cristianismo para a Rus.

Além da similaridade étnica, língua comum, elementos comuns da cultura material, território comum, embora antes não houvesse fronteiras demarcadas, e nascentes economia e governo comuns, o cristrianismo foi poderosa força espiritual de unificação que ajudou a envolver várias tribos e uniões tribais do vasto mundo eslavo oriental na criação de uma nação russa e de um estado russo. Foi graças a essa unidade espiritual que nossos antepassados, pela primeira vez, e dali para sempre, viram-se, eles mesmos, como nação unida. Tudo isso nos autoriza a dizer que a Crimeia, antiga Korsun ou Chersonesus, e Sevastopol têm inestimável valor civilizacional, mesmo, sagrado, para a Rússia, como o Monte do Templo em Jerusalém para os seguidores do Islã e do Judaísmo. E assim será a Crimeia, para sempre, para nós.



Brigadas antinazistas femininas da Crimeia (Sinferopol) na IIa. Guerra Patriótica


2) Rússia jamais será colônia da União Europeia:

Quanto a isso, a Rússia já fez importante contribuição para ajudar a Ucrânia. Permitam-me reiterar que bancos russos já investiram cerca de US$ 25 bilhões na Ucrânia. Ano passado, o Ministro de Finanças da Rússia prorrogou empréstimo de mais US$ 3 bilhões. A Gazprom garantiu mais
US$ 5,5 bilhões à Ucrânia e até ofereceu um desconto não solicitado, sob a condição de que o país pagasse US$ 4,5 bilhões. Somem tudo e chega-se ao total de US$ 32,5-33,5 bilhões mobilizados para ajudar a Ucrânia, só nos últimos tempos.

Claro: temos o direito de levantar perguntas. Para que serviu a tragédia ucraniana? Não teria sido possível acertar as diferenças, inclusive as disputas, pelo diálogo, no quadro de legalidade vigente e com legitimidade? Agora nos veem com conversa de que aquela seria política competente e equilibrada, com a qual teríamos de pactuar, sem perguntas, de olhos vendados.

Não acontecerá nunca. Se, para alguns países europeus o orgulho nacional é conceito há muito esquecido, e a soberania não passa de uma espécie de luxo, a verdadeira soberania é, para Rússia, absolutamente necessária para a sobrevivência.

3) O Império já era inimigo mortal da Rússia muito antes da Crimeia

Lembramos bem como e quem, quase abertamente, apoiou o separatismo naquele momento, e até o mais visível terrorismo na Rússia, obra de assassinos cujas mãos estavam manchadas de sangue, ninguém menos que rebeldes e as recepções de alto nível organizadas para eles. Aqueles “rebeldes” mostram a cara novamente na Chechênia. Não tenho dúvidas de que o pessoal local, as autoridades legais locais tomarão conta adequadamente deles. Agora, trabalham para eliminar mais uma ação terrorista. Nós os apoiamos.

Quero reiterar que não esquecemos a recepção de alto nível que receberam terroristas travestidos como combatentes da liberdade e da democracia. Naquele momento, percebemos que quanto mais espaço damos a eles e quanto mais desculpas criamos, mais nossos oponentes tornam-se ousados e mais agressivas e cínicas as infrações e crimes que cometem.

Apesar de nossa abertura de antes, sem precedentes, e de nossa disposição para cooperar em tudo, até nas questões mais sensíveis, apesar do fato de que consideramos – e todos os senhores e senhoras sabem disso e lembram disso – nossos ex-adversários como amigos próximos e até como aliados, o apoio externo ao separatismo na Rússia, inclusive informação, apoio político e financeiro e apoio e atenção fornecidos pelos serviços especiais – foi absolutamente óbvio e não deixou qualquer dúvida de que eles permitiriam com prazer que a Rússia seguisse o cenário iugoslavo de desintegração e desmembramento. Com as consequências mais trágicas para o povo da Rússia.

Não deu certo. Não permitimos que acontecesse.

Exatamente como não funcionou para Hitler, com suas ideias de ódio a povos, que estava decidido a destruir a Rússia e a nos empurrar para trás, para além dos Urais. Todos com certeza lembram como isso acabou.

4) Rússia não se deixará abusar

Ninguém jamais derrotará militarmente a Rússia. Temos exército moderno e pronto para combater. Como dizem agora, é exército “polido”, nem por isso, menos formidável. Nós temos a força, o desejo e a coragem para defender nossa liberdade.

Protegeremos a diversidade do mundo. Diremos a verdade aos povos do mundo, até que todos vejam a imagem real da Rússia, não a imagem falsa e distorcida. Ativamente promoveremos as relações comerciais e humanitárias, e as relações científicas, educacionais e culturais. Faremos precisamente isso sempre que qualquer governo tente impor uma nova cortina de ferro em torno da Rússia.

Jamais, em tempo algum, enveredaremos pela trilha do autoisolamento, da xenofobia, da suspeição e da criação de inimigos. Tudo isso é sinal de fraqueza. Os russos somos fortes e confiantes.

Minha opinião é que estamos assistindo a um grande evento de “dizer o que tem de ser dito”. Por inúmeras razões, Putin e o Ministro de Relações Exteriores Lavrov haviam decidido não falar nesses termos, antes, por vários meses. Aos poucos, vimos crescer e começar a manifestar-se uma forte impressão de profundo desgosto, de irritação profunda, de base, entre os russos. No discurso à Assembleia, afinal tudo isso foi trazido à tona.

Já é dolorosamente claro que a Rússia vê os EUA como ator desagradável, arrogante, fátuo, que a Rússia pode deter; e que a Rússia vê os governos no poder na União Europeia como colônias sem voz. Igualmente claro é que os russos estão fartos de tentar argumentar com “os ocidentais”, de tentar trazê-los à razão. Os norte-americanos são tolos e arrogantes demais; os europeus excessivamente sem vergonha ou espinha dorsal.

Diferente dos norte-americanos, os russos sempre falam com seus inimigos, e alguma forma de “conversa” com o ocidente continuará. Mas é completamente óbvio que o Kremlin abandonou qualquer esperança de alcançar alguma coisa mediante qualquer tipo de diálogo. Doravante, a Rússia dependerá, quase exclusivamente, de ações unilaterais. E dado que os russos nunca ameaçam, essas ações virão sempre com choque e surpresa para as plutocracias ocidentais.

Já disse e escrevi mil vezes: o Império Anglo-sionista declarou guerra real contra a Rússia– guerra na qual as forças militares são menos importantes que a guerra informacional, mas que nem por isso é guerra menos real. O que o Império talvez não perceba é que essa não será guerra curta: será guerra longa. E enquanto o Império já usou praticamente todas as suas armas, os russos apenas iniciaram suas operações defensivas. Será guerra longa e só terminará quando um dos lados quebrar, em colapso.

Em março desse ano escrevi um postado intitulado Obama piorou muito as coisas na Ucrânia – agora a Rússia está pronta para a guerra. A Rússia não queria guerra, a guerra lhe foi imposta, num momento em que a Rússia não estava pronta. Pois hoje Putin disse ao mundo que a Rússia não se submeterá, que aceita o desafio e que vencerá.

The Saker


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