5
dezembro 2014. (Brasil)
Quito-Equador, 05 de dezembro de 2014
Queria cumprimentar o
presidente Rafael Correa, do Equador.
As excelentíssimas
senhoras e excelentíssimos senhores Chefes de Estado e de Governo dos países da
Unasul.
Queria cumprimentar o
presidente da Bolívia, Evo Morales.
Juan Manuel Santos,
presidente da Colômbia.
Samuel Hinds,
primeiro-ministro da Guiana.
Horácio Cartes,
presidente do Paraguai.
Desiré Bouterse,
presidente do Suriname.
Nicolás Maduro,
presidente da Venezuela.
Queria felicitar o
senhor ex-presidente Ernesto Samper pela assunção ao cargo de secretário-geral
da Unasul, e dizer da nossa alegria pelo fato de uma pessoa de tão alta
qualidade ocupar esse cargo.
Queria cumprimentar as
senhoras e os senhores ministros de estado e integrantes das delegações aqui
presentes.
Cumprimentar as
senhoras e senhores que acompanham os presidentes, os ministros e dizer que,
para mim, é uma alegria estar aqui hoje no Equador.
Eu agradeço ao
Presidente Rafael Correa e ao povo equatoriano por nos receberem de maneira tão
acolhedora. Cumprimento o presidente Rafael Correa pela magnífica sede
construída aqui em Quito, em torno da metade do mundo, o edifício Nestor
Kirchner.
Essa sede honra a
Unasul e é um símbolo da importância da nossa integração e da nossa cooperação.
Hoje, inauguramos essa nova sede da Secretaria-Geral da Unasul, obra que
devemos ao empenho do senhor presidente Rafael Correa e a uma demonstração do
nosso compromisso em aprofundar a união do continente. Nós queremos uma Unasul
renovada, fortalecida e atuante, e sabemos que ela contribuirá para a integração
e o convívio harmônico entre nossos povos, consolidando a América do Sul como
exemplo de paz, de união, em um mundo cada vez mais conturbado pelas incertezas
de ordem política e econômica.
Caros presidentes,
caros primeiros-ministros, queridos amigos,
O último ano foi
especialmente importante para a Unasul. Mais uma vez nós fomos chamados a
preservar a estabilidade e a democracia na região.
Nossa atuação na
Venezuela, a pedido do presidente Maduro, comprovou a eficácia da entidade para
auxiliar os Estados-membros na busca de soluções democráticas, pacíficas e
negociadas em cenários de crise.
As eleições na
Colômbia, Chile, Uruguai e Brasil demonstraram o vigor da democracia em nossa
região, em escrutínios marcados pela expressiva participação popular e pela
mais ampla liberdade de expressão.
Nessas eleições, saiu
vitoriosa a agenda da inclusão social, do desenvolvimento com distribuição de
renda e, portanto, do combate à desigualdade e da garantia de oportunidades,
que caracteriza a nossa região nos últimos anos.
Na Colômbia, o
Presidente Santos representa clara opção em prol da paz negociada, que tanto —
tenho certeza — será bem-sucedida em colocar fim ao mais longevo conflito de
nossa região.
No Chile, a nossa
querida Bachelet venceu com um projeto que apresenta como eixo de ação externa
também a integração com a América do Sul.
Na Bolívia, Evo Morales
consolidou, com sua vitória, os avanços de uma integração plurinacional sem
precedentes em todo o mundo.
No Brasil, logramos,
pela quarta vez consecutiva, renovar o apoio da sociedade a um projeto que
combina inclusão social, combate à pobreza e busca da competitividade da nossa
economia.
No Uruguai, os
companheiros Pepe Mujica e Tabaré Vázquez encarnam o sucesso de uma agenda que
combina temas de vanguarda social e tecnológica, com forte ênfase na redução da
desigualdade.
Em 2014, nós realizamos
um importante debate sobre os modelos de exploração de nossos recursos
naturais. Não basta considerar esses recursos apenas como grande vantagem comparativa
regional. É preciso transformar esses recursos em ferramentas efetivas de
diversificação produtiva e desenvolvimento social, sob pena de ficarmos presos
ao círculo vicioso da mera exportação de matérias-primas.
Na atual conjuntura de
crise internacional, com queda no preço das commodities e, principalmente, no
caso do petróleo, o desafio do desenvolvimento é ainda maior. Temos diante de
nós compromissos históricos a cumprir, tarefas cuja realização será crucial
para o nosso futuro.
O Brasil se dispõe a,
nesse período, avançar no combate à desigualdade, assegurando o crescimento com
inclusão social. Nós, nessa eleição, mostramos que defendemos diante da crise
que nos afetou profundamente, defendemos sobretudo o emprego e, por isso,
mantemos uma das menores taxas de desemprego de toda a nossa história. Também
nos dispomos a garantir esse emprego de qualidade e melhorar a nossa
produtividade, ampliar o investimento em infraestrutura logística, energética,
social e urbana. Impulsionar o desenvolvimento tecnológico e a inovação. Dar
prioridade à educação de qualidade, garantindo oportunidades para todos.
Tudo isso tem um canal
que deságua na cooperação e na integração regional em todas as áreas. Nós temos
a maior clareza da importância da integração no nosso continente. E, portanto,
consideramos que é fundamental buscarmos formas tanto de integração econômica e
de infraestrutura, tanto infraestrutura logística quanto energética.
Nós, países da Unasul,
já provamos que somos capazes de enfrentar muitos dos desafios. Nos últimos
anos, nossos países aumentaram a renda per
capita, diminuíram o desemprego e reduziram os níveis de pobreza de suas
populações. E nós precisamos continuar trilhando esse caminho. Todos nós
sabemos que a recuperação da crise que começou lá atrás, em 2008, ainda é
tênue. Nós temos um quadro difícil na Europa, uma recessão no Japão. Temos uma
recuperação nos Estados Unidos, mas ainda uma recuperação que não mostra ainda
toda a sua força. Por isso, é importante que os países da nossa região tenham
capacidade de se integrar cada vez mais e, sobretudo, de cooperar cada vez
mais.
Queridos amigos,
Essa Cúpula também é
especial porque nela vamos definir o novo Secretário-Geral da Unasul, Ernesto
Samper, que vai suceder ao nosso querido amigo Alí Rodríguez.
Quero deixar registrado
meu reconhecimento e o do Brasil, a Alí Rodriguez pelo empenho, pelo esforço e
sacrifício pessoal ao longo de seu período como Secretário-Geral.
Quero também estender,
mais uma vez, as mais calorosas boas-vindas a Ernesto Samper, nosso novo
Secretário-Geral da Unasul.
Em nossa conversa em
Brasília, no mês passado, pude comprovar que o presidente Samper reúne as
qualidades essenciais para a função: experiência, perspicácia, sensibilidade
social e entendimento do sentido estratégico da Unasul.
Senhor
Secretário-Geral,
A Cúpula entre os
países BRICS e a Unasul, que realizamos em Brasília, em julho último, mostra o
crescente peso de nossa região como interlocutor global, por meio do diálogo e
da cooperação. Por isso, tenho certeza que ao longo dos próximos anos vamos
também diversificar e buscar novas interlocuções.
Esse processo de
consolidação de nossa agenda externa será fortalecido com o aprofundamento de
nossa agenda intrarregional. Precisamos concentrar-nos na ampliação da
infraestrutura regional. Vamos dar total apoio às suas propostas de acelerar a
execução da agenda de projetos prioritários do COSIPLAN, bem como de buscar
convergências dos processos de integração. Concordo com a proposta de escolher
projetos prioritários e sobretudo de realizá-los para que isso mostre nossa
capacidade, nosso compromisso. E também sirva de referência das nossas melhores
práticas.
O presidente... O
Secretário-Geral Samper, contará com todo o nosso apoio para fazer avançar os
trabalhos da Secretaria-Geral, em estreita parceria com a Presidência Pro Tempore, assumida agora
pelo Uruguai.
Senhoras e Senhores,
A Unasul entra agora em
sua fase mais desafiadora, aquela que, como disse o Secretário-Geral, precisa
ser “sentida” pelos cidadãos em seu dia a dia.
Somos doze países com
doze visões de mundo que representam as experiências e aspirações de cada uma
de nossas sociedades. Poucos imaginavam que chegaríamos aqui, na Mitad del
Mundo.
Acredito que não
podemos esquecer o caminho que nos trouxe até aqui. Mas também temos a partir
daqui, da Mitad del Mundo, construir sistematicamente o caminho do consenso que
dá vida ao nosso lema, ao nosso lema de convívio democrático fundamental:
unidade na diversidade e no respeito às características de cada país.
Queria lembrar que
entre as várias consequências da recente Copa do Mundo de Futebol no Brasil
está o congraçamento entre nossos povos da América Latina e a importância deles
como um fator de potencialização da Copa do Mundo. Os milhares e milhares de
torcedores sul-americanos que meu país teve a honra de receber proporcionaram
ao mundo um espetáculo de amizade e simpatia.
Recordo aqui as
palavras do Secretário-Geral em nosso encontro em Brasília que me disse que,
quando vai ao Brasil, sente-se, como dizemos no futebol: “jugando de local”. Nós dizemos“jogando
em casa”.
Nós somos, de fato, uma
região única no mundo. Nós, sul-americanos, falamos uma mesma língua, ainda que
não pareça. Para nós, brasileiros, falamos uma mesma língua porque nós
entendemos muito bem o castelhano. Por isso que dissemos que, ainda que não
pareça, falamos uma mesma língua. E quando viajamos pelo continente, como é o
caso de hoje, sempre “jugamos
de local”.
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