17
dezembro 2014, Redecastorphoto
http://redecastorphoto.blogspot.com.br (Brasil)
Tyler Durden*, Zero Hedge
Traduzido pelo
pessoal da Vila Vudu
Na
noite de hoje [16/12/2014], há pouco, Wang Yungui, da Administração Chinesa de
Câmbio [orig. State
Administration of Foreign Exchange's (SAFE)] observou que “o impacto da
depreciação do rublo russo ainda não aparece com clareza, e, como Bloomberg
noticiou, “SAFE está
acompanhando de perto a depreciação do rublo e
encorajando as empresas a proteger-se contra os riscos do rublo”.
Seus
comentários ecoaram também na agenda de reforma do mercado de moedas para dar
mais flexibilidade ao yuan, tema para o qual o jornal The
South China Morning Post apontou em matéria intitulada “Rússia
pode procurar ajuda da China, para enfrentar crise” – na qual se lia que a Rússia
pode recorrer ao acordo de swap
[troca] de moeda, de 150 bilhões de yuan (US$ 24 bilhões) com a China, assinado em outubro, se
o rublo
continuar a cair.
Além
disso, dois banqueiros
próximos do Banco Central da China [People’s Bank of China, PBOC] disseram que a linha de swap foi criada para reduzir o
papel do dólar norte-americano, se China e Rússia precisarem ajudar-se uma a
outra, para superar algum aperto de liquidez.
Como
Bloomberg noticiou também ontem à noite, mais cedo, Wang Yungui da China disse
que:
· *CHINA OBSERVA DE PERTO
A DEPRECIAÇÃO DO RUBLO: WANG DO SAFE
· *CHINA ESTIMULA EMPRESAS
A PROTEGER-SE CONTRA RISCOS DO RUBLO, DIZ WANG DO SAFE
· *REAL IMPACTO DA
DEPRECIAÇÃO DO RUBLO AINDA NÃO ESTÁ CLARO, DIZ WANG DO SAFE
Acrescentando
que a China planeja reformas nas regras dos swaps, para
flexibilizar trocas de moedas.
Rússia
pode servir-se do acordo de troca de moeda (150 bilhões de yuan (HK$189,8
bilhões) que tem com a China, se o rublo continuar em queda.
Se
o acordo for ativado para essa finalidade, será a primeira vez que a China será
chamada a usar a própria moeda para resgatar outro país em crise. Onegócio
foi assinado pelos dois bancos centrais em outubro, quando o premier Li Keqiang
visitou a Rússia.
“Rússia
precisa muito de apoio de liquidez, e a linha de swap pode ser ferramenta ideal”, disse o
economista Lian Ping, do Banco de Comunicações.
O swap permite que os bancos centrais comprem
yuan e rublos diretamente nas duas moedas, não mais via o dólar
norte-americano.
Dois
banqueiros próximos do Banco Central da China disseram que aquele acordo visa a
reduzir o papel do dólar norte-americano, se China e Rússia precisarem ajudar
uma a outra, no caso de aperto de liquidez.
Atualmente,
a China mantém acordos de swap de moedas com mais de 20 autoridades
monetárias em todo o mundo. Esses swaps, em geral, são usados para pagamentos.
“O
acordo de swap não foi questão exclusivamente
financeira” – disse Wang Feng, presidente de um grupo de corretores privados
com sede em Xangai, Yinshu Capital. – “Teve implicações políticas, como sinal
declarado de confiança mútua”.
O
rublo perdeu mais de 50% em relação ao dólar esse ano, empurrando a Rússia para
a beira de uma crise de moeda; medidas anunciadas pelo banco central, contudo,
ajudaram o rublo, ontem, a recuperar algum terreno.
Li
Lifan, pesquisador na Academia de Ciências Sociais de Xangai, disse que o swap não será suficiente para a
Rússia, mesmo que seja inteiramente usado. “O Banco Central da China pode
concordar com acrescentar cerca de 15 bilhões de yuan ao acordado inicialmente,
como meio de manifestar o compromisso da China em relação à Rússia".
*
* *
(...) como que para garantir a todas as partes
envolvidas que haverá suficiente apoio de capital dos dois lados, o Banco
Central da China distribuiu uma surpreendente declaração, em que informa que os
bancos centrais de China e Rússia assinaram acordo bilateral de troca de moeda
vigente por três anos, no valor de 150 bilhões de yuan, como se lê na página
internet do Banco Central Chinês. O acordo pode ser ampliado, no caso de ambos
os signatários o desejarem. O acordo visa a tornar mais convenientes os investimentos
diretos e o comércio bilateral, e a promover o desenvolvimento nas duas nações.
De
fato, alguns, como Bloomberg, continuam céticos, sem acreditar que esse pivô
sem precedentes da Rússia em direção à China, que deixa de lado o ocidente,
venha a ferir só o Kremlin. Mas outros veem de outro modo: quem sairá
beneficiado? A Europa, com déficit crônico de energia e dependente da energia
russa? Ou a Rússia, país riquíssimo em recursos naturais, cuja economia passa
atualmente por deriva dramática e dolorosa, no processo para romper todas as
amarras que o ligam ao petrodólar e criar laços de Gas-O-Yuan?
*
* *
A
“isolada” Rússia estará a um passo de ser resgatada pela China, maior economia
do mundo?
Talvez,
de fato, até já tenha começado a ser resgatada...
Mas
então, outra vez – com as moedas BRICS em tumulto... (ZAR -22% não aparece)
Talvez
nem seja surpresa, se os países-membros servirem-se
da reserva de US$ 100 bilhões do Banco dos BRICS...
Mas
a linha-da-cintura, que está sendo atacada, é que, ao usar acordos bilaterais
de troca de moeda, os países BRICS já estão efetivamente se desacorrentando de
um “mundo desenvolvido” à moda Fed e dominado por esse e outros bancos
centrais, para assumirem, eles mesmos, suas próprias exigências de
financiamento.
Temos
o prazer de anunciar a assinatura do Acordo que estabelece a Reserva de
Contingência, Contingent Reserve
Arrangement, o CRA dos BRICS – que começa com US$ 100
bilhões.
Esse
acordo terá efeito positivo de precaução; ajudará países a livrar-se de
pressões de liquidez de curto prazo; promoverá maior cooperação entre os BRICS;
fortalecerá a rede de segurança financeira global e complementará outros
acordos internacionais já existentes (...). O acordo é um arcabouço que proverá
liquidez mediante troca de moedas, em resposta a pressões reais ou potenciais
de equilíbrio de curto prazo na balança de pagamentos.
Ah!
Vale registrar: o papel do dólar nesse mundo é, bem... É zero, nada, zero.
Para
quem talvez tenha esquecido quem são os BRICS, além de uma sigla criada por
ex-banqueiro do Goldman, vai aí esse gráfico
(1), para ajudar a lembrar que nesses países vivem 3 bilhões de pessoas.
*Tyler Durden é o apelido de numerosos blogueiros que
comentam no Zero Hedge. O nome foi copiado de personagem do romance de
Chuck Palahniuk (depois filme) Fight Club (Clube de Luta).
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