26 novembro
2014, ADITAL, Agencia de Información Fray Tito
para América Latina http://www.adital.com.br (Brasil)
Adital
A América Latina e o Caribe continuam
sendo as regiões mais desiguais do mundo. Os mais ricos abocanham em média 50%
das rendas totais da região, enquanto os mais pobres ficam apenas com 5%. Se as
três pessoas mais ricas do mundo gastassem 1 milhão de dólares por dia cada
uma, seriam necessários 200 anos para acabar todo o seu dinheiro. Isso não
ocorre, unicamente, nos países mais ricos. No México, Carlos Slim, o mais rico
de todos os latinos e o segundo homem mais rico do mundo, poderia pagar só com
suas rendas de um ano os salários anuais de 440.000 mexicanos.
Este cenário desanimador impõe uma
constatação a crescente desigualdade é o maior desafio social para os governos
de todo o mundo, em especial os latino-americanos. Um informe recente da
organização internacional de direitos humanos Oxfam, "Iguais: Acabemos com a desigualdade
extrema”, destaca
que a desigualdade dificulta o crescimento econômico, corrompe a política,
limita as oportunidades e alimenta a instabilidade, enquanto que
exacerba a
discriminação, especialmente contra as mulheres.
A crescente desigualdade poderá causar um
retrocesso de décadas na luta contra a pobreza. Só na América Latina e Caribe,
o número de ricos que acumulam mais de 1 bilhão de dólares cresceu em 38% de
2012 a 2013. Em nenhuma outra região do mundo, esse grupo subiu tanto.
O informe revela ainda que apenas entre
2013 e 2014 as 85 pessoas mais ricas do Planeta – que possuem a mesma riqueza
da metade mais pobre da população mundial – aumentaram seu patrimônio em 668
milhões de dólares por dia, o que equivale a quase meio milhão de dólares a
cada minuto.
De acordo com a Oxfam, desde o Fundo
Monetário Internacional até o Papa Francisco, passando pelo presidente
estadunidense, Barack Obama, e o Fórum Econômico Mundial, cada vez mais existe
um consenso de que a desigualdade é um dos maiores desafios do tempo atual e
não combatê-la aprofunda os problemas econômicos e sociais. Apesar de todas
essas advertências, não são tomadas medidas concretas. "Essa falta de ação
por parte dos governos é inaceitável, mais ainda no caso da América Latina e
Caribe, que continua sendo a região mais desigual do Planeta”, salienta a
entidade.
Com seu novo informe, respaldado pelo
ex-secretário geral da Organização das Nações Unidas (ONU) Kofi Annan e o
economista Joseph Stiglitz, entre outras personalidades, a Oxfam lança uma
campanha cujo objetivo é exigir aos líderes mundiais que convertam suas
palavras em atos e garantam um tratamento justo para as pessoas mais pobres.
Para isso, uma das ações importantes que os governos devem cumprir é frear a
evasão e a sonegação fiscal de grandes empresas e pessoas endinheiradas. Isso
para que os Estados tenham suficientes recursos para construírem sociedades
mais justas. Os ricos latino-americanos acumulam ao redor de 2 bilhões de
dólares (equivalente ao PIB – Produto Interno Bruto - do Brasil) em paraísos
fiscais. Segundo a Oxfam, as empresas na América Latina e Caribe registram
níveis de evasão que vão de 46% no México a 65% no Equador, sem suficientes
punições.
Winnie Byanyima, diretora executiva da Oxfam
Internacional, afirma: "longe de fomentar o crescimento econômico, a
desigualdade extrema constitui um obstáculo para a prosperidade dos habitantes
do Planeta. Hoje em dia, o crescimento econômico só beneficia os mais ricos, e
continuará sendo assim até que os governos ajam. Não deveríamos permitir que as
doutrinas econômicas – que só buscam o beneficio em curto prazo –, ou as
pessoas ricas e poderosas – que buscam apenas o benefício próprio – nos ceguem
ante esses fatos”.
Pequenas ações podem frear a desigualdade
Os benefícios de pequenas ações para frear
a desigualdade falam por si só. Um ligeiro aumento de 1,5% no imposto sobre a
riqueza dos multimillonários de todo o mundo seria suficiente para que todas as
crianças do mundo estejam na escola, bem como para a provisão de serviços
básicos de saúde nos países mais pobres.
Investir em serviços públicos gratuitos
também é essencial para acabar com a brecha entre as pessoas ricas e o
restante. Todos os anos, 100 milhões de pessoas em todo o mundo ficam mais
pobres por terem que pagar para receber assistência médica. De 2009 a 2014,
pelo menos 1 milhão de mulheres morreu durante o parto, devido à falta de
serviços básicos de saúde.
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