Fernando Listopad
29 junho 2009/Timor Agora http://timoragora.blogspot.com
A semana passada veio a público mais um escândalo de ilegalidades patrocinadas pelo primeiro-ministro Xanana Gusmão, desde então o silêncio tem sido a resposta e explicações públicas ainda não existem (mesmo agora estive a falar com Timor-Leste por razões profissionais e foi o que informaram).
Na verdade é um escândalo e meio porque sobre o outro escândalo veiculado no Tempo Semanal. A refrega é antiga, agora com a novidade comprovada da assinatura de Xanana Gusmão. Um escândalo relacionado com o marido da polémica ministra Lúcia Lobato que envolve a sua empresa fornecedora de combustível da companhia de electricidade de Timor. As regras ditam que os familiares de governantes e responsáveis da administração não podem ser detentores de negócios com o Estado, muito menos sem concursos públicos de facto.
Acresce que Xanana Gusmão é alegado favorecedor de um contrato entre o seu governo e uma empresa em que a sua filha Zenilda Gusmão é accionista de destaque, o “negócio” foi realizado sem concurso público. Xanana Gusmão assinou, os valores são na ordem de muitos milhões de dólares… A imprensa australiana tomou conta do escândalo, secundada pelo Timor Lorosae Nação na blogosfera. Em Portugal apareceu um texto, aparentemente contrariado, da portuguesa Lusa, coisa que não se entende.
Que Xanana Gusmão e certos elementos do seu governo estão há algum tempo indiciados como eventuais corruptos e praticantes do nepotismo não será novidade para ninguém. Existem mesmo casos que de outro modo não podem ser vistos aos olhos de quem está minimamente atento e informado. Apesar disso nada acontece, nem investigações nem esclarecimentos, nem explicações plausíveis de que não corresponde à realidade a fama e o aparente proveito que este governo e certos funcionário têm de estarem aliados à corrupção do país. Certo é que as suas vidas melhoraram substancialmente sem que existam explicações para tal, como se sabe e como dizem os timorenses.
Não menos verdade é que o Presidente da República de Timor-Leste, José Ramos Horta, ao ser confrontado pela comunicação social australiana sobre o escândalo trazido a público, de Xanana e Zenilda Gusmão, fugiu às questões respondendo avidamente que “são negócios do PM” que dos quais em nada lhe dizem respeito e ainda que não tem poderes executivos para interferir no assunto. Resposta hilariante. Ainda mais porque vimos que não tem Ramos Horta feito outra coisa senão interferir em tudo que lhe tem dado na real gana. Parece é que não quer interferir nos nebulosos negócios do primeiro-ministro, da filha, dos amigos, familiares e compadres… O país que se dane. O país e a República!
A promiscuidade, os escândalos, andam à solta em Timor-Leste e sobre isso o senhor Ramos Horta diz que na qualidade de Presidente da República não lhe compete intrometer-se?
Também o primeiro-ministro Xanana Gusmão não deu ainda uma palavra sobre o assunto. Como um e outro não consideram deverem explicar-se podemos depreender que são os proprietários de Timor-Leste? Então para que são as eleições? Os eleitores não merecem e devem ouvir as justificações e saber se os responsáveis pelas irregularidades vão ser investigados e responsabilizados se tiverem de ser? Ou será que este silêncio cobarde e desprezível significa que o país está a saque?
Estranhos conceitos de democracia têm estes dois poderosos de Timor-Leste. Assim, o patrocínio dos países democráticos não se justifica e a ONU deve ter uma séria palavra a dizer e atitudes sérias a tomar. A certeza está a desmascarar os que afinal estão em Timor a olhar simplesmente para os seus umbigos. Mais uma vez estão a patrocinar vários monstros e é destas espécies que surgem Mugabes e outros ainda piores.
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