quinta-feira, 23 de julho de 2009

Chanceler racista de Israel pede mediação brasileira

22 julho 2009/Vermelho http://www.vermelho.org.br

O racista de ultradireita Avigdor Lieberman, ministro das Relações Exteriores de Israel, falou manso e pediu uma mediação brasileira no Oriente Médio, durante sua visita a Brasília nesta quarta-feira (22). Na coletiva ao lado de Lieberman, o chanceler brasileiro, Celso Amorim, sentiu-se na obrigação de explicar que ''o Brasil tem uma política de diálogo'' e ''não dialoga só com quem concorda em tudo''.

Por Bernardo Joffily

O Brasil é a primeira escala de Lieberman em uma turnê por dez países latino-americanos. O objetivo é tirar Israel do isolamento na região, tarefa dificultada pelo perfil do visitante, considerado um extremista de ultradireita.

Carreira de extrema direita
Em 1999, Lieberman abandonou o principal partido da direita israelense, o Likud, por achá-lo moderado demais. Fundou e passou a chefiar o partido de extrema direita Israel Beytenou (''Israel Nossa Casa''). Natural da Moldávia, ele vive em um assentamento judeu na Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel na guerra de 1967.

Em 2002, quando estoura a segunda Intifada (rebelião palestina nos territórios ocupados), Lieberman prega o bombardeio de postos de gasolina, bancos e centros comerciais palestinos; como o governo não aceita a proposta, demite-se do cargo de ministro em protesto.

Em 2004 é derrubado do gabinete do governo Ariel Sharon por se opor ao desengajamento de Israel na faixa de Gaza. Propõe na época um Estado de Israel ''etnicamente homogêneo'', onde só permaneceriam os árabes que tivessem ''um vínculo profundo''.

Em 2006 propõe que Israel ataque o Irã, a pretexto de que o programa de energia nuclear daquele país representaria uma ameaça para o Estado judeu.
Em 2008 deixa o gabinete do governo liderado pelo Kadima, por se opor às negociações de paz com os palestinos patrocinada pelo presidente George W. Bush, em Annapolis, EUA.

Sarkozy: ''Livrem-se dessa pessoa''
Nas eleições de 2009, o Israel Beytenou é a grande surpresa. O partido ultradireitista de Lieberman torna-se o terceiro mais votado do país (depois do Likud e do Kadima), com 15 deputados em um total de 120. Entra no governo do primeiro ministro Benjamin Netanyahou, do Likud, e assume a pasta estratégica das Relações Exteriores.

A presença de Lieberman no governo é vista como um atestado da guinada ainda mais à direita que Israel realiza este ano. Ele mantém a pregação em favor de um Israel étnico e da incorporação oficial de parte da Cisjordânia ao território israelense. Prega uma política de linha dura em relação à população árabe-palestina que possui cidadania israelense, sob o lema ''Sem lealdade não há cidadania'', pois considera-a uma ''quinta coluna'' e um ''inimigo interno''.

Em recente visita de Netanyahou à França, o próprio presidente francês, Nicolas Sarkozy, que é de direita, pediu ao primeiro ministro que tirasse Lieberman do gabinete. ''Você tem que se livrar dessa pessoa'', disse Sarkozy, segundo o jornal israelense Haaretz. O governo francês não confirmou a afirmação, transmitida em off.
''O Brasil, mais do que qualquer país''...

Durante a coletiva em Brasília ficou evidente o interesse de Lieberman em não quebrar louça. ''O Brasil tem ótima relação com a Síria e com os palestinos e acredito que possa contribuir para o diálogo direto entre Israel e seus vizinhos'', disse ele.

''O Brasil, talvez mais do que qualquer outro país, pode convencer os iranianos a parar seu programa nuclear e a convencer os palestinos a conversar diretamente conosco'', ainda Lieberman durante coletiva de imprensa no Brasil.

Segundo Lieberman, ''há mal-entendidos e desentendimento entre Brasil e Israel talvez pela falta de diálogo direto entre os dois países''. Ele disse ainda que ''nós estamos tentando ser mais atuantes na América do Sul, especialmente no Brasil''.

A numerosa comunidade brasileira de origem árabe-palestina sentiu-se chocada com a presença do chefe do Israel Beytenou no Brasil – antes de Brasília ele também fez uma escala em São Paulo. Embora compreendendo que a diplomacia brasileira mantenha relações normais com Israel, e até acreditando em um possível papel positivo do Itamaraty no conflito do Oriente Médio, os árabe-brasileiros vêem Lieberman como um típico representante do pensamento que os leva a considerar o sionismo como uma forma de racismo.

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