Luanda, Angola, 27 julho 2009 – O empreendedorismo dos angolanos é dos mais altos do mundo e o mais alto no continente africano, mas estes consideram insuficiente o apoio de financiamento disponível, segundo o Monitor de Empreendedorismo Global (GEM).
O estudo, elaborado pela universidade norte-americana de Babson e pela London Business School, é considerado o maior do género e tenta estabelecer a ligação entre crescimento económico e a actividade empresarial.
Na última edição (2008), divulgada em Julho, Angola é incluída pela primeira vez no grupo de 43 países, numa análise feita em parceria com a Sociedade Portuguesa de Inovação e com Universidade Católica angolana, e surpreende surgindo à frente de grandes países como Egipto ou África do Sul, e lado-a-lado com economias europeias ou asiáticas.
O nível de empreendedorismo é considerado “muito elevado”, com perto de 23 por cento das pessoas envolvidas na actividade empresarial, embora “sejam necessárias reformas para melhorar o acesso dos empreendedores ao financiamento e a sua capacidade para criar novas empresas”.
Os dados, maioritariamente oriundos de sondagem à população, indicam que, em 2008, 23 adultos em cada 100 estiveram envolvidos em jovens empresas (“start-up”), a quarta mais alta taxa dos 43 países do estudo e mais de duas vezes a média destes países (10,5 por cento).
“Angola tem cerca de 4,7 vezes mais empreendedores de negócios nascentes do que donos de novos negócios. Estes dados tornam Angola o país (incluído no estudo) com a maior diferença relativa entre os dois tipos de actividade empreendedora”, refere o Monitor.
“Em Angola, cerca de um quarto (25,2 por cento) da população adulta do sexo feminino está envolvida em actividades empreendedoras “early-stage”. No caso dos homens, esta proporção desce para um quinto (20,3%). Nenhum outro país GEM 2008 tem maior proporção de empreendedores do sexo feminino do que do sexo masculino”, sublinha.
Mais de metade dos homens e mulheres adultos em Angola crê reunir os conhecimentos e competências necessários para iniciar um negócio e a “necessidade” é o principal factor de motivação.
Os especialistas contactados pelos autores do estudo “consideram que o apoio financeiro aos empreendedores é parcialmente insuficiente”, tal como de programas governamentais de o apoio ao empreendedorismo, educação e transferência de Investigação e Desenvolvimento.
Outros pontos baixos são a burocracia, regulamentações requisitos de licenciamento “excessivamente difíceis em Angola” , alem das infra-estruturas, consideradas ainda insuficientes.
“Mais positiva” é a apreciação de factores sociais culturais, subsídios e das políticas governamentais, “particularmente no que diz respeito ao grau em que favorecem os novos negócios e ao carácter de prioridade que o governo atribui ao empreendedorismo”.
“Quando se compara Angola com as economias orientadas para a eficiência e para a inovação, verifica-se também esta tendência em quase todos os aspectos”, sublinha o estudo.
Numa altura em que estão a ser implementadas reformas a todos os níveis no pais, visando a melhoria das condições existentes e o impulso do sector privado, o ”empreendedorismo, em particular, é reconhecido como um factor crítico para o desenvolvimento contínuo de Angola”.
“Estimular a actividade empreendedora da população angolana” , adianta, iria “permitir o crescimento de negócios novos e inovadores, contribuindo assim para reduzir a dependência do País relativamente ao petróleo e mantendo as mais elevadas taxas de crescimento a nível mundial”. (macauhub)
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