Lisboa, 28 julho 2009 (Lusa) - Depois de consolidada a aproximação, Portugal e
Espanha deviam passar à "segunda fase" de relacionamento que é a "internacionalização conjunta", afirmou nesta terça-feira o vice-presidente da Fundação Luso-Espanhola, a propósito da pesquisa de opinião pública feita nos dois países.
O diretor do Instituto Cervantes em Lisboa frisou, por sua vez, o "desenvolvimento extraordinário das relações entre os dois países a todos os níveis, mesmo de relacionamento entre as pessoas".
Com uma amostra de 876 pessoas (363 portugueses), o Barômetro de Opinião Luso-Espanhol foi realizado em abril e maio pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Salamanca com o apoio do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa de Lisboa.
No documento apresentado ao início da tarde, em Madrid, conheceu-se o que os dois povos pensam das relações bilaterais, da ideia de federação, dos problemas comuns e revelaram-se quais as personalidades mais famosas.
“Pessoalmente”, José María Martín Valenzuela, do Instituto Cervantes, considerou que "se têm desenvolvido muito e melhorado muito nos últimos anos".
O vice-presidente da Fundação Luso-Espanhola, José António Silva e Sousa, citou as cúpulas bilaterais entre governos como um "motor grande" para o crescimento das relações, exemplificando com o novo projeto de nanotecnologia.
"É um primeiro sinal que os dois países em conjunto podem fazer algo de grande. Agora o que me parece é que as boas relações entre os dois países só por si não são um fim, devem ser um princípio", defendeu.
O mesmo responsável falou na necessidade de uma "virada na competitividade internacional das duas economias" de países "extraordinariamente complementares" a nível geográfico e da "visão do mundo".
Falando em causa própria ao comentar a posição dos espanhóis preferirem o português como língua oficial e os lusos verem com bons olhos a obrigatoriedade do espanhol nos níveis de ensino básico e secundário, Valenzuela assinala a "complementaridade" das línguas e as vantagens para os dois lados.
No Instituto que dirige, a procura pela aprendizagem do espanhol tem aumentado, assim como se notam alterações no perfil dos estudantes.
"Já não são só os alunos universitários, mas também jovens e menos jovens profissionais que mesmo sem precisar vêm para incluir o conhecimento de espanhol no seu currículo e terem mais possibilidades profissionais", disse.
Comentando a ideia de federação, que recolheu o apoio de 30% de espanhóis e 40% de portugueses, o responsável espanhol lembrou a proximidade entre os países: "Para mim tudo o que seja essa aproximação, esta convivência fácil e fluida é bom. Se acontecesse uma formalização política, não sei se seria melhor".
Já Silva e Sousa argumentou não fazer sentido no século 21 e quando os dois países já escolheram estar na União Europeia, que, por sua vez, também não definiu "se quer ser uma federação ou uma comunidade de bons vizinhos".
Sobre os espanhóis mais reconhecidos em Portugal, qualificou de "engraçado" Júlio Iglésias surgir no mesmo pódio com o Rei Juan Carlos e a princesa Letizia.
Na Espanha, os lusos mais reconhecidos são Cristiano Ronaldo, Luís Figo e José Saramago.
Valenzuela não deixou, porém, de lembrar o escritor Lobo Antunes, colaborador habitual do jornal El Pais, e que cada vez mais "autores, músicos e pintores" portugueses são reconhecidos.
Silva e Sousa considerou que a preferência pela família real espanhola é uma "relação mais pessoal que institucional".
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