segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Estados Unidos/A LEI MARCIAL E A ECONOMIA


9 outubro 2013, Resistir.info http://www.resistir.info (Portugal)

Estará o Departamento de Segurança Interna a preparar-se para o colapso próximo da Wall Street?

por Ellen Brown*

As informações são de que o Department of  Homeland Security (DHS) está empenhado numa escalada militar encoberta e maciça. Um artigo da Associated Press , em Fevereiro, confirmou uma compra pública pelo DHS de 1,6 mil milhões de munições. Segundo um artigo de opinião na Forbes , isso é suficiente para aguentar uma guerra com a dimensão da do Iraque por mais de vinte anos. O DHS também adquiriu tanques fortemente blindados, os quais têm sido vistos a perambular pelas ruas. Evidentemente alguém no governo está à espera de algumas graves perturbações civis. A questão é, por que?

Declarações recentemente reveladas do antigo primeiro-ministro britânico Gordon Brown, por alturas da crise bancária de Outubro de 2008, podem das algumas pistas quanto à questão. Um
artigo na BBC News de 21/Setembro/2013, retirado de uma explosiva autobiografia chamada Power Trip, escrita pelo relações públicas de Brown, Damian McBride, diz que o primeiro-ministro preocupava-se com a possibilidade de a lei e a ordem entrarem em colapso durante a crise financeira. McBride citou Brown como tendo dito:
Se os bancos começarem a fechar portas e os pontos de distribuição de dinheiro não estiverem a funcionar e as pessoas forem à Tesco [cadeia de mercearias] e os seus cartões não forem aceites, a coisa todo simplesmente explodirá.

Se não puder comprar comida ou gasolina ou remédios para os seus filhos, o povo começará a partir as vitrinas e servir-se.

E logo que as pessoas vejam isso na TV, é o fim, porque

toda gente pensará que agora isso está OK, que justamente isso que temos de fazer. Será a anarquia. É o que poderia acontecer amanhã.
Como tratar dessa ameaça? Brown respondeu: "Temos de pensar: teremos de toques de recolher, colocaremos o Exército nas ruas, como conseguir a ordem outra vez?

McBride escreveu no seu livro Power Trip: "Era extraordinário ver Gordon tão totalmente aferrado ao perigo do que ele estava prestes a fazer, mas igualmente convencido de que tinha de ser tomada acção decisiva de imediato". Ele comparou a ameaça à Crise Cubana dos Mísseis.

O receio desta ameaça foi reflectida em Setembro de 2008 pelo secretário do Tesouro dos EUA, Hank Paulson, que confirmadamente advertiu que o governo podia ter de recorrer à lei marcial se a Wall Street não fosse salva do colapso do crédito.

Em ambos os países, a lei marcial foi evitada quando seus parlamentos sucumbiram à pressão e salvaram os bancos. Mas muitos sabichões estão a dizer que um outro colapso está iminente; e desta vez, os governo podem não estar desejosos de intensificar a receita.

Da próxima vez SERÁ diferente
O que disparou a crise de 2008 foi uma corrida, não no sistema bancário convencional mas sim no sistema bancário "sombra", um conjunto de intermediários financeiros não bancários que proporcionam serviços semelhantes aos bancos comerciais tradicionais mas não são regulamentados. Eles incluem hedge funds, money market funds, credit investment funds, exchange-traded funds, private equity funds, securities broker dealers, securitization and finance companies. Bancos de investimento e bancos comerciais também podem realizar grande parte dos seus negócios nas sombras deste sistema não regulamentado.

O casino financeiro sombra tem crescido sempre desde 2008 e, após o próximo colapso estilo Lehman, salvamentos do governo podem não estar disponíveis. Segundo o presidente Obama, na suas observações de 15/Julho/2010 sobre a Lei Dodd-Frank , "Devido a esta reforma, ... não haverá mais salvamentos financiados pelo contribuinte – ponto".

Governos na Europa também estão a afastar-se de novos salvamentos. O Financial Stability Board (FSB) na Suíça exigiu portanto aos bancos sistemicamente sob risco que concebessem "testamentos vitais" ("living wills") estabelecendo o que farão no caso de insolvência. O modelo estabelecido pelo FSB exige deles que "salvem" seus credores; quanto aos depositantes, afinal de contas, são a maior classe de credores de um banco. (Para uma discussão completa, ver meu artigo anterior aqui.)

Quando depositantes não puderem ter acesso a suas contas bancárias para sacar o dinheiro da comida das crianças, poderão começar a partir vitrinas e servirem-se a si próprios. Pior, eles podem conspirar para derrubar o governo controlado pelas finanças. Basta a ver a Grécia, onde a crescente desilusão com a capacidade do governo para resgatar os cidadãos da pior depressão desde 1929 tem precipitado tumultos e ameaças de derrube violento .

O medo desse resultado poderia explicar a espionagem maciça, autorizada pelo governo, dos cidadãos americanos, a utilização interna de drones e a eliminação de procedimentos legais e do "posse comitatus" (a lei federal proibindo os militares de aplicarem "lei e ordem" sobre propriedade não federal). Protecções constitucionais estão a ser defenestradas para proteger a classe da elite no poder.

A aproximação da crise do tecto da dívida
A crise seguinte na agenda parece ser a data final de 17 de Outubro para acordar um orçamento federal ou correr o risco de incumprimento de empréstimos governamentais. Pode ser apenas coincidência, mas dois ensaios [de ataque] em grande escala estão programados para o mesmo dia, o "Great ShakeOut Earthquake Drill" e o "Quantum Dawn 2 Cyber Attack Bank Drill" . Segundo uma notícia da Bloomberg sobre o ensaio bancário, os ensaios são preparados por hackers, espionagem com patrocínio estatal e crime organizado (fraude financeira). Uma entrevista declarou: "Você pode experimentar que o seu banco online está fora de serviço ... Você pode experimentar não poder conectar-se (log in) ". Isto soa como um ensaio geral para o Grande Salvamento Interno Americano (Great American Bail-in).

Por mais sinistro que seja tudo isto, há um aspecto brilhante. Salvamentos internos (bail-ins) e lei marcial podem ser encarados como o último estertor desesperado de um dinossauro. O esquema de exploração financeira responsável por expulsar milhões dos seus empregos e das suas casas atingiu o fim a linha. A crise no sistema actual significa oportunidade para aquelas soluções mais sustentáveis prontas a serem usadas.
Outros países confrontados com um colapso nas suas divisas baseadas em dívida, pois tomadas emprestadas, sobreviveram e prosperaram ao emitirem por si próprios. Quando a divisa ligada ao dólar entrou em colapso na Argentina em 2001, o governo nacional retornou à emissão dos seus próprios pesos; governos municipais pagaram com "títulos de cancelamento de dívida" que circulavam como divisa; e certas regiões comerciavam com divisas da comunidade. Depois de a divisa da Alemanha ter entrado em colapso na década de 1920, o governo deu a volta à economia na década de 1930 através da emissão de títulos "MEFO" que circulavam como divisa. Quando a Inglaterra ficou desprovida de ouro em 1914, o governo emitiu "Bradbury pouds" semelhantes aos Greenbacks emitidos por Abraham Lincoln durante a Guerra Civil dos EUA.

Hoje o nosso governo podia evitar a crise do tecto da dívida fazendo algo semelhante: podia simplesmente cunhar alguns milhões de milhões de moedas de dólar e depositá-las numa conta. Essa alternativa podia ser tomada pela Administração no imediato, sem ir ao Congresso ou mudar a lei, como discutido no meu artigo anterior
aqui . Ela não tem de ser inflacionária, uma vez que o Congresso ainda podia gastar apenas o que aprovou no seu orçamento. E se o Congresso expandisse o seu orçamento para infraestrutura e criação de emprego, isso realmente seria bom para a economia, uma vez que entesourar dinheiro e pagar empréstimos à vista tem contraído significativamente a oferta monetária em circulação.

Comércio e bancos públicos entre iguais (peer-to-peer)
Ao nível local, precisamos estabelecer um sistema alternativo que proporcione segurança para os depositantes, fundos para os negócios de pequena e média dimensão e atenda às necessidades da comunidade.

Muito progresso já foi alcançado nessa frente da economia peer-to-peer. Num artigo de 27 de Setembro com o título
"Peer-to-Peer Economy Thrives as Activistas Vacate the System" ["A economia entre iguais prospera quando activistas se afastam do sistema"], Eric Blair informa que o Movimento Occupy está empenhado numa revolução pacífica na qual o povo está a abandonar o sistema estabelecido em favor de uma "economia partilhada". O comércio ocorre entre indivíduos, sem impostos, regulamentações ou licenças e, em alguns casos, sem a divisa emitida pelo governo.

O comércio peer-to-peer acontece amplamente na Internet, onde opiniões de clientes ao invés de regulamentação mantêm honestos os vendedores. Isso começou com eBay e Craiglist e tem crescido exponencialmente desde então. A Bitcoin é uma divisa privada fora dos olhares intrometidos de reguladores.
Está a ser concebido software para contornar a espionagem da NSA . Empréstimos bancários estão a ser evitados em favor do financiamento colectivo (crowfunding). Cooperativas locais de alimentação também são uma forma de optar por não fazer parte do sistema corporativo-governamental.

O comércio peer-to-peer funciona para o intercâmbio local, mas também precisamos de proteger nossos dólares, tanto públicos como privados. Precisamos dólares pelo menos para pagar algumas das nossas contas e os negócios precisam deles para adquirir matérias-primas. Também precisamos de um meio para proteger nossas receitas públicas, as quais actualmente estão depositadas e investidas em bancos da Wall Street que têm uma pesada exposição a derivativos.

Para atender a estas necessidades, precisamos estabelecer bancos de propriedade pública de acordo com o modelo o Bank of North Dakota, actualmente nosso único estado que possui um banco de depósitos. O BND está mandatado por lei para receber todos os depósitos do estado e servir o interesse público. Idealmente, todo estado teria um destes "mini-Feds". Distritos e cidades também poderiam tê-los. Para mais informação, ver
PublicBankingInstitute.org .

Preparativos para lei marcial têm sido relatados durante décadas, e isto ainda não aconteceu. Esperançosamente, podemos esquivar-nos a esse perigo movendo-nos para um sistema mais saudável, mais sustentável, que torne desnecessária a acção militar contra cidadãos americanos.
07/Outubro/2013

*Presidente do Public Banking Institute e autora de doze livros, incluindo o best-seller Web of Debt.   Em The Public Bank Solution, seu livro mais recente, ela examina historicamente e globalmente modelos de banca pública. Seus artigos estão no blog ellenbrown.com/ .

O original encontra-se em
www.globalresearch.ca/...


---------------- Alguns artigos citados


Homeland Security aims to buy 1.6 billion rounds of ammo
The Associated Press
Posted:   02/15/2013, The Denver Post http://www.denverpost.com/nationworld/ci_22594279/homeland-security-aims-buy-1-6-billion-rounds

The Homeland Security Department will buy 1.6 billion rounds of ammunition for law enforcement training purposes. (Hyungwon Kang, Reuters)

WASHINGTON — The Homeland Security Department wants to buy more than 1.6 billion rounds of ammunition in the next four or five years. It says it needs them — about the equivalent of five cartridges for every person in the United States — for law enforcement agents in training and on duty.

Published federal notices about the ammo buy have agitated conspiracy theorists since the fall. That's when conservative radio host Alex Jones spoke of an "arms race against the American people" and said the government was "gearing up for total collapse, they're gearing up for huge wars."

The government's explanation is less sinister. Federal solicitations to buy the ammo are known as "strategic sourcing contracts," which help the government get a low price for a big purchase, says Peggy Dixon, spokeswoman for the Federal Law Enforcement Training Center in Glynco, Ga. The training center and others like it run by the Homeland Security Department use as many as 15 million rounds every year, mostly on shooting ranges and in training exercises.

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1.6 Billion Rounds Of Ammo For Homeland Security? It's Time For A National Conversation

3/11/2013, Forbes http://www.forbes.com/sites/ralphbenko/2013/03/11/1-6-billion-rounds-of-ammo-for-homeland-security-its-time-for-a-national-conversation/

Ralph Benko, Contributor
The Denver Post, on February 15th, ran an Associated Press article entitled Homeland Security aims to buy 1.6b rounds of ammo, so far to little notice.  It confirmed that the Department of Homeland Security has issued an open purchase order for 1.6 billion rounds of ammunition.  As reported elsewhere, some of this purchase order is for hollow-point rounds, forbidden by international law for use in war, along with a frightening amount specialized for snipers. Also reported elsewhere, at the height of the Iraq War the Army was expending less than 6 million rounds a month.  Therefore 1.6 billion rounds would be enough to sustain a hot war for 20+ years.  In America.
Add to this perplexing outré purchase of ammo, DHS now is showing off its acquisition of heavily armored personnel carriers, repatriated from the Iraqi and Afghani theaters of operation.  As observed by “paramilblogger” Ken Jorgustin last September:
[T]he Department of Homeland Security is apparently taking delivery (apparently through the  Marine Corps Systems Command, Quantico VA, via the manufacturer – Navistar Defense LLC) of an undetermined number of the recently retrofitted 2,717 ‘Mine Resistant Protected’ MaxxPro MRAP vehicles for service on the streets of the United States.”
These MRAP’s ARE BEING SEEN ON U.S. STREETS all across America by verified observers with photos, videos, and descriptions.”
Regardless of the exact number of MRAP’s being delivered to DHS (and evidently some to POLICE via DHS, as has been observed), why would they need such over-the-top vehicles on U.S. streets to withstand IEDs, mine blasts, and 50 caliber hits to bullet-proof glass? In a war zone… yes, definitely. Let’s protect our men and women. On the streets of America… ?”

“They all have gun ports… Gun Ports? In the theater of war, yes. On the streets of America…?
Seriously, why would DHS need such a vehicle on our streets?”
Why indeed?  It is utterly inconceivable that Department of Homeland Security Secretary Janet Napolitano is planning a coup d’etat against President Obama, and the Congress, to install herself as Supreme Ruler of the United States of America.  There, however, are real signs that the Department bureaucrats are running amok.  About 20 years ago this columnist worked, for two years, in the U.S. Department of Energy’s general counsel’s office in its procurement and finance division.  And is wise to the ways.   The answer to “why would DHS need such a vehicle?” almost certainly is this:  it’s a cool toy and these (reportedly) million dollar toys are being recycled, without much of a impact on the DHS budget.  So… why not?
Why, indeed, should the federal government not be deploying armored personnel carriers and stockpiling enough ammo for a 20-year war in the homeland?  Because it’s wrong in every way.  President Obama has an opportunity, now, to live up to some of his rhetoric by helping the federal government set a noble example in a matter very close to his heart (and that of his Progressive base), one not inimical to the Bill of Rights: gun control.  The federal government can (for a nice change) begin practicing what it preaches by controlling itself.
Remember the Sequester?  The president is claiming its budget cuts will inconvenience travelers by squeezing essential services provided by the (opulently armed and stylishly uniformed) DHS.  Quality ammunition is not cheap.  (Of course, news reports that DHS is about to spend $50 million on new uniforms suggests a certain cavalier attitude toward government frugality.)
Spending money this way is beyond absurd well into perverse.  According to the AP story a DHS spokesperson justifies this acquisition to “help the government get a low price for a big purchase.” Peggy Dixon, spokeswoman for the Federal Law Enforcement Training Center:  “The training center and others like it run by the Homeland Security Department use as many as 15 million rounds every year, mostly on shooting ranges and in training exercises.”
At 15 million rounds (which, in itself, is pretty extraordinary and sounds more like fun target-shooting-at-taxpayer-expense than a sensible training exercise) … that’s a stockpile that would last DHS over a century.  To claim that it’s to “get a low price” for a ridiculously wasteful amount is an argument that could only fool a career civil servant.
Meanwhile, Senator Diane Feinstein, with the support of President Obama, is attempting to ban 100 capacity magazine clips.  Doing a little apples-to-oranges comparison, here, 1.6 billion rounds is … 16 million times more objectionable.
Mr. Obama has a long history of disdain toward gun ownership.  According to Prof. John Lott, in Debacle, a book he co-authored with iconic conservative strategist Grover Norquist,
“When I was first introduced to Obama (when both worked at the University of Chicago Law School, where Lott was famous for his analysis of firearms possession), he said, ‘Oh, you’re the gun guy.’
I responded: ‘Yes, I guess so.’
’I don’t believe that people should own guns,’ Obama replied.
I then replied that it might be fun to have lunch and talk about that statement some time.
He simply grimaced and turned away. …
Unlike other liberal academics who usually enjoyed discussing opposing ideas, Obama showed disdain.”
Mr. Obama?  Where’s the disdain now?  Cancelling, or at minimum, drastically scaling back — by 90% or even 99%, the DHS order for ammo, and its receipt and deployment of armored personnel carriers, would be a “fourfer.”
  • The federal government would set an example of restraint in the matter of weaponry.
  • It would reduce the deficit without squeezing essential services.
  • It would do both in a way that was palatable to liberals and conservatives, slightly depolarizing America.
  • It would somewhat defuse, by the government making itself less armed-to-the-teeth, the anxiety of those who mistrust the benevolence of the federales.
If Obama doesn’t show any leadership on this matter it’s an opportunity for Rep. Darrell Issa, chairman of the House Oversight and Government Reform Committee, and Rep. Michael McCaul, chairman of the House Committee on Homeland Security, to summon Secretary Napolitano over for a little national conversation. Madame Secretary?  Buying 1.6 billion rounds of ammo and deploying armored personnel carriers runs contrary, in every way, to what “homeland security” really means.  Discuss.

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