3
novembro 2016, Carta Maior http://cartamaior.com.br (Brasil)
Não
é um semestre que está em jogo, são vinte anos do nosso futuro, o futuro da tão
sofrida educação e saúde brasileira.
Equipe de Comunicação Internacional dos
Estudantes do OCUPA IGC
Introdução -- O que é uma
ocupação e por que lutamos
Participar de uma ocupação não é ficar batendo papo de pernas pro ar e impedir os professores de ministrarem suas aulas, nem um período de férias para ficar em casa assistindo filmes e colocando as séries em dia, ou muito menos é coisa de pessoas sem serviços e desocupadas (como muitos dizem). Estar em uma ocupação não é somente ocupar um espaço, é estar ocupado!
Estamos ocupados construindo o Brasil que queremos, ou ao menos lutando por ele. Não é um semestre que está em jogo, são vinte anos do nosso futuro, o futuro da tão sofrida educação e saúde brasileira. O Ocupa IGC é um movimento articulado e organizado, formado pelos estudantes independentes de partidos políticos dos cursos da Geografia, Geologia e Turismo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Somos organizados em comissões que buscam manter intacto o patrimônio público, suprir as necessidades básicas dos ocupantes (como alimentação), além de promover eventos de caráter didático e articular a comunicação entre as outras ocupações (universitárias e secundaristas).
Participar de uma ocupação não é ficar batendo papo de pernas pro ar e impedir os professores de ministrarem suas aulas, nem um período de férias para ficar em casa assistindo filmes e colocando as séries em dia, ou muito menos é coisa de pessoas sem serviços e desocupadas (como muitos dizem). Estar em uma ocupação não é somente ocupar um espaço, é estar ocupado!
Estamos ocupados construindo o Brasil que queremos, ou ao menos lutando por ele. Não é um semestre que está em jogo, são vinte anos do nosso futuro, o futuro da tão sofrida educação e saúde brasileira. O Ocupa IGC é um movimento articulado e organizado, formado pelos estudantes independentes de partidos políticos dos cursos da Geografia, Geologia e Turismo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Somos organizados em comissões que buscam manter intacto o patrimônio público, suprir as necessidades básicas dos ocupantes (como alimentação), além de promover eventos de caráter didático e articular a comunicação entre as outras ocupações (universitárias e secundaristas).
As experiências vivenciadas na ocupação são de caráter único. Nós estudantes estamos aprendendo com palestras ministradas por professores, advogados, funcionários públicos e até mesmo
Reflexões com base nas vivências do dia primeiro de novembro (01/11/2016)
Começamos o dia com uma palestra sobre a Luta pelo Direito ao Território com o professor Klemens Laschifski do curso de Ciências socioambientais na UFMG às nove horas da manhã, uma das ponderações importantes a serem destacadas, é a importância dos interesses que estão sendo defendidos nas aprovações de projetos ambientais.
Não é novidade para ninguém que na maior parte dos casos, os interesses defendidos são os dos detentores de capitais, sendo que as negociações dos projetos são bem articuladas e são os representantes das empresas interessadas que apresentam os projetos e os impactos ambientais e sociais. As comunidades mais fracas e com menor poder de articulação, que geralmente são as populações que poderão ser prejudicadas, não possuem aparatos tecnológicos, nem representantes com uma capacidade tão grande oratória como as grandes empresas, o que faz com que os mesmo (que podem ser pequenos agricultores, pequenas comunidades e até mesmo comunidades indígenas) se manifestam a favor do projeto sem realmente compreender o que estavam aprovando e a gravidade e complexidade da decisão. O que não é uma situação muito diferente em relação a PEC 241, que tramita agora no Senado como PEC 55, uma vez que boa parte da população que não têm conhecimento da dimensão dos impactos que podem ser causados caso a PEC seja aprovada, fica inerte e não a questiona por achar que é a melhor saída para a situação complicada que estamos vivenciando.
Ao final desta palestra foi iniciada uma roda de conversa sobre o tema, onde conversamos sobre a importância de termos em mente o que queremos construir no território, assim como é importante lutar pelo “Direito à cidade”, temos que como um país democrata exercer o “controle social” (termo mencionado pelo palestrante), pois como uma sociedade democrática temos que reagir às medidas que acreditamos que nos prejudicam e pressionar o governo conforme nossas reivindicações, pois os mesmo são nossos representantes e precisam estar atentos às demandas propostas pelas populações.
A conversa entre a Vereadora Áurea Carolina e os ocupantes e visitantes do IGC girou em torno do contexto dos movimentos sociais na atual conjuntura política do Brasil. Ela nos disse como foi sua trajetória até sua expressiva vitória, sendo a vereadora mais votada em BH. Na conversa, foi reforçada a ideia de que devemos neste momento, onde estamos perdendo direitos já adquiridos, nos fortalecer para que nos próximos anos tenhamos uma melhor representatividade, o que infelizmente ainda não temos. Lutando e resistindo sempre e acreditando que podemos construir um futuro diferente em longo prazo, sem nos deixar abalar pelas dificuldades que virão.
Na assembleia diária realizada ao meio dia e meio, vale ressaltar a aprovação da Nota sobre a posição do Ocupa IGC em relação ao ENEM (nota que se encontra na página do movimento no Facebook OCUPA IGC), gostaríamos de ressaltar que não somos contra o ENEM e nem aos seus candidatos, entretanto acreditamos que ao lutar em defesa do futuro da educação do país estamos também lutando em favor dos candidatos, pois o projeto de emenda constitucional coloca em risco a existências das Universidades Públicas e dos programas de financiamento, que muitos desses candidatos ao ENEM pretendem usar para ingressar na Universidade.
DIÁRIO
DA OCUPAÇÃO (2)
4
novembro 2016, Carta Maior http://cartamaior.com.br (Brasil)
Estamos
nos conhecendo mais na ocupação do que antes, nunca mais enxergaremos a
universidade da mesma maneira: somos maiores que apenas um prédio ocupado.
Equipe de
Comunicação Internacional dos Estudantes do OCUPA IGC
No primeiro dia falamos um pouco como foi
nosso dia, como foi a programação e os sentimentos do que é uma ocupação.
Parece esquisito, mas a ocupação é um dos lugares mais humanos que conheço.
Estamos nos conhecendo mais aqui do que antes, escutamos opiniões diferentes e
nos expressamos diferente. Hoje escutamos de um colega, que falou: Não vamos
enxergar o IGC e a UFMG da mesma maneira. Não iremos mesmo. Somos maiores do que
isso tudo aqui. Estamos lutando juntos, conhecendo nossos colegas de outros
cursos e até do nosso. O curso de Teatro veio fazer uma oficina aqui e o que
vimos foi espaço para conversar sobre temas em comum, conhecer pessoas
diferentes que têm propostas e considerações diferentes.
Somos maiores que apenas um prédio ocupado. Nossas saídas externas, que são inúmeras para uma ocupação já assentada, como a nossa, ajuda a expandir este universo de bolha universitária indo ao encontro de secundaristas em escolas ocupadas, encontrando contatos. Hoje tivemos a presença de representantes da Mídia Ninja, que mostra a visibilidade do nosso movimento pelo país. Que a grande mídia não faz e ainda querem barrar a mídia internacional de fazer, tentando censurar o trabalho deles com burocracia. O que nós temos aqui é uma mídia alternativa que ainda tenta mostrar a verdade e é pouco vista, muito criticada. Mas é essa mídia alternativa que está mostrando a cara do movimento de ocupação. Estamos ainda sofrendo com ataques de pessoas próximas a nós mesmos, ou pessoas que não nos conhecem e nos tratam como: vagabundos, maconheiros, bêbados, estudantes que não querem estudar e sim festejar. Não, lutamos por algo maior que o individualismo, lutamos pelos nossos direitos constitucionais, direitos como: Cidadania e a dignidade da pessoa humana, que já começam pelo Artigo 1º no Artigo 3º no Inciso III diz: erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais. No Artigo 5º no Inciso XVII é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar. Poderíamos citar outros artigos da Constituição Federal de 1988, mas estes acreditamos que já são prova suficiente que temos direitos que devem ser respeitados, temos direitos a sermos cidadãs (ãos) e ser cidadã (aos) é questionar a perda de direitos sociais tão arduamente conquistados.
Ocupar é uma forma de protesto cidadão e estão abertas a visitas e debates.
Somos maiores que apenas um prédio ocupado. Nossas saídas externas, que são inúmeras para uma ocupação já assentada, como a nossa, ajuda a expandir este universo de bolha universitária indo ao encontro de secundaristas em escolas ocupadas, encontrando contatos. Hoje tivemos a presença de representantes da Mídia Ninja, que mostra a visibilidade do nosso movimento pelo país. Que a grande mídia não faz e ainda querem barrar a mídia internacional de fazer, tentando censurar o trabalho deles com burocracia. O que nós temos aqui é uma mídia alternativa que ainda tenta mostrar a verdade e é pouco vista, muito criticada. Mas é essa mídia alternativa que está mostrando a cara do movimento de ocupação. Estamos ainda sofrendo com ataques de pessoas próximas a nós mesmos, ou pessoas que não nos conhecem e nos tratam como: vagabundos, maconheiros, bêbados, estudantes que não querem estudar e sim festejar. Não, lutamos por algo maior que o individualismo, lutamos pelos nossos direitos constitucionais, direitos como: Cidadania e a dignidade da pessoa humana, que já começam pelo Artigo 1º no Artigo 3º no Inciso III diz: erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais. No Artigo 5º no Inciso XVII é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar. Poderíamos citar outros artigos da Constituição Federal de 1988, mas estes acreditamos que já são prova suficiente que temos direitos que devem ser respeitados, temos direitos a sermos cidadãs (ãos) e ser cidadã (aos) é questionar a perda de direitos sociais tão arduamente conquistados.
Ocupar é uma forma de protesto cidadão e estão abertas a visitas e debates.
DIÁRIO
DE UMA OCUPAÇÃO (3)
6 novembro 2016, Carta Maior http://cartamaior.com.br
(Brasil)
"Os
secundaristas, verdadeiros heróis do movimento, foram os responsáveis por nos
mostrar que nós, universitários, tínhamos que fazer algo"
Equipe de Comunicação Internacional dos
Estudantes do OCUPA IGC
O
movimento de ocupações e a luta contra a PEC é nacional. A indignação às
consequências da emenda constitucional é nacional. A revolta é nacional. E a
indignação contra as mudanças no Ensino Médio, através da MP 746, ainda puxam
com mais força o movimento. Podemos ter idades, ideologias e crenças
diferentes, podemos ver o mundo de maneira individual, mas uma coisa é única e
coletiva, a luta contra a perda de direitos. Por isso, nossa ocupação possui
uma “Comissão de Rua”, que não apenas procura fazer trabalhos de
conscientização e promove manifestações, como também vai às escolas
secundaristas visitar nossos companheiros, ajudá-los e fortalecê-los. Pois a
pressão é gigante, nos adolescentes.
Os secundaristas são os verdadeiros heróis desse movimento. Foram eles que começaram a se posicionar, que nos mostraram que nós universitários tínhamos que fazer algo. Foi essa a conclusão que chegamos ao visitar algumas escolas ocupadas. Eles não tem todas as respostas e nem ferramentas para se articularem. Eles precisam de autorização dos pais para lutarem pelos seus direitos, muitas vezes são oprimidos pelos diretores, professores, pais e alunos, mas continuam firmes, pois acreditam na força e importância do movimento. O maior medo deles é pela segurança. O que é nossa maior preocupação também, nas universidades.
A organização e articulação de estudantes secundaristas depende muitas vezes dos professores, que em alguns casos optam por não se manifestar oficialmente, por medo de pressão de pessoas contra o movimento e retaliações a partir disso. Entretanto, a coragem e a vontade de aprender desses estudantes foi o que mais nos impressionou, acreditamos que eles como muitos de nós que aderiram a essa causa nunca mais seremos os mesmos, pois enxergamos a necessidade de se abandonar a concepção da política pré-estabelecida - ou movimentação política - como “assunto de políticos” e “um assunto chato” e fizemos a primeira greve política do país. Pelos jovens e sonhando, com um futuro menos tenebroso.
Os secundaristas são os verdadeiros heróis desse movimento. Foram eles que começaram a se posicionar, que nos mostraram que nós universitários tínhamos que fazer algo. Foi essa a conclusão que chegamos ao visitar algumas escolas ocupadas. Eles não tem todas as respostas e nem ferramentas para se articularem. Eles precisam de autorização dos pais para lutarem pelos seus direitos, muitas vezes são oprimidos pelos diretores, professores, pais e alunos, mas continuam firmes, pois acreditam na força e importância do movimento. O maior medo deles é pela segurança. O que é nossa maior preocupação também, nas universidades.
A organização e articulação de estudantes secundaristas depende muitas vezes dos professores, que em alguns casos optam por não se manifestar oficialmente, por medo de pressão de pessoas contra o movimento e retaliações a partir disso. Entretanto, a coragem e a vontade de aprender desses estudantes foi o que mais nos impressionou, acreditamos que eles como muitos de nós que aderiram a essa causa nunca mais seremos os mesmos, pois enxergamos a necessidade de se abandonar a concepção da política pré-estabelecida - ou movimentação política - como “assunto de políticos” e “um assunto chato” e fizemos a primeira greve política do país. Pelos jovens e sonhando, com um futuro menos tenebroso.
DIÁRIO
DE UMA OCUPAÇÃO -- Que sociedade vamos construir? (4)
6 novembro 2016, Carta
Maior http://cartamaior.com.br
(Brasil)
A
ocupação é um ambiente de muitas transformações: de pessoas, da nossa concepção
de universidade e da sociedade. Talvez a melhor palavra seja construção.
Produzido pelos estudantes do Ocupa
IGC
A
ocupação é um ambiente de muitas transformações: de pessoas, da nossa concepção
de universidade e da sociedade que queremos. Talvez a palavra melhor seja
construção, entretanto para construir a sociedade que queremos é necessário
refazer vários questionamentos que nos ajudam a ver a nossa sociedade como ela
realmente é. Várias dessas questões foram levantadas durante a palestra de hoje
com o tema: “Desenvolvimento, Sustentabilidade e Conflitos territoriais no alto
do Rio das Velhas”, com Fernanda Oliveira e Rodrigo Silva Lemos.
Muito se fala em desenvolvimento. Não existe um país no sistema capitalista que não tenha esse conceito como seu objetivo. Porém, o problema são as consequências ambientais e sociais para tornar essa simples palavra uma realidade, e as mineradoras são uns dos grandes grupos empresariais a movimentar um grande capital e a degradar áreas com valor inestimável.
As grandes empresas produzem seus projetos, afirmam que vão gerar empregos e que os impactos serão mínimos, mas o que elas não afirmam é quem realmente irá enriquecer e quem realmente vai perder. Não afirmam que o lucro vem acima de tudo. E graças a essa lógica capitalista de não se preocuparem com a população e com a preservação ambiental que desastres como o da SAMARCO, que completa agora um ano, acontecem. Pois em muitos desses casos, senão em todos, as empresas identificam os problemas e escolhem continuar com a produção, pois o lucro é mais importante, assumindo o risco de matar sem se importar com as vidas que serão perdidas.
São essas injustiças que nos fazem continuar a luta, pois a população brasileira ainda não é capaz de perceber a forma como a elite desse país a manipula para enriquecer cada dia mais, só se preocupando em manter a população mais pobre como a mão de obra trabalhadora, que não deve crescer profissionalmente e principalmente não deve possuir pensamento crítico. Usando a PEC 55 (241) e a reforma no Ensino Médio como meios para tornar a massa trabalhadora ainda mais submissa e alienada.
Muito se fala em desenvolvimento. Não existe um país no sistema capitalista que não tenha esse conceito como seu objetivo. Porém, o problema são as consequências ambientais e sociais para tornar essa simples palavra uma realidade, e as mineradoras são uns dos grandes grupos empresariais a movimentar um grande capital e a degradar áreas com valor inestimável.
As grandes empresas produzem seus projetos, afirmam que vão gerar empregos e que os impactos serão mínimos, mas o que elas não afirmam é quem realmente irá enriquecer e quem realmente vai perder. Não afirmam que o lucro vem acima de tudo. E graças a essa lógica capitalista de não se preocuparem com a população e com a preservação ambiental que desastres como o da SAMARCO, que completa agora um ano, acontecem. Pois em muitos desses casos, senão em todos, as empresas identificam os problemas e escolhem continuar com a produção, pois o lucro é mais importante, assumindo o risco de matar sem se importar com as vidas que serão perdidas.
São essas injustiças que nos fazem continuar a luta, pois a população brasileira ainda não é capaz de perceber a forma como a elite desse país a manipula para enriquecer cada dia mais, só se preocupando em manter a população mais pobre como a mão de obra trabalhadora, que não deve crescer profissionalmente e principalmente não deve possuir pensamento crítico. Usando a PEC 55 (241) e a reforma no Ensino Médio como meios para tornar a massa trabalhadora ainda mais submissa e alienada.
DIÁRIO
DE UMA OCUPAÇÃO -- Visitando outras ocupações da UFMG (5)
7 2016, Carta Maior http://cartamaior.com.br
(Brasil)
Estamos
nos unindo cada vez mais por um projeto que ajude o país a não perder seus
direitos e por um reconhecimento cada vez maior da sociedade.
Equipe de Comunicação Internacional
dos Estudantes do OCUPA IGC
Visitar as demais ocupações, num campus
como o da Pampulha na UFMG dá um bom trabalho. Visitamos as ocupações, algumas
delas. Pois presenciamos aulões, entramos em meio a assembleias, paramos para
conversar com muitos estudantes. Vimos que as ocupações tem estudantes de todos
os cursos. Mesmo prédios não ocupados tem estudantes deles em meio as ocupações
e muitos prédios ainda estão discutindo sobre se ocupam ou não os mesmos, são eles:
Direito, Engenharia, Odontologia, Medicina e a Faculdade de Ciências Econômicas
(FACE), está última, que em assembleia votou contra a ocupação.
Em nenhuma visita ou assembleias anteriores, vimos alguém a favor da PEC 55 (antiga PEC 241). Vimos muitos estudantes contra as ocupações, por inúmeros motivos. Podemos listar alguns: final de semestre e alguns querem se formar, outros continuarem seus projetos, outros ainda, simplesmente querem terminar o semestre apenas ou acham que as ocupações deveriam ser fora da UFMG, onde teriam mais visibilidade, como: ocupar a prefeitura de Belo Horizonte ou a Assembleia Legislativa de Minas Gerais. E como estas pessoas que são contra as ocupações lidam com elas? Temos movimentos como o MBL e o Desocupa UFMG que são mais radicais e querem a desocupação a força, tiram fotos de estudantes ocupados ou que estão apenas fazendo visitas, ficam rondando os prédios ocupados. Em muitas conversas, porém, estudantes de várias ocupações querem conversar com estudantes, professores e servidores que são contra as ocupações. Querem um debate democrático com eles, mas será que quem é contra tem aquele sentimento de pertencimento sobre um prédio ocupado? Muitos que são contra as ocupações não sabem como agir nas ocupações, têm medo de serem hostilizados. Em grupos heterogêneos, isso pode sim ocorrer, as pessoas podem cometer erros, mas queremos ouvir os estudantes que são contra, suas propostas e seu apoio contra a PEC 55. Venham para um debate mesmo os que são a favor da PEC 55. Venham sem armas na mão, venha debater nas ocupações seu lado, sem violência. Tivemos casos de servidores e professores contra as ocupações agredirem estudantes e muitas ameaças. Mas são casos a parte que devem ser investigados, porque as ocupações não vão durar para sempre e o convívio entre todas as partes continuará em algum momento.
O tempo é uma grande arma neste momento. Quando a PEC será votada no Senado? Não sabemos, talvez seja apenas no fim do ano, talvez queiram desgastar todos os estudantes ocupantes em seus prédios, mas o que se vê é um aumento dos mesmos, das ocupações, dos estudantes em se unirem a causa, das intervenções fora da bolha universitária, nas escolas pelos secundaristas. Doações de mantimentos e outros, e a segurança são os maiores problemas nas ocupações. No entanto, estamos nos unindo cada vez mais por um projeto que ajude o país a não perder seus direitos e por um reconhecimento cada vez maior da sociedade em geral pela nossa luta, o que nos ajudará a combater os problemas e encontrar novas forças para continuar. Não iremos parar, que o governo golpista e todos os órgãos a ele unidos saibam disso.
Em nenhuma visita ou assembleias anteriores, vimos alguém a favor da PEC 55 (antiga PEC 241). Vimos muitos estudantes contra as ocupações, por inúmeros motivos. Podemos listar alguns: final de semestre e alguns querem se formar, outros continuarem seus projetos, outros ainda, simplesmente querem terminar o semestre apenas ou acham que as ocupações deveriam ser fora da UFMG, onde teriam mais visibilidade, como: ocupar a prefeitura de Belo Horizonte ou a Assembleia Legislativa de Minas Gerais. E como estas pessoas que são contra as ocupações lidam com elas? Temos movimentos como o MBL e o Desocupa UFMG que são mais radicais e querem a desocupação a força, tiram fotos de estudantes ocupados ou que estão apenas fazendo visitas, ficam rondando os prédios ocupados. Em muitas conversas, porém, estudantes de várias ocupações querem conversar com estudantes, professores e servidores que são contra as ocupações. Querem um debate democrático com eles, mas será que quem é contra tem aquele sentimento de pertencimento sobre um prédio ocupado? Muitos que são contra as ocupações não sabem como agir nas ocupações, têm medo de serem hostilizados. Em grupos heterogêneos, isso pode sim ocorrer, as pessoas podem cometer erros, mas queremos ouvir os estudantes que são contra, suas propostas e seu apoio contra a PEC 55. Venham para um debate mesmo os que são a favor da PEC 55. Venham sem armas na mão, venha debater nas ocupações seu lado, sem violência. Tivemos casos de servidores e professores contra as ocupações agredirem estudantes e muitas ameaças. Mas são casos a parte que devem ser investigados, porque as ocupações não vão durar para sempre e o convívio entre todas as partes continuará em algum momento.
O tempo é uma grande arma neste momento. Quando a PEC será votada no Senado? Não sabemos, talvez seja apenas no fim do ano, talvez queiram desgastar todos os estudantes ocupantes em seus prédios, mas o que se vê é um aumento dos mesmos, das ocupações, dos estudantes em se unirem a causa, das intervenções fora da bolha universitária, nas escolas pelos secundaristas. Doações de mantimentos e outros, e a segurança são os maiores problemas nas ocupações. No entanto, estamos nos unindo cada vez mais por um projeto que ajude o país a não perder seus direitos e por um reconhecimento cada vez maior da sociedade em geral pela nossa luta, o que nos ajudará a combater os problemas e encontrar novas forças para continuar. Não iremos parar, que o governo golpista e todos os órgãos a ele unidos saibam disso.
DIÁRIO
DE UMA OCUPAÇÃO -- A fantasia do Governo (6)
8 novembro 2016, Carta Maior http://cartamaior.com.br
(Brasil)
Se
alguém cometeu um crime não fomos nós que lutamos pela preservação dos nossos
direitos, foram os que usurparam o governo desse país.
Equipe de Comunicação Internacional
dos Estudantes do OCUPA IGC
Sempre ficamos impressionadas (os) com
essa fantasia de “bom moço” que o governo gosta de usar para manipular a
população. Outro dia vi uma propaganda do Tribunal eleitoral que dizia que não
basta votar, que é preciso acompanhar e se fazer ouvir. Achei isso a coisa mais
irreal no mundo, bom talvez não do mundo, mas com certeza deste país devido ao
momento que vivemos.
Estamos vivendo um momento onde os que discordam do governo estão sendo ignorados e até marginalizados. Pois o que os estudantes desse país estão fazendo é justamente acompanhar as propostas governamentais e se posicionar sobre elas, mas como eles são tratados? Como as ocupações e os estudantes que fazem parte delas são tratados?
Eles são marginalizados, são acusados de desocupados e vagabundos, para completar jogam os candidatos do ENEM contra os ocupantes como uma forma deslegitimar o movimento. Mas se alguém cometeu um crime não fomos nós que lutamos pela preservação dos nossos direitos, foram os que usurparam o governo desse país. Que tramam formas de precarizar a educação e a saúde enquanto votam pelo aumento dos seus salários. Foram os que aprovaram a tortura contra crianças e adolescentes que tentam fazer um país melhor. São os que manipulam a população por meio da mídia usando o ENEM para atacar os que não se deixam levar por suas manipulações e se mobilizam como cidadãos.
Nós os ocupantes somos as vitimas, vitimas das leis incabíveis que implantam nesse país, vítimas do Estado que criminaliza e sufoca, vítima dessa mídia que nos desmoraliza sem nos dar um legítimo direito de resposta. Então só há uma coisa a dizer, vamos continuar ocupados lutando pelo Brasil que queremos. Pois apesar de todos os problemas que esse país possui ainda acreditamos nele, acreditamos no povo brasileiro que resistiu fortemente a todas as dificuldades que já enfrentou, acreditamos no pai de família que se mata de trabalhar lutando para dar aos filhos uma vida melhor que a que ele teve. Não acreditamos no governo, acreditamos no povo brasileiro.
Continuaremos ocupados e nos mobilizaremos cada vez mais.
Estamos vivendo um momento onde os que discordam do governo estão sendo ignorados e até marginalizados. Pois o que os estudantes desse país estão fazendo é justamente acompanhar as propostas governamentais e se posicionar sobre elas, mas como eles são tratados? Como as ocupações e os estudantes que fazem parte delas são tratados?
Eles são marginalizados, são acusados de desocupados e vagabundos, para completar jogam os candidatos do ENEM contra os ocupantes como uma forma deslegitimar o movimento. Mas se alguém cometeu um crime não fomos nós que lutamos pela preservação dos nossos direitos, foram os que usurparam o governo desse país. Que tramam formas de precarizar a educação e a saúde enquanto votam pelo aumento dos seus salários. Foram os que aprovaram a tortura contra crianças e adolescentes que tentam fazer um país melhor. São os que manipulam a população por meio da mídia usando o ENEM para atacar os que não se deixam levar por suas manipulações e se mobilizam como cidadãos.
Nós os ocupantes somos as vitimas, vitimas das leis incabíveis que implantam nesse país, vítimas do Estado que criminaliza e sufoca, vítima dessa mídia que nos desmoraliza sem nos dar um legítimo direito de resposta. Então só há uma coisa a dizer, vamos continuar ocupados lutando pelo Brasil que queremos. Pois apesar de todos os problemas que esse país possui ainda acreditamos nele, acreditamos no povo brasileiro que resistiu fortemente a todas as dificuldades que já enfrentou, acreditamos no pai de família que se mata de trabalhar lutando para dar aos filhos uma vida melhor que a que ele teve. Não acreditamos no governo, acreditamos no povo brasileiro.
Continuaremos ocupados e nos mobilizaremos cada vez mais.
DIÁRIO
DE UMA OCUPAÇÃO -- A (Des)cobertura Midiática (7)
9 novembro 2016, Carta Maior http://cartamaior.com.br
(Brasil)
O
consumo de informação, especialmente nas classes mais populares da população, é
fortemente moldado pelos grandes grupos de mídia brasileiros.
Equipe de Comunicação Internacional
dos Estudantes do OCUPA IGC
A última edição do Exame Nacional do
Ensino Médio (ENEM), ocorrida durante os últimos dias 5 e 6 deste mês, rendeu
aos meios de comunicação nacionais um repleto leque de possibilidades no que se
refere à cobertura jornalística do fato. Desde as inúmeras possibilidades
temáticas para a redação da edição até matérias de cunho cômico e debochado -
bases para os chamados memes das redes sociais - em relação a atrasos de inscritos
com os horários oficiais das provas, o assunto - quase unânime - da mídia
brasileira durante o fim de semana foi o ENEM. Era sabido, por parte de tais
meios de comunicação, dos órgãos institucionais responsáveis pelo exame e pelas
lideranças dos institutos educacionais ocupados, que vários locais de
realização das provas eram também locais de ocupação e resistência do movimento
estudantil, e a mídia, no alto de sua posição enquanto transmissora de fatos e
acontecimentos, tratou de tornar pública a realidade de oposição entre o
governo e o movimento das ocupações. Essa, talvez, tenha sido a primeira vez
que as ocupações tenham tomado o âmbito nacional de discussões e cobertura.
O consumo de informação, especialmente nas classes mais populares da população, de onde emana a força política e de coesão do movimento, é fortemente moldado pelos grandes grupos de mídia brasileiros. Desde o mais pequeno jornal até o mais assistido dos telejornais e programas interativos da televisão, a grade de conteúdos e temas apresentada por esses grupos é constituída a direcionar o leitor, o telespectador, o ouvinte ou qualquer outro de condição assimiladora da informação a ter um ponto de vista em relação ao fato, ponto de vista esse que, na maioria dos casos não está de acordo com a verdadeira realidade de tais fatos. O movimento de ocupações e os trâmites políticos da PEC 241/55 são exemplos nítidos desse tendenciamento midiático. É de comum consenso entre os ocupantes, de todas as nossas comissões, que o entendimento da população sobre os objetivos e formas institucionais da PEC é, senão raso, totalmente nulo. Em relação às ocupações, tem-se do senso comum da população um sentimento de inutilidade, como se o movimento fosse um atentado à moral e os bons costumes do país e não uma luta pelos direitos futuros das classes mais baixas e por que não da própria classe média, pelo menos de muitos que acreditam ser classe média ou de pessoas que consideram-se estáveis em seus trabalhos e em sua vida. Em nossas experiências através da comissão de ruas, responsável pelo diálogo com o ambiente externo a ocupação, a percepção dessa realidade foi bastante clara.
Conversando com uma colega, percebemos o quão a população está apática quanto ao futuro do país. Essa colega se mostrou contrária às ocupações e indagou que estaríamos perdendo um semestre com esses atos. Quando afirmamos que preferimos perder um semestre do que 20 anos, ela questionou: “Vinte anos? Como assim?”. Foi aí que percebemos que ela não entendia o perigo da PEC 241/55, e que ela representa toda uma camada popular, que está sendo manipulada para que não compreenda a real situação do país e desta forma não questione. Explicando para essa colega o porquê da ocupação, o motivo de nossa luta e o que significa os vinte anos, ela compreendeu e quando ela compreendeu, ela se indignou, e por fim nos apoiou.
O desconhecimento popular em relação ao conteúdo político-social envolvido na PEC e, num contexto mais amplo, o jogo político promovido pelo governo golpista torna a capacidade de entendimento de tais processos mais difícil. É uma situação cotidiana em que a população brasileira é envolvida. Os canais de comunicação posicionam-se, através de suas notas eslogans, de forma imparcial, acima de qualquer posicionamento ideológico ou político. Entretanto, impedem que movimentos como o nosso, que tem uma proposta e direcionamento claros, tenham visibilidade. Ao contrário, dissimulam a ideia de que nossa ocupação é ilegítima, na medida em que impede o direito de ir e vir, fazendo assim uma manipulação com ideias democráticas e persuadindo nós, consumidores dessa informação, a concordar com tal crítica. Isso em nada é imparcial.
Em uma nação como a nossa, que se intitula democrática em sociedade e por suas instituições públicas, o direito de diálogo e de manifestação é fundamental. O posicionamento em relação às ações de governo não deve, apenas, ser feito pelo olhar de um único lado da situação. Se hoje existe um movimento de ocupação de escolas e universidades como o nosso, ele deve ser entendido, questionado e debatido em âmbito social e nacional, assim como as medidas governamentais de regulação política, social, econômica e institucional. Não é prudente e saudável que ataques e mais ataques ao nosso movimento sejam feitos sem o direito de resposta, sem que haja um diálogo com a sociedade. Os opositores dizem que o objetivo é uma “Escola sem Partido”, um “Brasil Livre”. Porém onde está a liberdade quando apenas um lado é ouvido? Onde está a imparcialidade quando se parcializa apenas um aspecto da situação? Sem partido não significa neutralidade. Significa ignorância. O posicionamento em relação a algo não induz alguém a ser contra ou a favor a ideias e movimentos, mas sim permite o entendimento dessas. Como ser imparcial no meio de tantas parcialidades? Precisamos debater, urgentemente!!!
O consumo de informação, especialmente nas classes mais populares da população, de onde emana a força política e de coesão do movimento, é fortemente moldado pelos grandes grupos de mídia brasileiros. Desde o mais pequeno jornal até o mais assistido dos telejornais e programas interativos da televisão, a grade de conteúdos e temas apresentada por esses grupos é constituída a direcionar o leitor, o telespectador, o ouvinte ou qualquer outro de condição assimiladora da informação a ter um ponto de vista em relação ao fato, ponto de vista esse que, na maioria dos casos não está de acordo com a verdadeira realidade de tais fatos. O movimento de ocupações e os trâmites políticos da PEC 241/55 são exemplos nítidos desse tendenciamento midiático. É de comum consenso entre os ocupantes, de todas as nossas comissões, que o entendimento da população sobre os objetivos e formas institucionais da PEC é, senão raso, totalmente nulo. Em relação às ocupações, tem-se do senso comum da população um sentimento de inutilidade, como se o movimento fosse um atentado à moral e os bons costumes do país e não uma luta pelos direitos futuros das classes mais baixas e por que não da própria classe média, pelo menos de muitos que acreditam ser classe média ou de pessoas que consideram-se estáveis em seus trabalhos e em sua vida. Em nossas experiências através da comissão de ruas, responsável pelo diálogo com o ambiente externo a ocupação, a percepção dessa realidade foi bastante clara.
Conversando com uma colega, percebemos o quão a população está apática quanto ao futuro do país. Essa colega se mostrou contrária às ocupações e indagou que estaríamos perdendo um semestre com esses atos. Quando afirmamos que preferimos perder um semestre do que 20 anos, ela questionou: “Vinte anos? Como assim?”. Foi aí que percebemos que ela não entendia o perigo da PEC 241/55, e que ela representa toda uma camada popular, que está sendo manipulada para que não compreenda a real situação do país e desta forma não questione. Explicando para essa colega o porquê da ocupação, o motivo de nossa luta e o que significa os vinte anos, ela compreendeu e quando ela compreendeu, ela se indignou, e por fim nos apoiou.
O desconhecimento popular em relação ao conteúdo político-social envolvido na PEC e, num contexto mais amplo, o jogo político promovido pelo governo golpista torna a capacidade de entendimento de tais processos mais difícil. É uma situação cotidiana em que a população brasileira é envolvida. Os canais de comunicação posicionam-se, através de suas notas eslogans, de forma imparcial, acima de qualquer posicionamento ideológico ou político. Entretanto, impedem que movimentos como o nosso, que tem uma proposta e direcionamento claros, tenham visibilidade. Ao contrário, dissimulam a ideia de que nossa ocupação é ilegítima, na medida em que impede o direito de ir e vir, fazendo assim uma manipulação com ideias democráticas e persuadindo nós, consumidores dessa informação, a concordar com tal crítica. Isso em nada é imparcial.
Em uma nação como a nossa, que se intitula democrática em sociedade e por suas instituições públicas, o direito de diálogo e de manifestação é fundamental. O posicionamento em relação às ações de governo não deve, apenas, ser feito pelo olhar de um único lado da situação. Se hoje existe um movimento de ocupação de escolas e universidades como o nosso, ele deve ser entendido, questionado e debatido em âmbito social e nacional, assim como as medidas governamentais de regulação política, social, econômica e institucional. Não é prudente e saudável que ataques e mais ataques ao nosso movimento sejam feitos sem o direito de resposta, sem que haja um diálogo com a sociedade. Os opositores dizem que o objetivo é uma “Escola sem Partido”, um “Brasil Livre”. Porém onde está a liberdade quando apenas um lado é ouvido? Onde está a imparcialidade quando se parcializa apenas um aspecto da situação? Sem partido não significa neutralidade. Significa ignorância. O posicionamento em relação a algo não induz alguém a ser contra ou a favor a ideias e movimentos, mas sim permite o entendimento dessas. Como ser imparcial no meio de tantas parcialidades? Precisamos debater, urgentemente!!!
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