23 novembro 2016, Vermelho http://www.vermelho.org.br (Brasil)
As
polícias militar e legislativa cercaram
o prédio e fecharam entradas da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (23),
para impedir a entrada de índios, quilombolas e pescadores artesanais que
protestam contra o desmonte da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). A situação foi
criticada pelo presidente da Comissão de Legislação Participativa (CLP),
deputado Chico Lopes (PCdoB-CE).
O presidente da Comissão de Legislação
Participativa da Câmara, deputado Chico Lopes manifestou preocupação com o
processo de criminalização dos movimentos sociais.
“Isso começou com o Eduardo Cunha (ex-presidente da
Câmara, que capitaneou o processo do golpe parlamentar que destitui a
presidenta eleita Dilma Rousseff) que fazia um processo seletivo – os
empresários iam direto para seu gabinete, mas os trabalhadores organizados em
sindicatos não podiam entrar na Câmara”, lembra o parlamentar, destacando que
de lá para cá a situação
tem se agravado.“Nós tínhamos policiais apenas de paletó e gravata que não se caracterizava como policias. Agora temos policiais fardados, com aparato de guerra como a gente ver, e foi se criando contradições e divergências com segmentos da sociedade que tem direito de entrar no Congresso -- dentro da ordem e do respeito democrático -- e muitos vem aqui nesse sentido, para reivindicar seus direitos”, avalia o deputado.
Processo de criminalização
Chico Lopes manifestou preocupação com o processo de criminalização dos movimentos sociais. “Vão criminalizando cada vez mais, sem a Câmara dar resposta à sociedade, e vai aumentando a crise entre os diversos segmentos da sociedade”, afirma o deputado, acrescentando que “estamos concordando que os índios venham a Câmara para participar da vida política à formação dele. “
Nesta quarta-feira, os funcionários também foram impedidos de circular livremente nas dependência da Casa. Somente os parlamentares tinham garantias de ir-e-vir. Para se deslocar de um anexo a outro, os servidores foram encaminhados por túneis e passagens desconhecidas, usadas por trabalhadores da manutenção do sistema elétrico e hidráulico da Câmara.
Vários funcionários se manifestaram contrários à medida e criticaram o “estado policialesco” que está sendo implantando na Câmara dos Deputados. Muitos servidores indagaram aos policiais porquê esse mesmo aparato não foi usado para impedir a invasão do Plenário da Câmara, na semana passada, por manifestantes defensores de uma ditadura militar, que quebraram a porta de vidro e foram retirados da local após três horas de negociação, “de forma delicada”, ironizou uma servidora.
De Brasília, Márcia Xavier
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