30 novembro
2016, Havana - 30/11/2016, Ópera Mundi http://operamundi.uol.com.br
(Brasil)
Camilo
Toscano
Enviado
especial a Havana
Povo entoou gritos e palavras de ordem, como: “Eu sou Fidel!”, “Viva Fidel, venceremos!”, “Sempre Fidel!” e “O povo, unido, jamais será vencido”
Foto: Cubadebate/População
lotou praça da Revolução para dar adeus a Fidel
Mais de 2 milhões de
pessoas lotaram a praça da Revolução, em Havana, na noite desta terça-feira
(29/11), para se despedir do líder da Revolução Cubana, Fidel Castro. O ato
desta terça faz parte dos nove dias de luto oficial decretado pelo governo para
homenagear e memória do líder revolucionário.
Na presença de chefes de Governo e representantes de diversas nações,
muitos dos quais discursaram em homenagem e agradecimento a Fidel, o povo
entoou gritos e palavras de ordem, como: “Eu sou Fidel!”, “Viva Fidel,
venceremos!”, “Sempre Fidel!” e “O povo, unido, jamais será vencido”.
Fidel Castro morreu na noite de sexta-feira (25/11), exatamente 60 anos
depois de que partiu, do México rumo a Cuba, no iate
Granma, com um
grupo de 82 guerrilheiros. A ação foi desbaratada pelas tropas do então
presidente do país, Fulgêncio Batista, mas Fidel conseguiu fugir e agrupar
forças suficientes na Serra Maestra, de onde, quase três anos depois, viria a
liderar a entrada em Havana na Revolução Cubana.
Na primeira etapa da série de atos programados, cubanas e cubanos
passaram para se despedir de Fidel pelo salão com suas cinzas montado dentro do
Memorial José Martí, que fica na mesma praça, além da assinatura do compromisso
com a revolução firmado por Fidel em 2000. Só em Havana, mais de 3,5 milhões de
pessoas assinaram os livros disponibilizados com esse propósito.
A partir das 7h desta
quarta-feira (30/11), as cinzas de Fidel seguem em cortejo fúnebre para
Santiago, cidade natal do comandante (leste da ilha), para que os cubanos de
outras cidades possam também dar adeus a ele e firmar o mesmo compromisso. O
trajeto repete a Caravana da Liberdade realizada pelos revolucionários após a
derrubada de Batista, em 1959, e se encerra no sábado (3/12).
Grande ato de massas
O grande ato de massas na praça da Revolução começou pouco antes das 19h
(22h de Brasília), com três músicos cubanos - Luna Manzanare, Maurício
Madrigal e Raul Torres - cantando a música “Um homem que sonha”, dedicada a
Fidel. Em seguida, houve a execução do hino nacional e a declamação de um poema
pela poetisa Corina Mestre, que terminou ao som de “Fidel, Fidel”, vindo da
multidão. O grito se repetiria algumas vezes mais no decorrer da noite.
Rodobaldo Hernández, apresentador da TV oficial, foi o mestre de
cerimônias, passando a chamar uma lista de 17 presidentes ou representantes de
países para proferirem seus discursos. Até que Raul Castro, irmão de Fidel e
atual presidente cubano, fizesse uso da palavra, encerrando o ato às 22h50
(horário local), totalizando quase quatro horas.
Desde às 14h, as cubanas e os cubanos começaram a se dirigir para a
praça, para buscar os lugares mais perto de onde ficariam as autoridades locais
e representantes de outras nações. Muitos jovens e adolescentes, alguns vindos
em excursão escolar vestindo uniformes, participaram do ato. Variados tipos de
camisetas com rosto de Ernesto Che Guevara, de Cuba ou com a assinatura de
Fidel se misturavam a bandeiras, faixas e bandanas com as cores do país.
“Vim aqui apoiar a causa de que Fidel nos ensinou. Este ato teve um
significado especial para todos os cubanos, com muita gente, as ruas estavam
repletas. E todo mundo apoiando Fidel. Somos um só, Fidel vive em nós”, afirmou
Marlon Yeladita, 20 anos, maestro de música em uma escola primária.
Para Santiago Herrera, economista de 47 anos, o momento foi de reforçar
o compromisso revolucionário. “Como você pode ver, o povo veio reafirmar a
Revolução Cubana. Reafirmar que as ideias e o legado de Fidel terão
continuidade”, disse. “A partida de Fidel deixou convicções, princípios e
ensinamentos que ele nos mostrou durante tantos anos de revolução. A força de
nosso futuro está no trabalho político e ideológico que foi feito. E, para
isso, a juventude está encarregada de dar continuidade”, complementa.
Marisol Rodrigues Santos, professora primária, acredita que “o líder
histórico da revolução” apenas partiu fisicamente. “Mas nos restou a satisfação
de seu legado ao qual nós vamos dar continuidade. E, como juramos, vamos seguir
adiante com o conceito que ele deu de revolução. Isso é ter Fidel ao nosso
lado, o amor que pudemos demonstrar que sentimos por ele. Penso que não só eu,
mas todo o povo de Cuba sente. Suas ideias estarão presentes em mim”, diz
emocionada.
Os eventos que marcam o luto oficial em
memória a Fidel Castro incluem ainda um segundo ato de massas, na praça Antonio
Maceo, em Santiago, no sábado. No dia seguinte, ocorrerá a última cerimônia, no
cemitério Santa Ifigênia.
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