22 Junho 2010/Diário Liberdade http://www.diarioliberdade.org
Carolus Wimmer*
O Diário - Em 2008, o então ministro da Defesa da Colômbia e hoje candidato presidencial do uribismo, Juan Manuel Santos, viajou até Telavive para reforçar os laços de cooperação em matérias militar de segurança entre ambos os governos.
As duas administrações assinaram um contrato para aquisição de 25 caças bombardeiro KFIR israelenses. O convénio foi aprovado pela Secretaria de Defesa dos Estados Unidos.
Nesse mesmo ano, The Jerusalem Post deu a opinião que, graças à gestão de Juan Manuel Santos, as relações entre Israel e a Colômbia tinham importância estratégica, já que Telavive se tinha convertido num dos principais fornecedores de armas e treino militar para combater a insurreição do país neogranadino.
Fontes do Exército israelense confirmaram que alguns do seus ex-oficiais superiores treinavam forças colombianas.
O diário israelense Maariv disse numa reportagem que militares na reserva trabalhavam com as suas empresas como mercenários, e oferecem os seus serviços por salários entre os 5.000 e os 8.000 dólares mensais.
No relato biográfico escrito por Maurício Aranguren, o chefe paramilitar Carlos Castaño afirmou que, em 1983, foi clandestinamente treinado em Israel para organizar a sua própria organização terrorista na Colômbia.
«Sob a cobertura de um estudante de ciências na Universidade Hebreia de Jerusalém, liguei-me a um grupo de outros latino-americanos durante um ano numa "escola privada" onde, ao abrigo de um programa secreto com o número de código 562, alguns veteranos do Exército israelense instruíram o grupo nos detalhes da guerra, da geopolítica, do comércio internacional de armas, como comprar espingardas, operações psicológicas e contra-terrorismo e os fundamentos das armas nucleares», escreve-se no livro.
Procurados pela Interpol
«Por solicitação do governo colombiano, em 2002 a Interpol emitiu três mandatos de captura. Actuei com licença e permissão da Colômbia».
Em 2008, Klein foi capturado em Moscovo. A Colômbia pediu a sua extradição. Em Abril deste ano, o Tribunal Europeu dos Direitos do Humanos recusou a entrega de Klein à justiça colombiana porque «corria o risco de ser torturado».
Na Colômbia actuam mercenários e assessores israelenses contratados directamente pelo Executivo.
Na base de Tolemaida, em Cundinamarca, encontra-se um grupo de elite israelense. Devido às críticas que despertaram estas contratações, o então ministrop Juan Manuel santos reiterou à revista Semana: «Eles não têm nada a ver com operações».
Tudo aponta para a reestruturação da inteligência. Tolemaida é é uma das sete bases militares previstas pelo acordo de segurança com os Estados Unidos.
Organizações dos direitos humanos denunciaram a crueldade das práticas que os comandos israelenses ensinaram às autodefesas colombianas. A activista Gladys Olivero, de Colombianos e Colombianas pela Paz expressou: «O ataque á Flotilha da Liberdade é uma prova mais do apodrecimento do sionismo internacional que estendeu os seus tentáculos a todos os apíses do mundo e, através de organismos como a Mossad, está a actuar na América latina e no Caribe. Na Colômbia minaram a colocação de espias e estão a amparar e treinar o paramilitarismo.
As criminosas práticas dos serviços israelenses na Palestina são as mesmas que fazem na Colômbia.
Juan Manuel Santos, que provavelmente ganhará a segunda volta nas eleições presidenciais da Colômbia no próximo dia 20 de Junho, afirma sentir-se por dizerem que «a Colômbia é o Israel da América Latina».
* Membro da Comissão Política do Partido Comunista da Venezuela
Este texto foi publicado em:
www.correodelorinoco.gob.ve/wp-content/uploads/2010/06/WEB-CO-275.pdf
Tradução de José Paulo Gascão
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CONTINUIDADE DA DIREITA NA COLÔMBIA, SEM LEGITIMIDADE
21 junho 2010/Vermelho EDITORIAL http://www.vermelho.org.br
Que legitimidade o novo presidente colombiano poderá ter? O candidato oficial, Juan Manuel Santos, apoiado pelo presidente Álvaro Uribe, um direitista que se transformou no principal apoio do imperialismo norte-americano na América do Sul, foi eleito ontem (dia 20). A marca do pleito, que não empolgou os colombianos, foi a enorme abstenção: 50,7% dos eleitores deixaram de comparecer, diluindo severamente a representatividade e levando à presidência da República um mandatário que teve o voto de menos de 1/3 dos colombianos.
O país tem 29.983.279 eleitores; destes, 14.781.020 (apenas 49,3% do total) foram às urnas, dando 9 milhões de votos (69% do total) para Santos e 3,5 milhões (27,5% do total) para seu adversário Antanas Mockus, do Partido Verde. Resultado que pode ser visto como uma clara mensagem ao novo presidente, a de que não conta com a maioria do povo de seu país.
Outra marca da eleição colombiana foram as denúncias de irregularidades – compra de votos, extorsões praticadas por grupos paramilitares de direita, etc. O grupo de observadores eleitorais da OEA recebeu mais de 15 mil denúncias de irregularidades.
Como Uribe, Santos faz parte da velha e anacrônica oligarquia colombiana (um tio dele foi presidente do país na década de 1930). Como ministro da Defesa do governo Uribe, foi o operador da repressão contra as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), com apoio, financiamento e orientação norte-americana. Como ministro da Defesa, esteve também diretamente envolvido no tratado que cedeu aos EUA sete bases militares na Colômbia, acentuando sua presença ofensiva em território sul-americano.
Com Uribe na Presidência e Santos à frente da repressão, a Colômbia fechou o caminho à negociação com as FARC, acentuando a opção militarista. O alinhamento automático e subalterno com os EUA deixou a Colômbia praticamente isolada no continente, acumulando problemas com vizinhos importantes como a Venezuela e o Equador. O resultado foi o aprofundamento da conflagração no país, o crescimento no número de mortos, o reforço da presença militar dos EUA, o agravamento da crise econômica e do empobrecimento da população. A partir de agosto, ele vai governar um país onde o desemprego supera os 12% e tem quase metade (44%) da população está abaixo da linha da pobreza.
As primeiras declarações de Santos, após a confirmação de sua vitória eleitoral, indicam que o novo presidente percebe as dificuldades que terá pela frente. Ele emitiu sinais apaziguadores à Venezuela e ao Equador, acenou aos partidos Conservador e Cambio Radical, e mesmo ao Partido Liberal, declarando a intenção de tê-los em seu governo. Prometeu combater o desemprego e tirar sete milhões da pobreza e quatro milhões da indigência. São promessas tênues e incertas; mais previsível é a manutenção do combate às FARC, que ele já disse que não vai mudar, o aprofundamento da subserviência aos EUA e do papel de porta-voz de Washington nas reuniões da Unidade Sul Americana de Nações (Unasul).
A continuidade venceu na Colômbia – continuidade do atraso, do domínio oligárquico, da submissão ao imperialismo. Resta ver que fôlego terá, com a legitimidade comprometida pela escassez dos votos alcançados nas urnas
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