Pequim, China, 28 junho 2010 – A China está a conceder acesso livre de tarifas alfandegárias a cerca de 4 mil produtos de mais de duas dezenas de países africanos, estimulando o investimento industrial chinês e o crescimento económico em África.
Xie Yajing, conselheira comercial chinesa para a África e Ásia Ocidental, afirmou recentemente ao jornal queniano The Standard que o esforço para estimular as importações africanas passa também pela abertura de um centro de Exposições Africanas em Pequim, para dar maior visibilidade a estes produtos no país.
“A China assinou acordos de livre acesso com mais de 20 países africanos, para permitir a importação de mais de 4 mil produtos sem tarifas alfandegárias”, afirmou Yajing ao jornal africano.
De acordo com a mesma responsável, as exportações chinesas para África têm-se mantido estáveis, enquanto 23 países africanos conseguiram aumentar as suas exportações para a China.
O volume de comércio bilateral aumentou 24 por cento no primeiro trimestre deste ano, para 27,8 mil milhões de dólares, sublinhou.
Os dados mais recentes dos Serviços de Alfândega da China indicam que no caso dos países de língua portuguesa esta subida é ainda maior: 91 por cento até Abril, para 25.089 milhões de dólares.
No período, a China importou dos oito países de língua portuguesa bens no valor de 17 459 milhões de dólares (um aumento homólogo de 108 por cento) e exportou mercadorias no valor de 7 630 milhões de dólares (aumento de 60 por cento).
A promessa de abertura do mercado chinês a produtos africanos foi inicialmente feita por Wen Jiabao em 2003.
De início, 190 tipos de produtos foram incluídos na lista de acesso livre e em Novembro de 2006, no Fórum para a Cooperação China-África realizado em Pequim, foi definido o alargamento da iniciativa a uma gama de 440 produtos.
Um estudo do banco sul-africano Standard Bank recentemente publicado, citando dados do Ministério do Comércio da China, revela uma lista de 454 tipos de produtos, dos quais três quartos são industriais.
Entre estes estão peças automóveis, bicicletas, sabonetes, plásticos, carteiras de couro, algodão e t-shirts, guarda-chuvas, canetas, candeeiros, produtos refinados de cobre, geradores diesel e anzóis.
Para Deborah Brautigam, investigadora universitária norte-americana que recentemente publicou o livro “A Prenda do Dragão", há uma “correspondência clara” entre esta lista e a reestruturação em curso no tecido industrial da China, que abre caminho ao investimento industrial chinês em África.
“Os governos africanos que queiram estimular o investimento industrial têm agora uma lista de produtos para os quais podem oferecer os seus próprios incentivos”, escreveu a autora norte-americana no seu livro, “China em África: A Verdadeira História”, publicado pela Oxford University Press.
“Algumas empresas chinesas vão ponderar transferir a sua produção para África para reexportar para a China, livre de tarifas. Outras empresas chinesas em África estão já envolvidas na produção de sésamo (Senegal), plásticos (Nigéria) e algodão fiado (Ilhas Maurícias)”, adianta. (macauhub)
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