2 junho 2010/Vermelho EDITORIAL http://www.vermelho.org.br
“Eu esperava que eles atirassem nas pernas ou para o alto, só para aterrorizar as pessoas, mas eles foram atirando direto, alguns foram atingidos na cabeça". Esta descrição, feita pela brasileira Iara Lee, que estava na Flotilha da Liberdade atacada na segunda feira (dia 31) é a melhor descrição da barbárie dos esbirros de Israel contra aquele comboio desarmado que tentava furar o bloqueio israelense e levar ajuda humanitária aos palestinos da Faixa de Gaza.
A ação criminosa de Israel, que deixou pelo menos nove mortos e mais de trinta feridos, levantou mais uma vez uma onda mundial de protesto contra o governo de Tel Aviv. E expõe a hipocrisia da política externa das grandes potências, particularmente do principal suporte da violência praticada por Israel contra o povo palestino: os EUA.
Uma das faces dessa hipocrisia é a alegação do caráter preventivo da ação. É um argumento que deriva do conceito de guerra preventiva, banido e condenado pela legislação internacional. Mas adotado em nosso tempo pelo presidente George Bush, do EUA, que - repetindo Hitler e os nazistas - justificou com esse conceito a ação agressiva contra o Iraque e suas múltiplas ameaças contra os povos.
Hipocrisia repetida em nossos dias. Malgrado a diferença de linguagem e do atual ocupante da Casa Branca, o fato é que nos temas internacionais fulcrais, o que valem são os interesses permanentes e estratégicos dos EUA, que invariavelmente age como potência imperialista. A diplomacia dos EUA, dirigida por Hillary Clinton, pressiona os países para reforçar o monopólio das potências sobre as bombas atômicas e a energia nuclear e exige que os países, principalmente aqueles que fazem parte do Conselho de Segurança da ONU, adotem sanções contra o Irã usando dois argumentos - diz que o Irã mente, e que seu programa de pesquisa nuclear coloca o mundo em perigo.
A ação criminosa de Israel contra o comboio desarmado que pretendia levar ajuda humanitária aos palestinos coloca estes argumentos em xeque: Quem mente? Quem ameaça a segurança do mundo? Fica nítido, outra vez, que o foco das mentiras e ameaças não é Teerã, mas Washington e Tel Aviv. Washington pelo apoio às ações criminosas de Israel, impedindo qualquer medida efetiva contra elas; Tel Aviv porque se coloca acima da lei, do bem e do mal e da própria humanidade: o massacre da Flotilha da Liberdade é mais uma conta num longo rosário de agressões sangrentas.
A guerra é a política continuada por outros meios, já se disse. Mas a vitória não depende apenas da força militar de um país; ela depende principalmente da política, campo onde se formam as convicções e são criadas as condições da vitória.
Por isso esta é uma guerra perdida por Israel, que enfrenta a opinião pública do mundo e fomenta a oposição dentro de suas próprias fronteiras. O massacre da segunda feira foi uma derrota para Israel: se a questão é manter a ferro e fogo o bloqueio de Gaza, a ação criminosa criou as condições para a abertura de um rombo nele e, no dia seguinte, o governo egípcio decidiu liberar o lado da fronteira que controla, permitindo aos palestinos aquela saída para o mundo que Israel faz de tudo para bloquear.
É difícil imaginar quais serão os próximos passos. Outro barco se dirige para Gaza, com o mesmo propósito da Flotilha esmagada a tiros pela marinha israelense: furar o bloqueio.
Tem dois símbolos a bordo: a prêmio Nobel da Paz Mairead Maguire e a anciã judia Hedy Epstein, de 85 anos, cujos familiares foram assassinados pelos nazistas em Auschwitz. Israel "não aprendeu as lições" da II Guerra Mundial, disse ela. E compara o governo de Israel aos nazistas: "Como eles podem fazer o mesmo contra os palestinos?", pergunta.
O governo de Tel Aviv responde a comparações como essas acusando seus autores de anti-semitas. Mas perderam a chamada guerra da comunicação, e quem se junta a essas acusações é uma heroína judia inconformada com os crimes de guerra de Israel contra os palestinos. Sua voz é um eco antissemita ou a expressão da consciência da humanidade?
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III EXIT STRATEGY: LIFTING THE GAZA BLOCKADE
I -- Israel/Ataque a navio matou 19 e não 9; corpos foram jogados no mar
2 junho 2010/Vermelho http://www.vermelho.org.br
A ativista e cineasta brasileira Iara Lee, detida por tropas israelenses na ação militar contra embarcações que levavam ajuda humanitária à Gaza na segunda-feira passada, disse que passageiros do barco em que viajava "'viram soldados atirando corpos no mar". Israel sustenta que 9 pessoas morreram no ataque, mas Iara discorda. "Nossa contabilidade é de que 19 pessoas morreram. Ainda há gente desaparecida, não sabemos o que aconteceu com eles. E ainda há feridos muito graves, praticamente morrendo, que não conseguimos retirar do hospital em Tel Aviv."
Iara viajava no barco Mavi Marmara, que foi palco dos episódios de violência que resultaram na morte de nove ativistas. Em entrevista à BBC Brasil, de Istambul, onde chegou nesta quinta-feira de madrugada junto com um grupo de cerca de 450 ativistas deportados de Israel, Iara disse não ter testemunhado as mortes, mas que "outras pessoas que estavam no barco contaram ter visto soldados atirando corpos no mar".
Iara contou que os atiradores de elite do Exército de Israel entraram no principal navio da frota "atirando para matar". Segundo ela, o operador de internet do Mavi Marmara foi morto com um tiro na cabeça.
"Ele estava na sala de operações, perto da ponte, por onde entraram os atiradores de elite. O corpo dele foi encontrado com um tiro na cabeça", disse ela nesta quinta-feira, antes de embarcar para os Estados Unidos, onde vive.
Iara contou que estava embaixo do convés no momento do ataque, mas quando subiu para procurar seu cinegrafista, viu quatro corpos e vários feridos.
"Era muito sangue, eu comecei a passar mal, tive ânsia de vômito e até desisti de procurá-lo." Violência desproporcional Para a cineasta, a violência usada pelas tropas na ação foi desproporcional.
"Nos barcos pequenos, eles usaram balas de borracha, gás lacrimogêneo e armas de choque. Mas no nosso barco, eles chegaram usando munição de verdade", conta.
"Foram atiradores de elite, todos vestidos de preto, armados".
A cineasta contou que a abordagem israelense ocorreu por volta de 04h30 da madrugada, no escuro, e que foi muito rápida.
"Tinha dois barcos da Marinha. Quando a gente piscou apareceram dezenas de barcos de borracha, helicópteros, atiradores de elite descendo no barco. A marca registrada deles é o silêncio, fomos pegos de repente", ela lembra.
Iara acredita que os soldados ficaram assustados com o número de passageiros a bordo - mais de 600 - e que, por isso, ele podem ter optado por uma ação rápida com o objetivo de assumir imediatamente o controle do barco.
"Esperávamos que eles atirassem para o alto, em direção aos nossos pés, para nos assustar. Imaginávamos que eles fossem tentar jogar redes nos nossos motores, deixar a gente à deriva no meio do mar, mas nunca imaginamos isso." Depois da abordagem, as embarcações da tropa foram levadas para o porto de Ashdod, em Israel, com todos os passageiros algemados. "Quando mandaram a gente descer do barco, já tinham jogado todo o conteúdo de nossas malas no chão, estava tudo misturado. Eram roupas, laptops, pijama, escova de dentes, tudo junto." Os ativistas voltaram para a Turquia apenas com a roupa do corpo e seus passaportes. Segundo a cineasta, todas as câmeras, telefones celulares e blackberries foram confiscados pelo Exército. Ela diz que perdeu US$ 150 mil em câmeras e lentes.
Mas Iara disse que os ativistas conseguiram salvar registros do ataque que teriam sido escondidos em peças de roupas.
"A gente conseguiu salvar algumas fitas com imagens do ataque, que costuramos nas nossas roupas e não foram encontradas pelas autoridades israelenses." Iara Lee saiu do Brasil em 1989 e passou 15 anos nos Estados Unidos, onde é radicada. Nos últimos cinco anos, ela morou em diversos países, entre eles Irã, Tunísia e França, onde filmou documentários. (Fonte: BBc Brasil)
II --- FLOTILLA DE LA LIBERTAD: NETANYAHU CENSURA LA INFORMACIÓN SOBRE EL ATAQUE
3 junio 2010/periodistas en español http://www.periodistas-es.org
Escrito por: Mercedes Arancibia en Comunicación on 31 05, 2010
Mercedes Arancibia.- En medio de una maraña de cifras de muertos –que desde las primeras horas de esta mañana ha pasado de 2 a 16 para quedar finalmente en 9 ó 10, como a media tarde ha declarado Benjamín Netanyahu desde Canadá, donde se encontraba en visita oficial- nos van llegando con cuentagotas los detalles del último acto de terrorismo de Estado, cometido una vez más por Israel. Con cuentagotas porque también una vez más el gobierno israelí obstaculiza la llegada de periodistas a los Territorios Palestinos, siguiendo con su ya tradicional política de “lo que no se cuenta no existe”. Así que mientras menos se sepa menor será la masacre.
Mientras escribo, impotente y rabiosa, me sumo en el televisor a las concentraciones de protesta que están teniendo lugar en Estambul, Atenas, París, Berlín, Teherán… y también en Tel Aviv, delante del Ministerio de Asuntos Exteriores israelí.
Las víctimas esta vez viajaban en la “flotilla de la libertad”, un convoy de seis barcos -cargados con 15.000 toneladas de productos de primera necesidad, y cemento para la reconstrucción de Gaza, destinado a los sufridos habitantes de los Territorios, a quienes hace unas semanas cortaron la única vía de suministro que les quedaba, a través de los túneles excavados que llevan de Gaza a Egipto- que ayer partió de Chipre fletado por varias organizaciones de defensa de los derechos humanos, contando con el apoyo del gobierno turco. Precisamente el raid israelí ha tenido como objetivo al carguero turco Marvi Marmara.
Como no podía ser menos, Edhud Barak, el ministro de Defensa israelí, se ha apresurado a calificar a los integrantes del convoy de “partidarios de una violenta organización terrorista” lo que, se supone, justifica que a las 4 de la madrugada, cuando probablemente dormía la mayor parte de los “humanitarios”, una unidad de élite de la marina israelí les atacara causando un número de muertos que ya no baja de la decena y otras varias decenas de heridos, a los que están atendiendo en hospitales israelíes.
Según la página web de la BBC, el ataque se ha producido en aguas internacionales, a 40 millas marinas de las costas. Como ya se sabe que la mejor defensa es un buen ataque, la primera reacción del gobierno israelí, en torno a las 6 de la mañana, afirmaba que al comando, llegado en helicóptero, le habían agredido “de forma muy violenta” los militantes que viajaban en el barco, “con cuchillos, barras de hierro e incluso disparos”. Sin embargo, los primeros elementos conocidos no explican en absoluto el fusilamiento masivo sobre la cubierta. El diario israelí Haaretz ha explicado a media mañana que las reglas del ejército israelí le autorizan a abrir fuego en caso de que los soldados “vean su vida amenazada”.
Contactado por el periódico digital francés Rue 89, Rami Fallad, profesor de francés en Gaza, ha explicado como se está sintiendo allí lo ocurrido: “Todo el mundo está triste. Los estudiantes han suspendido las clases. Se están produciendo concentraciones. En general, las manifestaciones se dirigen hacia el mar para que el mundo entera vea que estamos aquí… No esperábamos que la barbarie llegara hasta el punto de afectar a los pacifistas. Esta vez el mundo entero puede presenciarla…”.
La parte diplomática del asunto se está solventando en Naciones Unidas, en el Consejo de Seguridad convocado de urgencia. ¡Para qué hacerse ilusiones! Enviará a calendas grecas –es decir, al resultado de una investigación que será tan light como todas las anteriores sobre exacciones del ejército israelí- una posible resolución condenatoria que, en realidad, es todo lo que puede hacer.
III EXIT STRATEGY: LIFTING THE GAZA BLOCKADE
Instead of insisting on continuing a failed policy , Netanyahu should pull himself together and minimize the damage of Israel's flotilla raid.
3 may 2010/Haaretz EDITORIAL http://www.haaretz.com
Like a robot lacking in judgment, stuck on a predetermined path - that's how the government is behaving in its handling of the aid flotillas to the Gaza Strip. The announcement by Prime Minister Benjamin Netanyahu at the security cabinet meeting Tuesday that the blockade of Gaza will continue and that Israel will keep on using force to prevent ships from entering Gaza's port suggests that the foolishness continues and no lessons have been learned from this week's incidents.
The Netanyahu-Ehud Barak government is oblivious to the impact of the failed takeover of the Turkish ship the Mavi Marmara, which ended with the killing of nine passengers. It is oblivious to the international condemnation of this country's actions - Israel once more finds itself isolated. Most serious of all, it is oblivious to the damage it is causing to Israel's strategic interests.
The lethal operation is making it difficult for the U.S. administration to rally a majority in the UN Security Council for new sanctions against Iran and is eroding the international front against the Islamic Republic, which the United States has put together with great diplomatic effort. The naval operation challenges the negotiations with the Palestinians and weakens the bargaining ability of Netanyahu vis-a-vis U.S. President Barack Obama and Palestinian President Mahmoud Abbas. The operation also ruins essential relations with Turkey and will cost Israel in lost tourists and export deals.
Instead of taking the initiative and developing a political exit strategy from the crisis, Netanyahu and Barak are digging themselves deeper into the quagmire. The government apparently believes its own public relations, according to which Israel was the victim of "Al-Qaida supporters." If this is the case, it must immediately dismiss the heads of the security and intelligence services who failed to issue warnings in time and did not prepare accordingly to meet this new and dangerous enemy. How does Israel plan to deal with the Irish ship the Rachel Corrie, which is on its way to the Gaza Strip? Will it also argue that the Irish government, which has given this ship its backing, is a member of Al-Qaida?
Instead of insisting on continuing a policy that has failed, Netanyahu should pull himself together and minimize the damage of the naval operation. He must appoint a commission of inquiry that will investigate what happened and lift the damaging and unnecessary blockade on the Gaza Strip, while developing a response to arms smuggling. Statesmanship is measured by the ability to distinguish between what is important and what is not. Netanyahu and Barak, who dragged Israel into a foolish struggle of prestige with Hamas and its supporters, erred by selecting a violent and damaging form of action. They failed in this week's test of statesmanship.
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