sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Líder chinês: Brasil e China vão construir novo mapa mundial

26 novembo 2009/Vermelho http://www.vermelho.org.br

Com poesia, números e a certeza de que possuem “a mesma tarefa de melhorar a vida do povo”, o presidente do Comitê Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, Jia Qinglin, falou sobre as relações China e América Latina, em uma palestra que lotou o auditório Petrônio Portela, do Senado, nesta quinta-feira (26). A convite do Senado, a autoridade chinesa visita o Brasil para debater com parlamentares e diplomadas o aprofundando dos laços de cooperação entre as duas nações.

Renato Araújo/ABr
Da sucursal de Brasília
Márcia Xavier

O líder chinês fez uma emocionada saudação ao povo brasileiro, destacando a fala do escritor Gilberto Freyre, que disse ser o Brasil a China tropical. Para Jia Qinglin, a parceira entre Brasil e China, iniciada em 1974, e que nunca deixou de se estreitar, está construindo um novo mapa político mundial.

Ao concluir sua fala, de pouco mais de uma hora, Qinglin citou uma poesia chinesa que diz “quem ama, do longe faz perto”. As palavras deram fecho a um discurso pontilhado por palavras de camaradagem e cooperação. Para ele, a parceira entre a China e os países da América Latina, principalmente o Brasil, deve continuar sendo de “benefício mútuo e crescimento”, o que contribuirá não apenas para os desenvolvimento dessas nações, mas de todo o mundo, na construção de uma ordem mundial “justa e equitativa”, destacou.

Sem evitar nenhum assunto, Jia Qinglin anunciou a disposição do governo chinês levar para a Conferência do Clima, em Copenhague, no próximo mês, a proposta de redução da emissão de CO2 de 40% a 50% por unidade de Produto Interno Bruto (PIB) até 2020, tendo como base os dados de 2005.

Ele admite que alcançar essa meta é um grande desafio para a China, que é um país ainda em desenvolvimento, mas que demonstra a coragem e firme determinação de seguir o caminho do desenvolvimento sustentável.

Mesmo destino
Para Qinglin, os chineses e brasileiros estão unidos pelo mesmo destino, que é o de enfrentar os desafios globais. Além das mudanças climáticas, ele citou a segurança alimentar, segurança econômica e transferência tecnológica.

A consolidação dessa relação não se dará apenas nesses setores. Qinglin ofereceu compartilhar a experiência da China na execução dos Jogos Olímpicos com o Rio de Janeiro, que sediará a competição em 2016. Também sugeriu o aumento de bolsas de estudo e viagens de intercâmbio entre os jovens dos dois países. Segundo ele, isso vai proporcionar um conhecimento mútuo que contribuirá para a consolidação da relação.

Ao apresentar os dados e números que provam o desenvolvimento da China desde a revolução em 1949, o líder chinês disse que o governo se mantém no rumo do socialismo, com uma política externa de abertura baseada na cooperação pacífica. “O povo chinês tem confiança e capacidade de se desenvolver e contribuir com o crescimento do mundo”, enfatizou.

Segundo ele, a intenção da China é contribuir para construção de um mundo harmonioso. Na avaliação dele, a América Latina e o Brasil são importantes no mundo e nesse processo de multipolaridade econômica e tecnológica, lembrando que a China e o Brasil estão entre os poucos países do mundo que vão sair incólumes da crise econômica.

Principal parceiro
A visita oficial, com duração prevista até 30 de novembro, acontece no momento em que a China - desde abril último - tornou-se o principal parceiro comercial do Brasil no mundo, posição até então ocupada pelos Estados Unidos.

Jia Qinglin é um dos mais destacados membros do Partido Comunista Chinês (o quarto na hierarquia do governo) e preside, desde 2002, um organismo consultivo político, o equivalente ao Senado no parlamento brasileiro.

Na recepção ao líder chinês, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) chamou atenção do presidente do CCPPC e sua comitiva de 20 pessoas para o desenvolvimento do Brasil. “Que o senhor e sua comitiva possam verificar o que estamos realizando em matéria de progresso e desenvolvimento social, tendo à frente um governo extraordinário, que é o do presidente Luiz Inácio Lula da Silva”, afirmou.

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