Postado em 20 de novembro de 2009 por osvaldobertolino
“A melhor herança humanista da Europa está na América Latina”, destacou nesta quinta-feira o sociólogo francês Edgar Morin, ao participar de uma conferência sobre a situação das Américas ante a crise, durante a qual destacou a “vitalidade” do subcontinente.”
“A Europa é incapaz de um renascimento (…) O melhor de sua herança humanista, está lá, na América Latina (…) o que nos dá esperanças”, destacou Morin na abertura de um fórum de reflexão organizado na Sorbonne pelo Instituto das Américas.
Em sua opinião, “é na América Latina que o humanismo europeu recupera sua própria vitalidade”.
“Vejo isso nas favelas do Rio de Janeiro ou em Medellín. Vejo que são feitos esforços para devolver a dignidade aos excluídos e rejeitados pela sociedade”.
“Por isso falo de vitalidade. Não digo que seja um sucesso, mas vejo que há algo vivo e isso não se vê na França”, destacou o sociólogo.
Morin destacou o papel desempenhado na “volta da consciência” das populações indígenas e andinas, cujas culturas conseguiram “reconhecimento”, com a chegada ao poder do presidente boliviano, Evo Morales – um espisódio que qualificou de “feito histórico”.
Esse processo de “volta à Pacha Mama”, à Terra Mãe, faz parte de uma “concepção neobolivariana” que, em sua opinião, é mais representada pelo presidente brasileiro Luiz Inacio Lula da Silva; não pelo venezuelano Hugo Chávez.
Lula, que concluirá o mandato no final de 2010, poderá desempenhar com sucesso um papel internacional, segundo Morin, porque “não esqueceu nem perdeu as finalidades que o levaram a fazer carreira política”.
Quanto às relações da América Latina com os Estados Unidos, Morin considerou que “poderiam melhorar com a chegada de (Barack) Obama (à Casa Branca) e até Chávez” o previa, “mas a instalação das bases americanas na Colômbia criou novas condições de polarização”.
Considerou que a América Latina “resolve suas próprias crises” não apenas econômicas. “É uma crise múltipla, de futuro, da própria globalização, do desenvolvimento. Como sair? Como se muda de caminho na história? Começa-se com um pequeno desvio, como começou com Jesus e, mais tarde, com Marx, no século XIX; a partir daí, se estabelece uma rede, uma tendência, um movimento, cujo desenvolvimento marca um novo caminho”, exemplificou.
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