Em entrevista ao jornal francês L'Humanité, a presidente deposta Dilma
Rousseff afirmou que a situação atual do Brasil é "crítica" e que “se
é possível condenar e manter na prisão um ex-presidente que tem a liderança de
Lula, então tudo é possível". Ainda segundo ela, Jair Bolsonaro
"defende claramente o ódio e a violência" e "que Lula permanece
na prisão porque, se ele sair, modificará o atual equilíbrio de poder. Lula
representa a luta pela democracia. Representa a ideia de que outro Brasil é
possível"
Para ela, a divulgação das mensagens
trocadas entre procuradores da força-tarefa da Lava jato, feito pelo site The
Intercept, revelou o conluio existente na operação. “A operação Lava Jato foi a
principal ferramenta contra o inimigo. A guerra judicial é usar a lei para
destruir cidadãos e também candidatos. Sou totalmente a favor da luta contra a
corrupção e a demonstrei durante o meu último mandato. Mas a Operação Lava Jato
se tornou um instrumento político para remover qualquer possibilidade de a
esquerda manter o poder e retornar ao poder. As revelações do The Intercept
demonstraram. O juiz Sergio Moro não foi imparcial. Ele agiu a favor da
acusação", afirmou Dilma ao L'Humanité.
"Lula permanece na prisão porque,
se ele sair, modificará o atual equilíbrio de poder. Lula representa a luta
pela democracia. Representa a ideia de que outro Brasil é possível, que outro
governo pode existir. Um governo que consideraria movimentos sociais, mulheres
e organizações negras. Um governo que traga questões sociais, democráticas, mas
também relacionadas à soberania, preservando nossos recursos econômicos
ambientais e de defesa da educação”, disse. “Se é possível condenar e manter na
prisão um ex-presidente que tem a liderança de Lula, então tudo é possível. A
situação é muito crítica. Daí a importância da solidariedade", completou.
Na entrevista, Dilma também ressaltou
que Bolsonaro “lida com tortura, assassinatos políticos e a ditadura militar.
Ele defende claramente o ódio e a violência. Ele ameaça a Constituição quando
declara que basta um chefe e um general fecharem o Parlamento brasileiro. (...)
Quanto aos direitos sociais, ele tem uma posição muito clara”.
"Bolsonaro e seu governo dizem
que sentem dores pelos empreendedores porque, aos seus olhos, eles seriam os
explorados. A proteção do meio ambiente, da Amazônia, dos povos indígenas é um
absurdo para Jair Bolsonaro. Todos esses ataques testemunham sua imensa
desconsideração por debates e opiniões diferentes. O governo acredita que a
Constituição dos Cidadãos de 1988 é responsável pelos 'absurdos' das conquistas
dos governos do Partido dos Trabalhadores (PT)", afirmou.
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