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de setembro de 2019, 21:33 h
O general Eduardo Villas Bôas, ex-comandante
do Exército e atual assessor do Gabinete de Segurança Institucional (GSI),
criticou o posicionamento dos bispos da Igreja Católica sobre as questões
ambientais brasileiras e disse que a igreja adquiriu “viés político”
247 - Ex-comandante do Exército
e atual assessor do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o general
Eduardo Villas Bôas, criticou o posicionamento dos bispos da Igreja Católica em
carta aberta sobre as questões ambientais. Segundo ele, a igreja adquiriu “viés
político”.
Enquanto
líderes da igrejas evangélicas usam as redes sociais para se posiconar em favor
de políticas adotadas pelo governo de Jair Bolsonaro e atacar a oposição,
Villas Bôas manifestou incômodo quanto às críticas feitas pelos bispos em
documento elaborado pelo cardeal Dom Cláudio Hummes, relator e porta-voz do
papa Francisco
sobre o assunto.
Em
entrevista ao jornal O
Estado de S. Paulo, o general admitiu que o governo não gostou dos temas do
Sínodo, a ser realizado no mês que vem, em Roma. "Estamos preocupados,
sim, com o que pode sair de lá, no relatório final, com as suas deliberações.
E, depois, como tudo isso vai chegar à opinião pública internacional porque,
certamente, vai ser explorado pelos ambientalistas. Agora, que fique claro: não
vamos admitir interferência em questões internas do nosso País. Lá, nas
discussões, as coisas se misturam e o Sínodo escapou para questões ambientais e
também tem o viés político", disse.
Ainda
sobre carta escrita por bispos, que na semana passada se queixaram de serem
tratados como “inimigos da Pátria”, Villa Bôas disse que “eles não são
inimigos, mas estão pautados por uma série de dados distorcidos, que não
correspondem à realidade do que acontece na Amazônia”.
Em carta, Bispos do Sínodo da Amazônia dizem ser tratados "como inimigos da pátria"
30 de agosto de 2019, 16:03 h, Brasil 247 (Brasil)
https://www.brasil247.com/brasil/em-carta-bispos-do-sinodo-da-amazonia-dizem-ser-tratados-como-inimigos-da-patria
https://www.brasil247.com/brasil/em-carta-bispos-do-sinodo-da-amazonia-dizem-ser-tratados-como-inimigos-da-patria
Em uma carta aberta, a Igreja Católica saiu
em defesa dos bispos que participam do Sínodo da Amazônia, que será realizado
em outubro, em Roma, para condenar o fato deles estarem sendo “criminalizados”
e tratados como "inimigos da pátria" por integrantes do governo Jair
Bolsonaro e por setores conservadores do clero
247 - Em uma carta aberta, a
Igreja Católica saiu em defesa dos bispos que participam do Sínodo da Amazônia,
que será realizado em outubro, em Roma, para condenar o fato deles
estarem sendo “criminalizados” e tratados como inimigos da pátria por
integrantes do governo Jair Bolsonaro e por setores conservadores do clero.
“Lamentamos
imensamente que hoje, em vez de serem apoiadas e incentivadas, nossas
lideranças são criminalizadas como inimigos da pátria”, diz um trecho da carta.
Segundo
reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, o documento foi elaborado pelo
cardeal Dom Cláudio Hummes, relator e porta-voz do papa Francisco sobre o
assunto. Segundo declarações anteriores ,o objetivo do papa ao elaborar o
Sínodo é pressionar os governos locais a agirem em defesa da Amazônia, o que
foi visto pelo governo Bolsonaro como uma ameaça a soberania nacional.
Na carta,
os religiosos ressaltam que “a soberania brasileira sobre essa parte da
Amazônia é para nós inquestionável. Entendemos, no entanto, e apoiamos a
preocupação do mundo inteiro a respeito deste macro-bioma que desempenha uma
importantíssima função reguladora do clima planetário. Todas as nações são
chamadas a colaborar com os países amazônicos e com as organizações locais que
se empenham na preservação da Amazônia, porque desta macrorregião depende a
sobrevivência dos povos e do ecossistema em outras partes do Brasil e do continente",
destaca o texto.
"Junto
com o papa Francisco, defendemos de modo intransigente a Amazônia e exigimos
medidas urgentes dos governos frente à agressão violenta e irracional à
natureza, à destruição inescrupulosa da floresta que mata a flora e a fauna
milenares com incêndios criminosamente provocados", destaca um outro
trecho da carta.
Leia
abaixo a íntegra da Carta do Encontro de Estudo do Instrumento de Trabalho do
Sínodo da Amazônia
CONFERÊNCIA
NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL
Comissão
Episcopal Especial para a Amazônia
Carta do
Encontro de Estudo do Instrumento de Trabalho do Sínodo da Amazônia
“Cristo
aponta para a Amazônia”
São Paulo
VI
Reunidos
em Belém do Pará, com o objetivo de estudar o Instrumento de Trabalho do Sínodo
da Amazônia, nós, bispos, padres, religiosas e religiosos, leigas e leigos das
Igrejas amazônicas, como também irmãs e irmãos que compartilham a caminhada
ecumênica, queremos manifestar nossas preocupações com a “Casa Comum” e uma
missão evangelizadora encarnada, samaritana e ecológica.
Desde
1952, os bispos da Amazônia se reúnem periodicamente para se posicionar sobre a
missão da Igreja na realidade peculiar da Amazônia. “Cristo aponta para a
Amazônia” é a expressão profética e programática do Papa São Paulo VI que em
1972 repercutiu no Encontro de Santarém. A nossa Igreja assumiu, então, o
compromisso de se “encarnar, na simplicidade”, na realidade dos povos e de
empenhar-se para que por meio da ação evangelizadora se tornasse cada vez mais
nítido o rosto de uma Igreja amazônica, comprometida com a realidade dos povos
e da terra. No encontro de 1990, em Belém-Icoaraci, os bispos da Amazônia foram
os primeiros a advertir o mundo para um iminente desastre ecológico com
“consequências catastróficas para todo o ecossistema (que) ultrapassam, sem
dúvida, as fronteiras do Brasil e do Continente” (Documento “Em defesa da Vida
na Amazônia”).
Novamente
reunidos em Icoaraci/PA em 2016, os bispos da Amazônia dirigiram uma carta ao
Papa Francisco pedindo um Sínodo para a Amazônia. Acolhendo o desejo da Igreja
nos nove países amazônicos, o Papa convocou em 15 de outubro de 2017 a
“Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Pan-Amazônia”, com o tema
“Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”.
A Igreja
Católica desde o século XVII está presente na Amazônia preocupando-se com a
evangelização e a promoção humana ao mesmo tempo. Quantas escolas, hospitais,
oficinas, obras sociais se construíram e foram mantidas durante séculos em
todos os rincões da Amazônia. Vilas e cidades se edificaram a partir das
“missões” da nossa Igreja. Quanto sangue, suor e lágrimas foram derramados na
defesa dos direitos humanos e da dignidade, especialmente dos mais pobres e
excluídos da sociedade, dos povos originários e do meio ambiente tão ameaçados.
Lamentamos imensamente que hoje, em vez de serem apoiadas e incentivadas,
nossas lideranças são criminalizadas como inimigos da Pátria.
Junto com
o Papa Francisco, defendemos de modo intransigente a Amazônia e exigimos
medidas urgentes dos Governos frente à agressão violenta e irracional à
natureza, à destruição inescrupulosa da floresta que mata a flora e a fauna
milenares com incêndios criminosamente provocados.
Ficamos
angustiados e denunciamos o envenenamento de rios e lagos, a poluição do ar
pela fumaça que causa perigosa intoxicação, especialmente das crianças, a pesca
predatória, a invasão de terras indígenas por mineradoras, garimpos e
madeireiras, o comércio ilegal de produtos da biodiversidade.
A
violência, que ultimamente cresceu de maneira assustadora, nos causa horrores e
exige também o engajamento da nossa Igreja para que a paz e o respeito, a
fraternidade e o amor prevaleçam.
Defendemos
vigorosamente a Amazônia, que abrange quase 60% do nosso Brasil. A soberania brasileira
sobre essa parte da Amazônia é para nós inquestionável.
Entendemos,
no entanto, e apoiamos a preocupação do mundo inteiro a respeito deste
macro-bioma que desempenha uma importantíssima função reguladora do clima
planetário. Todas as nações são chamadas a colaborar com os países amazônicos e
com as organizações locais que se empenham na preservação da Amazônia, porque
desta macrorregião depende a sobrevivência dos povos e do ecossistema em outras
partes do Brasil e do continente.
O Sínodo,
convocado pelo Papa Francisco, chega num momento crucial de nossa história.
Queremos identificar novos caminhos para a evangelização dos povos que habitam
a Amazônia. Ao mesmo tempo, a Igreja se compromete com a defesa desse chão
sagrado que Deus criou em sua generosidade e que devemos zelar e cultivar para
as presentes e futuras gerações.
Cabe um
agradecimento especial à Rede Eclesial Pan-Amazônica/REPAM por todo o esforço
dedicado no importante processo de ESCUTA das comunidades e no envolvimento dos
diversos segmentos do Povo de Deus, especialmente mulheres e com forte
participação das juventudes e dos povos originários.
Pedimos
que rezem por nós, irmãs e irmãos, para que a caminhada sinodal reflita “as
alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens e das mulheres
de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem” (GS 1).
Que Maria
de Nazaré, expressão da face materna de Deus no meio de nosso povo, por sua
intercessão, acompanhe os passos da Igreja de seu Filho nas terras e águas
amazônicas para que ela seja sinal e presença do Reino de Deus. Que ajude, com
sua missão evangelizadora e humanizadora, a dignificar cada vez mais a vida em
nossa região.
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