6 maio 2015, Timor Hau Nian Doben http://www.timorhauniandoben.com (Timor-Leste)
Tambem nesta postagem: Deputados timorenses pedem mais apoio para aprendizagem do português
Díli (Lusa) -- O primeiro-ministro timorense afirmou hoje que são
precisos mais meios, incluindo com o apoio de parceiros da CPLP, para colocar
professores que ensinem português e em português em todas as escolas do país.
"Lanço este desafio. Vamos todos apoiar esta ideia: Vamos
todos dotar o Ministério da Educação de meios para poder ter professores em
todas as escolas de Timor-Leste para ensinar português e em português",
afirmou Rui Maria Araújo.
"Temos que ser realistas. Não temos professores suficientes
para ensinar o português em todo o território de Timor-Leste. O aproveitamento
escolar de muitos jovens, de muitas crianças timorenses, tem sido um
desastre", apontou.
Intervindo num colóquio em Díli sobre o tema "CPLP - Uma
língua, várias identidades" -- inserido nos eventos da Semana da Língua
Portuguesa do Parlamento Nacional -- o chefe de Governo disse
que, depois de 12
anos "com o discurso de defesa do português" é necessário "fazer
mais alguma coisa de concreto".
"Aqui não é uma questão de opção da língua como parte da nossa
identidade, é uma questão de ver a forma mais eficaz, eficiente para
implementar este compromisso histórico, implementar um ponto importante da nossa
identidade", afirmou.
Pedindo realismo no debate, Rui Araújo disse que as dificuldades do
sistema educativo e o mau aproveitamento dos alunos levaram alguns
especialistas da didática e metodologia de ensino a avançarem com a ideia,
"muito infeliz para alguns, defensável para outros", de utilizar a
língua materna para "intensificar o ensino e a aprendizagem".
Mas insistiu que o maior problema continua a ser a falta de
recursos humanos.
"A única forma é colocar todo o país com professores de língua
portuguesa para ensinar em todas as escolas. É a única forma de o fazer",
disse.
"Temos que investir mais na formação de professores, trazendo
professores de língua portuguesa dos nossos países irmãos da CPLP para nos
ajudarem a fazer isso", defendeu, afirmando que sem isso os debates
tornam-se "fúteis e estéreis".
Mais do que ensinar a língua portuguesa, disse, é vital que se
aposte também no ensino em português, em áreas como as ciências, ajudando os
jovens a "raciocinar em português".
Paralelamente, considerou, é vital apostar no ensino do português
na função pública onde há hoje mais documentos, mais despachos e todo um quadro
legal e regulamentar em português mas onde a compreensão dos funcionários ainda
é limitada.
"Assim como acontece na área da educação, na área da
administração pública temos casos caricatos, despachos escritos em português
que não são bem entendidos e acabam por ser implementados de outra forma",
observou.
Paralelamente, disse, é necessário trabalhar mais ao nível dos órgãos
de comunicação social onde o uso do português é praticamente inexistente.
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5 maio 2015, Timor Hau Nian Doben http://www.timorhauniandoben.com (Timor-Leste)
Díli (Lusa) -- Deputados timorenses destacaram hoje a importância
do português para Timor-Leste, defendendo no plenário do Parlamento Nacional
mais esforços do Governo para apoiar a geração de jovens que viveu sob ocupação
indonésia.
Eládio Antonío de Jesus, um jovem deputado da Fretilin,
recordou o papel da língua portuguesa na luta contra a ocupação indonésia e o
papel que pode ter para ajudar Timor-Leste "a ser intermediário entre a
CPLP e a região da Ásia e Pacífico".
Por isso, disse, e tendo em conta as dificuldades que muitos
jovens sentem com o português - especialmente "os que viveram e aprenderam
nos 24 anos de ocupação indonésia" - pediu "mais apoios para
aprender" português.
"Peço, por isso, mais apoio, fornecendo livros para os
timorenses, para dar um enriquecimento sobre a língua portuguesa, que também é
a nossa língua", disse. Mais crítica foi Ilda Maria Conceição (FRETILIN),
que lamentou o facto de não haver suficientes cursos, por todo o país, quer em
tétum quer em português, as duas línguas oficiais.
"Porque é que a educação não dá cursos em distritos ou
subdistritos para desenvolver a nossa língua. Mas depois termos cursos de
inglês em todas as partes, até nos subdistritos.
O Ministério da Educação deve criar cursos em todos os distritos
para poder desenvolver as nossas línguas oficiais", afirmou. Jorge Teme,
da Frente Mudança, foi um dos deputados que aproveitou a sessão plenária em
português para destacar a importância da aprendizagem da língua em Timor-Leste,
saudando a presença no Parlamento Nacional de alunos timorenses e do embaixador
de Portugal em Díli, Manuel Gonçalves de Jesus.
Antonio Ximenes Serpa (CNRT) disse sentir "muita alegria
ao ver muita gente no plenário para ouvir a sessão em língua portuguesa" e
"alguma tristeza" por ele próprio não falar muito bem
português.
"A língua portuguesa é a língua oficial timorense e por
isso temos que falar melhor português. Quero recomendar à SE Assuntos
Parlamentares que faça chegar ao Ministério da Educação um apelo para dar muita
atenção à melhoria da capacidade dos professores timorenses na língua portuguesa
para que possam ensinar como deve ser aos alunos", afirmou.
Francisco Branco (Fretilin) recordou a importância "da
identidade de um povo" e que há 500 anos, em Lifau (Oe-cusse) se fundiram
duas civilizações "a portuguesa cristã e a animista lulik" de Timor.
"Essa fusão gerou uma identidade única nesta zona geográfica do
mundo.
A fusão dessas duas culturas constituiu uma força de resistência à
invasão militar indonésia durante 24 anos. Uma força de identidade",
afirmou.
"Há 500 anos que nos encontrámos. Se, por acaso, os
missionários portugueses não pisassem os solos de Timor, o que seria hoje de
Timor-Leste? Seria uma continuação da indonésia", disse. Por essa fusão,
disse, Timor-Leste pode hoje "estar orgulhoso" de ser um país
soberano "porque é diferente de todos os povos desta região".
"A língua portuguesa é a nossa língua, a língua que
falam os brasileiros falam, os angolanos, os moçambicanos, os guineenses, os
cabo-verdianos, os são-tomenses. É a língua de todos nós, com identidades
diferentes", afirmou.
Por isso pediu "reflexão" e "uma política mais
séria para introdução da língua portuguesa, como língua oficial",
rejeitando o uso das línguas maternas no processo de aprendizagem porque
"discriminam" os cidadãos de algumas zonas face aos estudantes de
Díli que aprendem, primeiro, tétum e português.
A sessão plenária de hoje, que coincide com o Dia da Língua
Portuguesa, integra-se na Semana da Língua Portuguesa que decorre até
sexta-feira no Parlamento Nacional de Timor-Leste, com exposições, debates e a
apresentação de documentários.
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