quinta-feira, 7 de maio de 2015

Timor-Leste/PM timorense quer professores a ensinar português e em português em todas as escolas

6 maio 2015, Timor Hau Nian Doben http://www.timorhauniandoben.com (Timor-Leste)


Díli (Lusa) -- O primeiro-ministro timorense afirmou hoje que são precisos mais meios, incluindo com o apoio de parceiros da CPLP, para colocar professores que ensinem português e em português em todas as escolas do país.

"Lanço este desafio. Vamos todos apoiar esta ideia: Vamos todos dotar o Ministério da Educação de meios para poder ter professores em todas as escolas de Timor-Leste para ensinar português e em português", afirmou Rui Maria Araújo.

"Temos que ser realistas. Não temos professores suficientes para ensinar o português em todo o território de Timor-Leste. O aproveitamento escolar de muitos jovens, de muitas crianças timorenses, tem sido um desastre", apontou.

Intervindo num colóquio em Díli sobre o tema "CPLP - Uma língua, várias identidades" -- inserido nos eventos da Semana da Língua Portuguesa do Parlamento Nacional -- o chefe de Governo disse
que, depois de 12 anos "com o discurso de defesa do português" é necessário "fazer mais alguma coisa de concreto".

"Aqui não é uma questão de opção da língua como parte da nossa identidade, é uma questão de ver a forma mais eficaz, eficiente para implementar este compromisso histórico, implementar um ponto importante da nossa identidade", afirmou.

Pedindo realismo no debate, Rui Araújo disse que as dificuldades do sistema educativo e o mau aproveitamento dos alunos levaram alguns especialistas da didática e metodologia de ensino a avançarem com a ideia, "muito infeliz para alguns, defensável para outros", de utilizar a língua materna para "intensificar o ensino e a aprendizagem".

Mas insistiu que o maior problema continua a ser a falta de recursos humanos.

"A única forma é colocar todo o país com professores de língua portuguesa para ensinar em todas as escolas. É a única forma de o fazer", disse.

"Temos que investir mais na formação de professores, trazendo professores de língua portuguesa dos nossos países irmãos da CPLP para nos ajudarem a fazer isso", defendeu, afirmando que sem isso os debates tornam-se "fúteis e estéreis".

Mais do que ensinar a língua portuguesa, disse, é vital que se aposte também no ensino em português, em áreas como as ciências, ajudando os jovens a "raciocinar em português".

Paralelamente, considerou, é vital apostar no ensino do português na função pública onde há hoje mais documentos, mais despachos e todo um quadro legal e regulamentar em português mas onde a compreensão dos funcionários ainda é limitada.

"Assim como acontece na área da educação, na área da administração pública temos casos caricatos, despachos escritos em português que não são bem entendidos e acabam por ser implementados de outra forma", observou.

Paralelamente, disse, é necessário trabalhar mais ao nível dos órgãos de comunicação social onde o uso do português é praticamente inexistente.

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5 maio 2015, Timor Hau Nian Doben http://www.timorhauniandoben.com (Timor-Leste)

Díli (Lusa) -- Deputados timorenses destacaram hoje a importância do português para Timor-Leste, defendendo no plenário do Parlamento Nacional mais esforços do Governo para apoiar a geração de jovens que viveu sob ocupação indonésia. 

 Eládio Antonío de Jesus, um jovem deputado da Fretilin, recordou o papel da língua portuguesa na luta contra a ocupação indonésia e o papel que pode ter para ajudar Timor-Leste "a ser intermediário entre a CPLP e a região da Ásia e Pacífico". 

 Por isso, disse, e tendo em conta as dificuldades que muitos jovens sentem com o português - especialmente "os que viveram e aprenderam nos 24 anos de ocupação indonésia" - pediu "mais apoios para aprender" português. 

 "Peço, por isso, mais apoio, fornecendo livros para os timorenses, para dar um enriquecimento sobre a língua portuguesa, que também é a nossa língua", disse. Mais crítica foi Ilda Maria Conceição (FRETILIN), que lamentou o facto de não haver suficientes cursos, por todo o país, quer em tétum quer em português, as duas línguas oficiais. 

 "Porque é que a educação não dá cursos em distritos ou subdistritos para desenvolver a nossa língua. Mas depois termos cursos de inglês em todas as partes, até nos subdistritos. 

O Ministério da Educação deve criar cursos em todos os distritos para poder desenvolver as nossas línguas oficiais", afirmou. Jorge Teme, da Frente Mudança, foi um dos deputados que aproveitou a sessão plenária em português para destacar a importância da aprendizagem da língua em Timor-Leste, saudando a presença no Parlamento Nacional de alunos timorenses e do embaixador de Portugal em Díli, Manuel Gonçalves de Jesus. 

 Antonio Ximenes Serpa (CNRT) disse sentir "muita alegria ao ver muita gente no plenário para ouvir a sessão em língua portuguesa" e "alguma tristeza" por ele próprio não falar muito bem português. 

 "A língua portuguesa é a língua oficial timorense e por isso temos que falar melhor português. Quero recomendar à SE Assuntos Parlamentares que faça chegar ao Ministério da Educação um apelo para dar muita atenção à melhoria da capacidade dos professores timorenses na língua portuguesa para que possam ensinar como deve ser aos alunos", afirmou. 

Francisco Branco (Fretilin) recordou a importância "da identidade de um povo" e que há 500 anos, em Lifau (Oe-cusse) se fundiram duas civilizações "a portuguesa cristã e a animista lulik" de Timor. "Essa fusão gerou uma identidade única nesta zona geográfica do mundo. 

A fusão dessas duas culturas constituiu uma força de resistência à invasão militar indonésia durante 24 anos. Uma força de identidade", afirmou. 

 "Há 500 anos que nos encontrámos. Se, por acaso, os missionários portugueses não pisassem os solos de Timor, o que seria hoje de Timor-Leste? Seria uma continuação da indonésia", disse. Por essa fusão, disse, Timor-Leste pode hoje "estar orgulhoso" de ser um país soberano "porque é diferente de todos os povos desta região". 

 "A língua portuguesa é a nossa língua, a língua que falam os brasileiros falam, os angolanos, os moçambicanos, os guineenses, os cabo-verdianos, os são-tomenses. É a língua de todos nós, com identidades diferentes", afirmou. 

 Por isso pediu "reflexão" e "uma política mais séria para introdução da língua portuguesa, como língua oficial", rejeitando o uso das línguas maternas no processo de aprendizagem porque "discriminam" os cidadãos de algumas zonas face aos estudantes de Díli que aprendem, primeiro, tétum e português. 

A sessão plenária de hoje, que coincide com o Dia da Língua Portuguesa, integra-se na Semana da Língua Portuguesa que decorre até sexta-feira no Parlamento Nacional de Timor-Leste, com exposições, debates e a apresentação de documentários.


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