Isabela Vieira,
Repórter da Agência Brasil
Rio
de Janeiro -- O primeiro-ministro da China, Li Keqiang, comentou hoje (20) o
plano de cooperação de US$ 53 bilhões assinado com o Brasil ontem (19),
incluindo 35 acordos em áreas como infraestrutura, transporte e agropecuária.
De acordo com o premiê, Pequim quer elevar o grau de relacionamento entre os
países e ir além das trocas comerciais. A intenção, anunciou, é instalar
fábricas no país e promover troca de tecnologia na área de infraestrutura e
mobilidade.
“Manifestei
[ao governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão] que gostaríamos de
instalar fábricas ou bases para produção e manutenção dos futuros metrôs e
vagões [de trens] no Rio. Assim podemos promover o emprego local e treinar os
trabalhadores brasileiros”, afirmou, na exposição de equipamentos manufaturados
da China, na zona portuária.
Li
Keqiang acabava de chegar de passeio em um dos vagões chineses comprados para o
metrô. O estado comprou 100 trens, 34 composições para o metrô e sete barcas
nos últimos anos, do país asiático. “São equipamentos modernos, adquiridos a um
preço extremamente competitivo e
entregues em tempo recorde”, disse o
governador, que pretende ampliar as relações, com financiamento chinês, nas
áreas de saneamento básico, internet e mobilidade.
Ao
discursar para executivos chineses e brasileiros, o premiê disse que vê
oportunidades para aumentar a capacidade produtiva entre os países. Destacou o
acordo que estudará a instalação de uma ferrovia ligando o Brasil ao Oceano Pacífico,
passando pelo Peru, e que permitirá aumento do comércio com a Ásia. “Com essa
ferrovia, a produção do Brasil vai avançar”, afirmou Li, defendendo os produtos
chineses, que terão mais facilidade para chegar ao continente.
“De
nossa parte, podemos garantir que todos nossos produtos são de boa qualidade e
atendem às exigências para proteger o meio ambiente”, declarou. Ele também
reforçou a intenção de ampliar a importação de produtos de “tradição
brasileira”, os agropecuários.
O
ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, que representava a presidenta
Dilma Rousseff no evento, informou que o Brasil também tem intenções de ampliar
as relações, comprando mais dos chineses, mas também vendendo mais. A China,
atualmente, importa do Brasil matérias-primas, enquanto vende produtos
industrializados, de maior valor agregado.
“Nossas
trocas bilaterais cresceram 500% em dez anos, de US$ 12 bilhões para US$ 80
bilhões e a China é, desde 2009, o primeiro parceiro comercial do Brasil”,
mencionou Vieira. “O futuro é promissor entre os nossos países”, completou,
lembrando os 35 acordos firmados ontem e as negociações entre empresas
brasileiras como a Vale e a Petrobras com instituições chinesas.
--------- Sobre este assunto
Brasil e China vão construir ferrovia do Atlântico
ao Pacífico
Luana Lourenço –
Repórter da Agência Brasil
Brasília
-- A presidenta Dilma Rousseff e o
primeiro-ministro da China, Li Keqiang, assinaram hoje (19) um plano de
cooperação até 2021. Os dois países firmaram 35 acordos, entre os quais um que
trata de estudos de viabilidade para construção de uma ferrovia para ligar o
Brasil ao Oceano Pacífico, passando pelo Peru, chamada de Ferrovia
Transoceânica.
“A
ferrovia vai cruzar o país de leste a oeste, portanto, o continente, porque
ligará o Oceano Atlântico ao Pacífico. É um novo caminho que se abrirá para a
Ásia, reduzindo distâncias e custos. Um novo caminho que nos levará diretamente
ao Pacífico, até os portos da China”, explicou Dilma, em declaração de
imprensa, após a assinatura de acordos com o chinês.
Segundo
Dilma, os atos assinados hoje representam investimentos de US$ 53 bilhões e
abrangem áreas de planejamento estratégico, infraestrutura, transporte,
agricultura, energia, mineração, ciência e tecnologia, comércio, entre outras.
Na
lista, está o acordo para retomada das exportações de carne brasileira para a China,
interrompidas desde julho de 2012. Durante a visita do presidente chinês, Xi
Jinping, em julho do ano passado, o fim do embargo chinês à carne brasileira
foi anunciado, mas faltava a assinatura de um protocolo sanitário.
“É
o marco jurídico necessário para a retomada da exportação de carne bovina para
a China, de forma sustentável, que será implementada com a habilitação feita
pela China dos primeiros oito estabelecimentos brasileiros. Reiterei interesse
em tornar efetivo o processo de habilitação de novos estabelecimentos
produtores de carne bovina, suína e de aves”, disse a presidenta.
Segundo
Dilma, mais nove frigoríficos brasileiros estão na lista aguardando a
habilitação para voltar a exportar para a China. “Vamos liberar de forma bem acelerada.
Foi assinado o acordo sanitário. A partir do acordo, cria-se uma nova forma de
relacionamento nessa questão entre as autoridades chinesas, as autoridades
sanitárias brasileiras e o Ministério da Agricultura”, acrescentou.
A
presidenta lembrou que a China é o principal parceiro comercial do Brasil e
defendeu a ampliação de investimentos, o comércio mais intenso, aberto e
diversificado entre os dois países e o aperfeiçoamento de parcerias em
educação, ciência e tecnologia.
Dilma
destacou que o Brasil e a China devem se unir para cobrar mudanças no Conselho
de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) e nos órgãos financeiros
multilaterais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial.
Segundo Li Keqiang, o fortalecimento da parceria entre os dois países pode
ajudar a proteger as economias emergentes das dificuldades econômicas
internacionais.
“Nesse
cenário político e econômico internacional, que passa por mudanças,
particularmente no contexto de fraca recuperação da economia mundial, a
integração entre Brasil e China vai promover desenvolvimento dos países em
desenvolvimento, das economias emergentes e ajudar na recuperação da economia
mundial. A cooperação financeira ajudará as salvaguardas da sustentabilidade
financeira dos países emergentes”, avaliou.
A
lista de acordos entre o Brasil e a China inclui a compra de aviões da Embraer
e de navios de minério da Vale, a construção de um satélite de sensoriamento
remoto, investimentos de US$ 7 bilhões em projetos da Petrobras, a construção
de um polo siderúrgico no Maranhão e até cooperação esportiva para as
modalidades de tênis de mesa e jogo de peteca.
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