8 maio 2015, Carta Maior http://www.cartamaior.com.br (Brasil)
O relato de
Marie Vassiltchikov é considerado o melhor relato sobre a tentativa de por fim
à ditadura nazista, que ficou conhecida 'Operação Valquíria.'
Flávio Aguiar
Berlim - 8 e 9 de maio são as datas que comemoram o fim
oficial da Segunda Guerra Mundial. A rendição incondicional de todas as Forcas
Armadas alemãs foi assinada perto da meia-noite em Berlim. Em Moscou, cujo
Exército Vermelho tomara a capital alemã, já era o dia 9. Por isso as duas
datas se referem a este final de uma das guerras mais cruentas da historia da
humanidade. Tradicionalmente as comemorações lembram o esforço conjunto dos
aliados. Mas não este ano. Diversos países do Ocidente estão boicotando as
comemorações russas, alegando as violações de Moscou em relação a soberania da
Ucrânia. A Rússia, por seu lado, vem enfatizando o próprio esforço, além de lembrar
o elevadíssimo numero de vítimas (20 milhões).
Uma maneira original de lembrar estes eventos da historia é a leitura do livro Diários de Berlim, 1940 - 1945, da princesa russa Marie Vassiltchikov, que passou a guerra em Berlim, onde estava exilada. Além de evocar a atmosfera progressivamente deteriorada da cidade, sob os bombardeios aéreos, ela, que era visceralmente anti-nazista, testemunhou de perto a preparação da fracassada tentativa de matar Hitler em
20 de julho de 1944, e a repressão que se seguiu,
vitimando vários de seus amigos. Ela própria acabou tendo que fugir de Berlim,
indo para Viena, onde testemunhou o fim da guerra. Seu relato é considerado até
hoje o mais completo dentre os contemporâneos daquela tentativa de por fim a
guerra e a ditadura nazista, que ficou conhecida como Operação Valquiria.Uma maneira original de lembrar estes eventos da historia é a leitura do livro Diários de Berlim, 1940 - 1945, da princesa russa Marie Vassiltchikov, que passou a guerra em Berlim, onde estava exilada. Além de evocar a atmosfera progressivamente deteriorada da cidade, sob os bombardeios aéreos, ela, que era visceralmente anti-nazista, testemunhou de perto a preparação da fracassada tentativa de matar Hitler em
A Boitempo Editorial acaba de publicar o livro com tradução e notas minhas, além de uma apresentação que reproduzimos a seguir.
A quarta capa é de autoria do professor Antonio Candido, que considera o livro uma obra “de qualidade extraordinária, como documento e como revelação de personalidade”. “A escrita, de excelentes predicados pela objetiva naturalidade, realça o fascínio despertado por esse relato que enriquece nosso conhecimento sobre uma das fases mais trágicas da historia contemporânea.
APRESENTAÇÃO:
Voltei para Johannisberg por Bad Schwalbach, através dos belos bosques do Taunus. Lá o silêncio é total, e uma sensação de quietude e paz nos invade...
Com estas palavras a autora deste diário, Marie Vassiltchikov (-Harnden) o encerra. A Segunda Guerra Mundial, começada seis anos antes, terminara na Europa há exatos quatro meses e nove dias; no Pacífico, há 39 dias.
O Taunus é um conjunto de colinas e montanhas entre o rio Reno e a cidade de Frankfurt. Brancas no inverno, são verdejantes no verão – momento em que o diário termina. Espaço de estações de águas muito procuradas pela aristocracia do continente pelo menos desde o século XVIII, é um cenário extremamente simbólico como referência final da autora. Durante a guerra ela vira o mundo aristocrata em que nascera e crescera ruir – tendo sido uma testemunha ‘privilegiada’ de um dos capítulos mais dramáticos deste final digno de uma ópera de Wagner: a trágica conspiração para matar Hitler que levou à fracassada tentativa de 20 de julho de 1944 e a repressão que se seguiu, dizimando parte significativa da alta oficialidade das Forças Armadas alemãs e dos diplomatas do país. Seu diário é considerado até hoje como o único depoimento extenso contemporâneo destes acontecimentos, com notas tomadas no calor da hora.
Mas não era somente a aristocracia que vira seu mundo destruído. A Europa inteira – junto com ela Berlim e Viena, cidades onde a autora passara a maior parte do conflito – era um amontoado de escombros, tanto do ponto de vista material quanto do espiritual. Uma espécie de ‘sentimento de ruína’ marcava tanto os vitoriosos quanto os derrotados, mas este era mais acentuado entre os que atravessaram a guerra na Alemanha ou que a ela se aliaram, tomados primeiro pela fúria nazista avassaladora e depois por sua hecatombe não menos catastrófica. Entre as ruínas armava-se novo conflito – a Guerra Fria, de cujos pródromos a autora também dá testemunho, através do vaivém dos norte-americanos e dos russos – além dos guerrilheiros de países como a Hungria e a ‘nova’ Tchecoslováquia (hoje desaparecida) – nos territórios ocupados, onde antes desfilava a sobranceria arrogante dos SS e outros nazistas.
A autora registra, inclusive, o verdadeiro pânico que se apossa dos aristocratas e outros que, de uma maneira ou de outra, tinham se acomodado dentro da ocupação nazista, diante do ameaçador avanço do Exército Vermelho soviético e dos guerrilheiros dos movimentos de resistência, sobretudo na Hungria, Tchecoslováquia e Áustria. Para ela mesma, refugiada russa tornada apátrida depois que sua família fugira da Revolução de 1917, e já na Segunda Guerra, da Lituânia ocupada pelos soviéticos devido ao Pacto Molotov-Ribbentrop, o avanço soviético representava um perigo substancial. Entretanto, ela demonstra o tempo inteiro um sangue frio notável, o mesmo que demonstrou durante a perseguição aos implicados no atentado de 20 de julho, em que se envolveram muitos de seus amigos e conhecidos.
O irmão mais novo da autora, George (‘Georgie’) Vassiltchikov, tomou a si o encargo de fazer a preparação final do diário para publicação, depois que ela morrera, em 1978, de leucemia. Em seu prefácio ele esclarece o modo com que foi redigido e revisto o diário, bem como as circunstâncias difíceis de sua, digamos, ‘sobrevivência’. Dividido, com suas partes guardadas em diferentes locais, escrito em parte num código taquigráfico pessoal, só pode ser reunido pela autora depois do final da guerra. E ela levou 31 anos para decidir-se pela publicação, completando a versão definitiva (iniciada em 1976) algumas semanas antes de sua morte. Na formatação final do livro, George Vassiltchikov complementou o diário com comentários próprios (registrados sempre em itálico), e contribuições da correspondência da autora ou de outras pessoas ligadas aos acontecimentos, além de elaborar um epílogo dando conta do destino de muitas das personalidades citadas por ela. Mais tarde redigiu também um posfácio, comentando o destino do diário depois de publicado. Partes do diário se perderam e até hoje não foram encontradas. Por razões desconhecidas a própria autora (quem afirma isto é o irmão) destruiu algumas de suas páginas.
O diário em si é uma obra-prima de minúcia e estilo. Nas condições difíceis em que se via a autora, comprimida entre a sua repulsa ao nazismo e ao próprio Hitler, sua condição de exilada apátrida e a censura reinante, ela acabou criando um compromisso entre a anotação detalhada dos acontecimentos, das reações dos personagens (e de si mesma), e uma necessária concisão de escrita, que redundaram num estilo notável pelo uso preciso e contido das palavras, sem jamais cair no rebuscamento ou na obscuridade. Na tradução, feita a partir do original em inglês, procurou-se manter a fidelidade a este estilo, respeitando-se também o momento histórico da escrita, isto é, sem recorrer a expressões que entraram em nosso léxico corrente num período posterior.
A leitura levará leitoras e leitores ao encontro de algo que pode-se chamar de uma ‘composição sinfônica’, com algumas linhas temáticas organizando-se como os movimentos de uma grande peça musical. Entretanto, a organização do diário faz com que estes movimentos se desdobrem simultaneamente perante o olhar de quem lê, entrelaçando-se e interpenetrando-se sem cessar na criação de uma atmosfera narrativa extremamente complexa, viva e mutante, apesar da constância de certos traços do estilo e da autora, como o já mencionado sangue-frio diante da dramaticidade dos acontecimentos, aliado a uma percepção extremamente perspicaz do seu contexto e dos personagens que a rodeiam, que não raro envereda por uma ironia fina e por vez ou outra até algo mordaz.
Aqueles ‘movimentos sinfônicos’, em número de 5, seguidos de uma coda, poderiam ser descritos da seguinte forma:
1.
Há um allegro vivace que jamais desaparece, embora seja mais vibrante no começo
e depois, diante das vicissitudes da guerra, da repressão nazista e da
hecatombe final ele vá se esmaecendo até desbotar quase por completo. Seu tema
é o da jovem (quando o diário começa a autora está para completar 23 anos) que,
apesar das circunstâncias adversas, quer aproveitar a vida, desabrochar,
divertir-se, ir a festas, piqueniques, encontrar companhias agradáveis, enfim,
desfrutar de tudo o que a ‘maturidade juvenil’ poderia lhe oferecer. Neste
movimento vemos uma sucessão de festas, jantares, recepções que se oferecem na
Berlim do começo e mesmo do meio da guerra, sobretudo nos círculos
aristocráticos e diplomáticos que ela frequenta. Tal ritmo contrasta – sem
jamais ser abafado – pela necessidade de encontrar trabalho, remuneração e
também alimentação adequada. Esta era particularrmente difícil num clima de
racionamento de gêneros de primeira necessidade, em que, paradoxalmente,
escasseiam, por exemplo, cerveja, carne e batatas, mas abundam caviar, ostras e
champanhe – iguarias vindas dos territórios ocupados a leste e a oeste.
2.
Ao lado deste movimento desenvolvem-se o minueto e o rondó do mundo aristocrático,
cujo ápice se dá com o casamento do Príncipe Konstantin da Baviera com a
Princesa Maria-Adelgunde de Hohenzollern, em 31 de agosto de 1942, no castelo
de Sigmaringen. A festa durou vários dias e foi descrita como o maior evento
social da aristocracia europeia durante a guerra – e o último. A autora não
abandona seu olhar sempre perspicaz sobre este mundo cujos alicerces estão
terminando de ruir. Toda a pompa (e circunstância) de tal acontecimento é
descrita de modo finamente irônico, ao mesmo tempo participativo e distanciado,
registrando o decoro de um mundo que se desvanece em meio aos bombardeios,
invasões e atrocidades da guerra que ruge ao redor.
3.
O terceiro movimento pode ser compreendido como uma verdadeira sátira musicale.
Compõe-no o mundo do trabalho da autora, que a atrai e repugna ao mesmo
tempo. Ele a atrai porque, sobretudo no Ministério de Relações Exteriores, ela
se vê num dos poucos ‘aquários’ dentro do universo nazista onde a informação
circula sem censura prévia (embora dali para fora tudo seja censurado) devido
às necessidades próprias da guerra. Também a atrai porque é nele que ela
descobre o verdadeiro ‘ninho’ da resistência aristocrática anti-nazista e
alguns dos personagens que ocuparão o primeiro plano na sua narrativa, de um
ponto de vista factual ou ético. Mas ao mesmo tempo é um mundo que lhe provoca
repugnância, pela mistura de obtusidade, subserviência, oportunismo e
arrogância que a prática e a prédica nazistas lhe impõem, sobretudo através dos
chefes envolvidos com a S.S., que progressivamente vão tomando conta da
atmosfera. Também torna-se satírica a observação dos próprios trabalhos que ela
se vê na circunstância de fazer, como a montagem de um arquivo fotográfico que
é destruído pelo fogo por duas vezes, cuja elaboração sempre recomeça, como um
verdadeiro trabalho de Sísifo. Por outro lado, chega a ser cômica a obstinação
de alguns de seus chefes, como a de um deles que já em meio ao desmoronamento
final do regime nazista ainda desencava um patético projeto de uma nova
revista de propaganda a ser lançada no futuro, quando não há mais futuro. Ou
então, já em Viena, a obsessão de outros nazistas com frases bombásticas de
dedicação e até vitória num momento em que o dilúvio das bombas dos Aliados e a
verdadeira torrente do Exército Vermelho desmancham suas ilusórias arcas
de salvação.
4.
O quarto movimento, um típico andante com tonalidades a um tempo épicas e
trágicas, é o andamento da guerra. Inscrevem-se neste movimento algumas das
páginas mais belas, contundentes e terríveis deste diário. A descrição dos
bombardeios, sobretudo sobre Berlim, mas também em Viena e outras cidades, toma
vulto perante o olhar que ler o diário, trazendo-lhe o impacto de
destruição e desolação que toda guerra carrega invariavelmente consigo.
Alternam-se os bombardeios com os incêndios subsequentes, enquanto a urbs e a
própria ideia de urbanidade vão sendo pulverizadas no plano concreto e também
no plano espiritual dos que passam a viver entre escombros – às vezes das
próprias casas em que antes habitavam com maior ou menor conforto, mas pelo
menos algum conforto. É um cenário ao mesmo tempo macabro e majestoso, medonho
e pungente, em que o estilo da autora, sem dúvida, extrai e dá o melhor de si.
5.
O quinto movimento pode ser descrito como o de um adagio trágico, embora por
vezes apresente momentos de altíssima e frenética tensão. Ele é introduzido
pelo meio do diário, e aos poucos vai ocupando o primeiro plano, a ponto de se
tornar o motivo central da composição. É tudo o que gira em torno da
conspiração que levou ao atentado de 20 de julho de 1944, seu fracasso, e a
brutal e vingativa repressão que se seguiu. Para a leitura atenta das
entrelinhas, ficará evidente que, apesar das negativas, a autora do diário nela
se envolveu mais do que quer admitir. O motivo deste ‘recuo’ fica obscuro; as
conjeturas cabem, de novo, às possíveis leituras que o diário permite. Através
da conspiração toma-se contato com aqueles que sejam talvez o núcleo central de
personagens do diário, além da sua autora: o operoso Gottfried von Bismarck,
militante obstinado no convencimento de outros; a irrequieta e temerária
Loremarie Schönburg, ou Princesa Eleanore-Marie Schönburg-Hartenstein; e aquele
que é, decididamente, o grande personagem trágico do livro, Adam von Trott zu
Solz, um intelectual e diplomata brilhante, patriota, que tenta por todos
os meios fazer uma conexão com os Aliados do Ocidente e no último momento até
com os russos. Gottfried, neto do Chanceler de Ferro, será o homem que
armazenará as quatro bombas destinadas ao atentado de 20 de julho; duas delas
serão levadas pelo Coronel Claus von Stauffenberg que, devido a perda de uma
mão em ferimento anterior, poderá preparar e usar apenas uma delas, um dos
motivos que ajudarão Hitler a escapar ileso da explosão que vitimou quatro
outras pessoas em seu bunker na Polônia. Loremarie, como grande parte da
aristocracia germânica, tem manifesta aversão por Hitler. Mas ao contrário da
maioria, não esconde sua aversão, tornando-se um perigo para os demais
conspiradores. Aliás, fica evidente tal aversão de classe por parte dos
aristocratas a Hitler, menos por seus aspectos autoritários e mais por aquilo
que eles – massa dominante no alto oficialato do Exército germânico –
consideravam o ‘populismo’, a ‘vulgaridade’ e o caráter de parvenus
(‘recém-chegados’) de Hitler e seus asseclas (membros do governo, os S.
S. e também os S. A.) no cenário do governo alemão. Já Adam von Trott
guarda seu ideal de uma Alemanha altiva mas livre do pesadelo nazista – coisa
que se prova incompatível com o momento então presente e o arrasta
implacavelmente à destruição, cujo capítulo final será executado com crueldade
pelos carrascos da prisão de Plötzensee. Todo o tempo fica evidente o laço de
fervorosa admiração e acentuada afetividade – sem dúvida mútuas – que une este
personagem e a autora do diário.
6.
Por fim, para além dos cinco grandes movimentos da sinfonia, a coda
registra uma espécie de andantino, a aventurosa busca do caminho até a casa de
seus parentes, depois do fim da guerra. A viagem, algo pitoresca e cheia de
peripécias, embora entre ruínas, tem algo de apaziguador e até de comicidade,
envolvendo intempestivas propostas de casamento, além do oferecimento de uma
prosaica água num capacete americano para que a autora lave seu rosto
enegrecido pela fuligem de um trem. Este apaziguamento se revela em sua
plenitude naquela frase final, evocando as montanhas e florestas do Taunus.
Para
concluir, seguem descritas algumas considerações sobre a metodologia da
tradução. Almejou-se a fidelidade ao estilo, mais do que à literalidade das
expressões usadas pela autora. Ela vem acompanhada por inúmeras notas de
rodapé, esclarecendo, para além dos valiosos comentários e inserções do irmão
da autora, quem são os personagens citados e as circunstâncias de lugar e
momento histórico referidas ao longo do diário. O motivo de tal profusão de
notas é a distância temporal que separa os eventos narrados do público
brasileiro atual; também situar a identidade e o papel de vários daqueles
personagens. A sua presença ajuda a delinear o universo das relações pessoais e
o contexto da vida da autora na Alemanha e depois na Áustria, durante a guerra
e o seu desenlace.
Nem sempre foi possível esclarecer a identidade dos citados. Um dos motivos, por exemplo, é a excessiva coincidência de nomes e títulos dentro das famílias aristocratas da Europa, que dificulta a identificação precisa da pessoa citada. Por vezes a autora se refere apenas às iniciais do nome ou dá apenas o primeiro nome de alguém. Evitou-se fazer notas sobre personagens obviamente notórios, como Hitler, Roosevelt, Stalin, Churchill ou outros de igual renome, a menos que fosse para esclarecer algum detalhe significativo sobre sua presença no diário. As notas da tradução estão sempre em tipo normal. Já as do irmão da autora vêm sempre em itálico.
A maior parte das informações das notas de rodapé foi obtida na internet. Sua verificação é fácil, bastando pesquisar nomes e referências no universo virtual. Assim mesmo, sempre que possível procurou-se a confirmação das informações através do cruzamento de diferentes fontes. Quando a fonte for outra, como um livro ou artigo de revista ou jornal, a referência acompanha a nota.
De propósito, escreveu-se sempre com maiúscula o título de nobreza dos personagens ou o escalão militar a que pertencem. O motivo desta opção é a norma alemã de que tais títulos, como ‘Príncipe’ ou ‘Duque’, postos militares, como ‘Capitão’ ou ‘Coronel’, passam obrigatoriamente a integrar o nome próprio da pessoa, constando até em seus documentos de identidade. O mesmo acontece com os títulos universitários, como ‘Doutor’ ou ‘Professor Doutor’, etc. Optou-se por não nacionalizar para o português os nomes próprios. Assim escreveram-se os nomes sempre com a grafia original: Gottfried, Konstantin, etc.
O diário de Marie Vassiltchikov foi publicado na Inglaterra e nos Estados Unidos, na língua inglesa em que foi originalmente escrito. Há traduções para o alemão, para o russo, o francês,o espanhol e o italiano, pelo menos, e agora para o português do Brasil. Na capa da edição norte-americana em que baseou-se a presente tradução, consta uma observação do conhecido romancista John Le Carré, especializado em narrativas sobre a Guerra Fria:
‘Simplesmente um dos mais extraordinários diários de guerra jamais escritos. Inocente e ao mesmo tempo sofisticado, ele retrata a morte da Velha Europa através do olhar de uma linda jovem aristocrata, cujo mundo está morrendo com os eventos que ela descreve”.
Nada mais justo como observação sobre o livro.
Nem sempre foi possível esclarecer a identidade dos citados. Um dos motivos, por exemplo, é a excessiva coincidência de nomes e títulos dentro das famílias aristocratas da Europa, que dificulta a identificação precisa da pessoa citada. Por vezes a autora se refere apenas às iniciais do nome ou dá apenas o primeiro nome de alguém. Evitou-se fazer notas sobre personagens obviamente notórios, como Hitler, Roosevelt, Stalin, Churchill ou outros de igual renome, a menos que fosse para esclarecer algum detalhe significativo sobre sua presença no diário. As notas da tradução estão sempre em tipo normal. Já as do irmão da autora vêm sempre em itálico.
A maior parte das informações das notas de rodapé foi obtida na internet. Sua verificação é fácil, bastando pesquisar nomes e referências no universo virtual. Assim mesmo, sempre que possível procurou-se a confirmação das informações através do cruzamento de diferentes fontes. Quando a fonte for outra, como um livro ou artigo de revista ou jornal, a referência acompanha a nota.
De propósito, escreveu-se sempre com maiúscula o título de nobreza dos personagens ou o escalão militar a que pertencem. O motivo desta opção é a norma alemã de que tais títulos, como ‘Príncipe’ ou ‘Duque’, postos militares, como ‘Capitão’ ou ‘Coronel’, passam obrigatoriamente a integrar o nome próprio da pessoa, constando até em seus documentos de identidade. O mesmo acontece com os títulos universitários, como ‘Doutor’ ou ‘Professor Doutor’, etc. Optou-se por não nacionalizar para o português os nomes próprios. Assim escreveram-se os nomes sempre com a grafia original: Gottfried, Konstantin, etc.
O diário de Marie Vassiltchikov foi publicado na Inglaterra e nos Estados Unidos, na língua inglesa em que foi originalmente escrito. Há traduções para o alemão, para o russo, o francês,o espanhol e o italiano, pelo menos, e agora para o português do Brasil. Na capa da edição norte-americana em que baseou-se a presente tradução, consta uma observação do conhecido romancista John Le Carré, especializado em narrativas sobre a Guerra Fria:
‘Simplesmente um dos mais extraordinários diários de guerra jamais escritos. Inocente e ao mesmo tempo sofisticado, ele retrata a morte da Velha Europa através do olhar de uma linda jovem aristocrata, cujo mundo está morrendo com os eventos que ela descreve”.
Nada mais justo como observação sobre o livro.
Créditos
da foto: reprodução
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